quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Idosos: Fechada a inflação do idoso em 2020, ela ficou a mais alta em 4 anos (5,69%) e deve continuar a subir, diz FGV



IPC-3i acumula alta de 5,69% em 12 meses, acima do IPC-BR, de 5,17% no mesmo período 

A inflação do idoso apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) da Fundação Getulio Vargas (FGV) encerrou 2020 com a mais forte elevação em quatro anos informou o economista da fundação André Braz. O indicador avançou 5,69% no ano passado, ante 4,18% em 2019. Além de ter sido superior à taxa média inflacionária para todas as faixas etárias, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor — Brasil (IPC-BR), de 5,17%, também foi o maior resultado anual para o índice desde 2016 (6,17%). Alimentos e energia elétrica mais caros em meio à pandemia levaram ao resultado, afirmou o técnico. Para ele, a expectativa é de continuidade de alta na inflação do idoso em 2021, tendo em vista a previsão de reajuste de plano de saúde esse ano.  

Ao detalhar como foi o andamento da inflação percebida pelo idoso no ano passado, o técnico informou que, em 2020, os alimentos ficaram 14,06% mais caros no ano passado, no IPC-3i. "Os gêneros alimentícios têm mais peso no orçamento dos idosos e comprometem em torno de 15,3% [do total do IPC-3i] e para população em geral compromete 13,8% [no IPC-BR]", afirmou ele. Em 2019, a inflação dos alimentos no IPC-3i subiu muito menos, com alta de 4,86% acrescentou ele.   

Outro aspecto que acabou pressionando o IPC-3i no ano foi a evolução trimestral do indicador, acrescentou o técnico. Do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, a taxa do indicador da inflação do idoso acelerou de 1,93% para 2,81%, a maior desde quarto trimestre de 2015 (2,87%). Nessa comparação, houve aumentos mais intensos de preços em Alimentação (de 2,74% para 5,91%) e em Habitação (de 1,72% para 3,40%).  

Isso porque, além de continuidade de alimentos mais caros, cuja demanda no varejo aumentou durante a pandemia a partir de meados de março de 2020, a energia elétrica ficou mais cara no último trimestre do ano passado, lembrou ele.   

A bandeira tarifária de energia elétrica passou para vermelha, no quarto trimestre de 2020 - e deixou a tarifa de eletricidade residencial 11,68% mais cara no período. Somente esse item teve influência de 0,61 ponto percentual no IPC-3i do quarto trimestre, informou ele. Com isso, a tarifa de eletricidade residencial encerrou 2020 com aumento anual de 12,18% - sendo que, em 2019, essa alta foi quase a metade, de 6,24%.  

Para 2021, a inflação da energia elétrica deve conferir alívio ao orçamento do idoso, afirmou o técnico, visto que já foi autorizada bandeira amarela, menos cara, para tarifa de energia residencial esse ano. No entanto, outro aspecto pode pressionar para cima a trajetória do IPC-3i em 2021: o reajuste em preço de plano de saúde, que não foi efetuado no ano passado, e agora deve ser ajustado - juntamente com o aumento programado referente a esse ano. "Teremos aumento duplo de plano de saúde esse ano", resumiu ele. Segundo o especialista, somente plano de saúde sozinho representa em torno de 8% do total do IPC-3i - sendo que, no IPC-BR, essa fatia gira em torno de 4%. "Com essa previsão de alta no preço do plano de saúde, a inflação do idoso tem tudo para continuar em alta em 2021", afirmou ele.

Fonte: Valor (12/01/2021)

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