sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Previdência Privada Aberta: Grandes bancos se veem desafiados e ameaçados na portabilidade

 


Maturação de soluções desenvolvidas nos últimos anos facilita portabilidade à pequenos conglomerados

No top 5 da previdência privada complementar, as seguradoras ligadas aos grandes conglomerados financeiros figuram nas primeiras posições e replicam em certa medida a concentração que se observa no mercado de gestão de recursos.

Segundo dados da Susep, até setembro, o ranking trazia a Brasilprev na liderança, com R$ 404,4 bilhões, seguida pela Bradesco Vida e Previdência (R$ 297,5 bilhões), Itaú (R$ 280,7 bilhões), Caixa (R$ 166,0 bilhões) e Santander (R$ 95,7 bilhões). Mas abaixo dessa linha aparecem as desafiantes, com as novatas XP em sexto lugar, com R$ 63,9 bilhões, e BTG Pactual em oitavo, com R$ 28,3 bilhões.

São os competidores da velha guarda que acabam cedendo espaço para a concorrência via portabilidade. Pelas estatísticas da Susep, quase R$ 34 bilhões trocaram de mãos até setembro. Entre valores aceitos e cedidos, a Brasilprev perdeu R$ 4,02 bilhões, seguida por Bradesco, com R$ 2,19 bilhões e Caixa (R$ 2,04 bilhões). Na ponta contrária, o BTG teve um saldo positivo de R$ 4,3 bilhões, a XP de R$ 3,2 bilhões e o Itaú Unibanco de R$ 2,9 bilhões.

Neste ano, o Itaú captou quase R$ 15 bilhões e com o influxo previsto para dezembro pode encostar nos R$ 20 bilhões pelo apelo tributário do PGBL e injeção do 13º salário na economia, potencialmente irrigando os planos corporativos, diz Rogério Calabria, superintendente de investimentos da instituição.

No BTG, o ingresso de dinheiro novo e a liderança na portabilidade são explicados pelo amadurecimento das soluções de previdência, diz Marcelo Flora, sócio do banco responsável pelos canais digitais e executivo-chefe da seguradora do grupo.

Com os primeiros clientes captados em 2016, ele diz que a seguradora é relativamente nova, não tinha previdência corporativa e progressivamente foi melhorando a experiência do cliente e tornando a contratação via assessores mais fluida. “É um conjunto que vem se traduzindo em aumento da captação.”

A abordagem dentro do grupo é colocar a previdência na mesma caixa de investimentos para que o cliente entenda os benefícios da construção da poupança de longo prazo e tenha uma visão de risco completa.

A XP tem apostados no planejamento com a oferta de carteiras previdenciárias, na opção de multifundos, com a possibilidade de conectar vários perfis debaixo da mesma apólice. A experiência digital também foi aprimorada, permitindo, por exemplo, contribuições mensais pelo cartão de crédito, cita Roberto Teixeira, que lidera a vertical de seguros.

Na Bradesco, a produção deste ano já é superior àquela observada em 2023, segundo o diretor Estevão Scripilliti, com cerca de R$ 9 bilhões, em comparação aos R$ 7 bilhões do ano passado. Segundo o executivo, neste ano há uma certa acomodação no “rouba-monte” da portabilidade, comparando-se ao escape na casa dos R$ 45 bilhões nos últimos 24 meses.

“As grandes e mais tradicionais avançaram em serviços e em jornadas digitais com uma série de especialistas de investimentos. Ano após ano não há mais a discussão de produto, mas de serviço e relacionamento, é uma nova fase da competição, mas todo dia a gente briga por recursos, é um jogo permanente.”

Fonte: Valor (27/11/2024)

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