A resposta para muitos é sim, o dinheiro vai acabar antes
Jorge Eduardo Guinle, mais conhecido como Jorginho Guinle, herdou uma fortuna que incluía o Porto de Santos, o hotel Copacabana Palace, a Granja Comary, o Banco Boa Vista, petrolíferas, palacetes, usinas etc. O valor era incalculável, mas ele gastou tudo. Morreu pobre aos 88 anos, em 2004, morando de favor no hotel que um dia foi seu. Pouco antes, declarou numa entrevista que o dinheiro havia acabado porque tinha planejado viver só até os 75 anos. Eu sempre me lembro dessa história quando penso em quanto preciso poupar para ter dinheiro até o fim da vida. Não se trata de medo de morrer pobre, mas de ter o suficiente para o plano de saúde, a casa de repouso, algum lazer.
O temor é real: em média, vivemos entre oito e 20 anos a mais que nosso dinheiro, mostra pesquisa da consultoria Mercer. Como podemos nos prevenir desse triste fim? Levei essa questão para Viviane Salviato e Adriano Francisco, especialistas em previdência privada com foco em longevidade da Brasilprev. Segundo eles, a maioria ainda pensa como Jorginho Guinle e não se prepara para viver 90, 100 anos. “Os anos a mais são reais, vão acontecer, mas as pessoas não estão se preparando”, diz Viviane. Isso tem a ver com nossa cultura de poupar pouco ou nada e, na opinião de Adriano, ainda sofremos um resquício dos hábitos a que nos acostumamos durante a hiperinflação: comprar o mais rapidamente possível antes de o dinheiro perder valor.
O fato é que nossos pais podiam contar com a Previdência Social, que promovia a segurança de que o futuro estava garantido. Como sabemos, isso é passado. Dados da Brasilprev mostram que 78% têm medo de depender financeiramente de outros na velhice. Ao mesmo tempo, não se preparam. O resultado é que muita gente está chegando aos 50 anos sem reservas financeiras ou com tudo empatado em patrimônio, que não gera liquidez imediata - como regra, pense que sua reserva líquida mínima - aquele dinheiro que pode ser sacado a qualquer hora - deve ser suficiente para pagar as contas por 6 meses a 1 ano.
É tarde para começar? Claro que não e quanto antes, melhor. E por onde começar? Não importa, o importante é guardar dinheiro sistematicamente. Há duas saídas para quem fica sem renda depois dos 50, 60, 70. A primeira, é continuar trabalhando - oito em cada dez esperam isso após a aposentadoria. O dado não é necessariamente ruim se essa for uma escolha que vai manter você ativo física e intelectualmente. O ruim é continuar trabalhando apenas para viver e pagar a Prevent Senior. A segunda alternativa é depender de familiares e amigos, o que fatalmente tira a independência e pode entristecer sobremaneira nossos últimos anos de vida.
Adriano, que tem 46 anos, acredita que a geração dele vai fazer a virada de chave para uma mentalidade de brasileiros que poupam para o futuro. Espero que sim. Para você que não tem tempo a perder, leia a coluna da próxima semana, com as recomendações dos especialistas da Brasilprev para que seu dinheiro viva pelo menos o mesmo tanto que você.
Fonte: Época Negócios (08/01/2021)
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