segunda-feira, 12 de abril de 2021

Inovação: Rede 5G pode transmitir energia elétrica e aposentar de vez as baterias no futuro



O mundo já conhece os benefícios da tecnologia 5G como a alta velocidade na transmissão de dados e baixa latência. Agora, os cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, descobriram que essas redes são capazes de transmitir energia elétrica sem fio, o que poderia eliminar a necessidade das baterias que hoje alimentam todo tipo de dispositivos, como celulares, notebooks e relógios inteligentes.

Os pesquisadores criaram um sistema flexível de antenas baseado no esquema de transmissão conhecido com lente de Rotman que é capaz de captar ondas milimétricas de 28 GHz. A lente de Rotman, normalmente usada em radares de sistemas de vigilância, consegue colher dados em várias direções sem que seja necessário mover a antena de lugar.

Para captar energia e levá-la até dispositivos a quilômetros de distância foi preciso aumentar o campo de cobertura das antenas. “Com as lentes de Rotman resolvemos o problema, criando um sistema que consegue atingir alvos em várias direções com ângulos muito maiores”, disse a pesquisadora Aline Eid.

Seria como se a energia estivesse ao nosso redor e pudesse abastecer tudo o que se alimenta da rede 5G como dispositivos móveis, sensores, equipamentos de telemedicina e uma lista interminável de aparelhos que não precisariam mais de tomadas nem, principalmente, de baterias.

Veja como a "energia 5G" poderia revolucionar o nosso dia a dia:


A descoberta

A FCC (Comissão Federal de Comunicações dos EUA), órgão parecido com a Anatel, liberou os testes de utilização das redes 5G para captação e transmissão de energia. A autorização ajudou os cientistas a provarem que, embora o 5G tenha sido pensado apenas para transmissão de dados em alta largura de banda, essa rede de frequência elevada poderia captar a energia em excesso que não estava sendo utilizada.

A solução encontrada pelos pesquisadores faz com que toda a energia eletromagnética captada pelo sistema de antenas interligadas seja potencializada. “As pessoas já tentaram coletar energia em altas frequências como 24 ou 35 GHz antes, mas essas antenas só funcionavam se estivessem diretamente alinhadas com a estação base 5G. O que fizemos foi aumentar seu ângulo de cobertura”, explicou a professora Eid.

Um mundo sem baterias

Em breve, a tecnologia 5G estará na maioria dos lugares, principalmente nas áreas urbanas onde milhares de antenas serão instaladas nos próximos anos.“Você vai poder substituir milhões ou dezenas de milhões de baterias de aparelhos sem fio, especialmente nas cidades inteligentes e em aplicações agrícolas conectadas ”, disse o professor Emmanouil Tentzeris.

A equipe prevê que a captação e a distribuição de energia por meio das antenas 5G serão um negócio lucrativo para a indústria de telecomunicações. Nos testes feitos em laboratório, o novo método de transmissão conseguiu coletar uma quantidade de energia 21 vezes maior do que sistemas convencionais.

Tecnologia acessível

Os pesquisadores mostraram que é possível fabricar coletores de ondas 5G em impressoras 3D. Os dispositivos têm o formato de um cartão de crédito e cabem na palma da mão.

“Fornecer opções de impressão 3D e jato de tinta tornará o sistema mais barato e acessível a uma ampla gama de usuários, plataformas, frequências e aplicativos”, completou o professor Tentzeris.

Além dos benefícios tecnológicos e da praticidade, a transmissão de energia usando o excesso produzido pelas redes 5G representa um avanço ambiental, já que a redução e até mesmo a eliminação das baterias seria uma possibilidade real.

“Com o advento das redes 5G, isso poderia realmente funcionar e nós o demonstramos. Isso é extremamente emocionante e poderíamos nos livrar das baterias”, disse um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Jimmy Hester.

Será que vai demorar muito para termos aparelhos sem bateria, que precisem apenas estar conectados a uma rede 5G para funcionar o dia todo? Para os cientistas a tecnologia já existe, basta agora que as empresas invistam nessa ideia. 

Fonte: Georgia Tech e CanalTech (09/04/2021)

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