Na hora do 'vamos ver' investidor pode ficar em dúvida entre o que já conhece e o título público criado pelo Tesouro Direto
Ter uma aposentadoria tranquila é a meta muitos investidores. Pensando nisso, o Tesouro Direto lançou há mais de um ano o Tesouro RendA+, título público voltado para complementar a previdência. Desde que foi anunciado, no entanto, o título tem sido comparado à previdência privada.
Mas qual a melhor opção?
O Tesouro RendA+ é um título público emitido pelo Tesouro Nacional e negociado por meio do Tesouro Direto. Portanto, ele está vinculado ao Governo Federal, o que pode gerar mais segurança para os investidores.
Um dos destaques do Tesouro RendA+ é o seu foco no longo prazo, pensado para acumular capital para geração de renda mensal no futuro. Com isso, ele é especialmente voltado para objetivos relacionados à aposentadoria.
O papel tem o funcionamento dividido em duas etapas: a primeira é a fase de acumulação. O foco é que o investidor faça aplicações regulares e, depois, no período de conversão, comece a receber o dinheiro por meio de parcelas mensais.
A poupança formada será paga ao longo de 20 anos, em 240 parcelas mensais, proporcionando um complemento de renda para quem investiu. Assim, o Tesouro RendA+ pode servir como um dinheiro 'extra' de renda para o investidor não depender somente da Previdência Pública, por exemplo.
O papel tem liquidez diária e apenas os rendimentos do título são tributados, em função do prazo de resgate ou recebimento, da mesma forma que outros investimentos de renda fixa. Uma alíquota de 22,5% será cobrada para resgate de até 180 dias; de 20% para prazos de 181 a 360 dias; de 17,5% para prazos de 361 a 720 dias; e após 720 dias será cobrado 15% de alíquota.
Uma das principais desvantagens do papel é a incidência do IR e, em certos cenários, da taxa de custódia. Ambas impactam a sua rentabilidade líquida, sendo necessário se planejar para essas cobranças.
Por fim, caso uma fatalidade aconteça com o investidor antes do encerramento das 240 parcelas, o montante remanescente segue para o inventário. Por causa disso, o título pode não ser tão interessante em planos focados em sucessão patrimonial.
E a Previdência Privada?
Assim como no Tesouro RendA+, o funcionamento da Previdência Privada é composto por duas etapas, as fases de aportes e recolhimento.
Ou seja, os investidores farão diversos aportes ao longo dos anos para acumular patrimônio. Os recursos são investidos e as movimentações seguirão a estratégia previamente definida.
Em geral, quanto maior for o risco envolvido, maior tende a ser o potencial de retorno da sua aplicação, embora não haja garantias.
Já a fase de resgate na Previdência Privada, também chamada de usufruto, ocorre quando você recebe o montante acumulado e os rendimentos obtidos. Nesse momento, você tem a opção de resgatar toda a quantia de uma só vez ou em pagamentos parcelados.
No segundo caso, você pode optar por receber uma renda vitalícia ou por um período específico. Essa escolha depende do tipo de contrato que você possui e do patrimônio acumulado ao longo dos anos.
No caso da escolha pela pela Previdência Privada, a decisão passa por investir em um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).
O PGBL costuma ser adotado por pessoas que optam pelo modelo completo na declaração de Imposto de Renda e que cumprem outros requisitos. Nesse caso, é possível deduzir as contribuições realizadas ao longo do ano, limitadas a 12% da renda bruta tributável.
Essa característica permite adiar o pagamento de impostos, proporcionando benefícios fiscais. No entanto, a possibilidade só é válida para contribuintes do INSS e, no momento do resgate, a alíquota de tributação será aplicada sobre todo o valor acumulado — não apenas sobre os lucros.
Já no caso do VGBL, não há como realizar a dedução no IR. A característica pode fazer com que ele seja mais atrativo para aqueles que declaram pelo modelo simplificado ou já atingem o limite de dedução. Por outro lado, ao final do período de investimento, a incidência do IR ocorrerá somente sobre os rendimentos.
Quanto à tributação, os fundos de Previdência não contam com a cobrança do come-cotas, aquela antecipação semestral do IR. Porém, eles não estão isentos de tributos.
Nesse sentido, o investidor tem a opção de escolher entre duas tabelas de tributação do Imposto de Renda: a progressiva e a regressiva. A tabela progressiva segue as mesmas faixas aplicadas aos salários e outros rendimentos tributáveis. Logo, quanto maior for o montante resgatado e a renda do investidor, maior será a alíquota aplicada.
Já a tabela regressiva, como o nome adianta, possui alíquotas que diminuem ao longo do tempo conforme o período em que os recursos permanecem investidos.
Tesouro RendA+ ou Previdência Privada: qual escolher?
Como ocorre com diversas outras decisões de investimento, não existe uma resposta definitiva e que se aplique a todos os casos. Afinal, cada investidor tem suas próprias características e objetivos.
O Tesouro RendA+ se destaca pelo baixo risco, pela proteção do Governo Federal e pela geração de renda passiva por duas décadas. Nesse sentido, ele pode ser adequado para investidores que buscam ter mais segurança.
Já em relação à Previdência Privada, o diferencial é a maior flexibilidade. O investidor tem a liberdade de escolher um fundo com estratégia mais alinhada com seus objetivos, definir uma tabela de tributação mais adequada para sua realidade financeira e selecionar como receber os rendimentos.
O investidor precisa pensar quais são as suas prioridades, como o investimento se enquadraria no seu planejamento financeiro e quais riscos está disposto a assumir no mercado.
Fonte: Valor Investe (19/11/2024)
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