quarta-feira, 13 de maio de 2020

TIC: Qualidade da internet atrai mais queixas



Tráfego de dados apresenta tendência de estabilização, mas reclamações aumentaram em abril 


Após um pico no fim de março, o tráfego de dados no país rumava no início de maio para uma estabilização, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Apesar das medidas tomadas para evitar a sobrecarga de rede, como a redução na qualidade de vídeos por plataformas de streaming, o total de reclamações sobre a qualidade dos serviços de banda larga fixa registradas na agência reguladora aumentou 4,8% na comparação entre abril e março.  

A tendência à estabilidade observada pela Anatel na semana passada pode, no entanto, não se concretizar. “De uma, duas semana para cá passamos a registrar um aumento vegetativo do tráfego, totalmente distribuído pela rede”, informa o gerente de Infraestrutura do IX.br, Julio Sirota. O IX.br é a divisão de Infraestrutura do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). 

Em São Paulo, os picos de tráfego medidos pelo IX.br antes da pandemia giravam em torno do patamar de 8 terabits por segundo (Tbps). Um terabit equivale a um milhão de megabits.  Em março, no início da quarentena, o tráfego no horário de pico chegou a 8,4 Tbps. Caiu até 10% após as medidas adotadas por Netflix, YouTube e outras plataformas digitais. E, agora, volta a aumentar, ainda que gradualmente. “Chegamos nesta semana [semana passada] a registrar picos de 8,15 Tbps, 8,17 Tbps”, diz Sirota, referindo-se a São Paulo.   

O tráfego mensurado pelo IX.br se baseia nos dados que circulam por 33 pontos de troca de tráfego (PTTs) espalhados pelo Brasil. PTT é o jargão usado para se referir aos pontos de interconexão entre as diversas redes que formam a internet. Na prática, estima-se que 15% do tráfego de dados no país circule pela infraestrutura do IX.br, embora não haja um percentual oficial disponível.  

Sirota conta que nas últimas semanas houve incremento no número de pedidos de empresas que desejam se conectar à infraestrutura do IX.br. Paralelamente, companhias já conectadas estão solicitando aumento de capacidade.  

De acordo com a Anatel, houve um aumento entre 40% e 50% na demanda de tráfego nacional na segunda quinzena de março em relação à primeira metade do mês. Segundo a agência, “todas as empresas do ecossistema digital”, o que inclui operadoras e plataformas de serviço na internet, registraram picos históricos de demanda no período. Ainda segundo a agência, o fluxo de dados nas rotas internacionais foi ainda “mais expressivo” no fim do primeiro trimestre.  

O órgão regulador avalia em nota que o uso dos serviços digitais ainda continua em alta. Dados apurados na semana passada indicam uma “curva em estabilização”, com a média de tráfego ficando “levemente abaixo” do que foi alcançado no período de maior demanda. Apesar da expansão do tráfego durante a pandemia, a Anatel identificou quedas “pontuais” dos serviços oferecidos pelas operadoras.  

Ainda assim, o número de reclamações registradas em abril na Anatel especificamente a respeito de serviços de banda larga fixa somou 74.213. Foram 67.237 em março. O aumento foi de 10,4%, apesar de março ter um dia a mais.  

Os números consolidados de queixas não englobam apenas críticas com relação à qualidade da banda larga. Agregam também reclamações relativas ao atendimento das operadoras, cancelamento de serviços e problemas de cobrança, entre várias outras opções.  

As queixas exclusivamente sobre “qualidade, funcionamento e reparo” responderam em abril por 36% de todas as reclamações sobre banda larga fixa encaminhadas à Anatel em abril.  

Considerando apenas essas queixas relacionadas a qualidade, funcionamento e reparos, o número de reclamações foi de 25.662 em abril. Na comparação com março, houve aumento de 4,8% desse tipo de reclamação.  

Os números da agência reguladora relativos aos últimos dois meses indicam que a segunda quinzena de março foi até agora o período mais crítico em termos de queixas relacionadas a serviços de banda larga fixa.  

Em março, a Anatel chegou a assinar um compromisso público com as prestadoras do setor para garantir a continuidade e a qualidade do serviço durante a pandemia. “As empresas se comprometeram a tomar medidas de preservação de suas redes de forma a manter os serviços funcionando com qualidade”, relatou o órgão em nota.  

Também por meio de nota, o SindiTelebrasil - sindicato que representa Algar, Claro, Oi, TIM e Vivo, entre outras operadoras - reconheceu que a “a migração abrupta do tráfego de dados dos escritórios para as casas das pessoas”, como consequência da quarentena, “pode ter provocado problemas pontuais, mas sem causar instabilidade às redes, que continuam operando normalmente.”  

O SindiTelebrasil argumenta no texto que é fundamental no momento permitir a instalação e manutenção de infraestrutura e antenas para que as pessoas tenham acesso à internet.  

E conclui a nota dizendo que as operadoras participam de reuniões do Grupo de Gestão de Riscos e Acompanhamento do Desempenho das Redes de Telecomunicações (GGRR), da Anatel, “para monitoramento permanente das redes e adoção de eventuais medidas que se façam necessárias.”

Fonte: Valor (11/05/2020)

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