quinta-feira, 28 de maio de 2020

Fundos de Pensão: Fundações acumulam perdas no ano. Sistel é exceção, a menos de seu plano CD (InovaPrev)

   

Os fundos de pensão foram amplamente afetados pela crise nos mercados e boa parte não atingiu a rentabilidade mínima esperada dos investimentos para cumprir seus compromissos — conhecida como meta atuarial — nos quatro primeiros anos de 2020. 
O impacto veio majoritariamente da renda variável, mesmo respondendo por menos de 10% das alocações. O resultado positivo de abril, porém, atenuou um pouco as perdas. 

Um estudo com os resultados de clientes da consultoria Aditus apontou que 87% das fundações não tinham atingido as metas até março, pressionadas pelo recuo de 36,45% dos investimentos em bolsa. A mediana das rentabilidades no período apontava para perdas de 3,53%, ante um objetivo de 1,66% (INPC — que ficou negativo no período — mais 4,6%)   

Com a valorização do Ibovespa de mais de 10% em abril, o resultado negativo consolidado caiu para 2,24%. Mas, ainda assim, 85% das fundações não atingiram o objetivo de 1,8%. A amostra considera 119 fundos de pensão, que somam mais de R$ 200 bilhões de patrimônio. 

“As fundações têm objetivos de longo prazo. Um eventual déficit será conjuntural e não estrutural. Logo, não podem tomar decisões apressadas, sob argumento de que as metas atuariais não serão alcançadas”, afirma o sócio do escritório GVBG Advogados, Juliano Barra. 

A situação de perdas no período não foi diferente para as duas maiores fundações do país, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, com mais de R$ 183 bilhões de patrimônio, e a Petros (Petrobras), com R$ 98 bilhões. 

Na Petros, até o terceiro trimestre, as perdas, considerando o resultado consolidado, foram de 14,2%. Com a recuperação dos ativos em abril, o resultado negativo caiu para 10%. Apesar disso, em 18 meses o resultado ainda é positivo e equivale ao dobro dos ganhos do CDI, compara o diretor de investimentos, Alexandre Mathias.  

As medidas tomadas antes e durante a crise foram fundamentais para proteger o portfólio, segundo o diretor da Petros. Em 2019, por exemplo, a fundação zerou as posições em fundos de crédito, que sofreram muito recentemente, e diversificou mais a carteira. A exposição em ações da Vale e BRF, que chegou a 10% do patrimônio total da Petros, com as mudanças caiu para algo entre 6% e 7%. 

Antes da crise, o fundo de pensão vendeu parcela de renda variável e alocou em renda fixa. E, em abril, recompôs a alocação em bolsa. “Foi uma recomposição de risco importante e por causa disso tivemos um bom desempenho em abril e está sendo bom em maio”, disse Mathias. 

Na Previ, o resultado do plano de benefício definido ficou negativo em R$ 24 bilhões no primeiro trimestre, também pressionado pelas perdas com renda variável. Com patrimônio de mais de R$ 165 bilhões, o plano concentra a maior parte dos investimentos. Mas, em abril, já recuperou R$ 2 bilhões. Com mais da metade da carteira alocada em bolsa, a fundação não fez movimentos no setor, mas aproveitou o momento de “abertura de taxas” da renda fixa para comprar títulos públicos. 

Essa estratégia foi comum à grande parte das fundações. Ainda há oportunidades para as fundações encontrarem títulos públicos federais com rentabilidade atrativa, de cerca de 4,4%, segundo o sócio da consultoria Aditus, Guilherme Benites. “Bem ou mal, esse retorno é adequado para entidades, mesmo que tenham metas inferiores a isso. Assim elas podem correr um pouco menos de risco”, disse. 

Em geral, na renda variável, a movimentação ainda foi tímida pelos fundos de pensão, porque há muitas incertezas para que possam fazer grandes posições. Os ajustes foram mais táticos do que estratégicos, com a recomposição de carteiras desenquadradas passivamente, por exemplo. 

Mas a ideia de aumentar o risco do portfólio permanece, segundo Benites. “A renda fixa está pagando a conta mas não vai pagar por muito tempo. Não vejo possibilidade de as entidades desistiram de migrar para mais risco”, disse o sócio da Aditus. E as fundações que já tinham uma carteira mais diversificada e sofisticada sofreram menos, lembra. 

Uma das estratégias estudadas pelas fundações antes da crise eram os investimentos no exterior, que momentaneamente perderam alguma atratividade por causa da valorização do dólar. Segundo a gestora de recursos Schroders, que administra mais de US$ 500 bilhões em todo o mundo, o interesse permanece. Pouco mais de 20 fundações brasileiras estão preparadas para alocar mais de R$ 1 bilhão em ativos fora, diz o diretor de vendas da Schroders Brasil, Fernando Cortez. “Esse é um passo muito importante e esses clientes já entenderam que a diversificação tem que ser tratada como natural”, afirmou. 

Na Infraprev, fundo de pensão dos funcionários da Infraero, conta a diretora-superintendente Juliana Koehler, o momento é de revisar as métricas de risco das políticas de investimentos para voltar a buscar oportunidades em renda variável e ativos no exterior.

Fonte: Valor (27/05/2020)

Nota da Redação: Para verificar os resultados no primeiro trimestre dos planos da Fundação Sistel, acesse esse link

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