segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Comportamento: Especialistas recomendam uso de máscaras mais eficazes contra a Ômicron e não as de tecido

 


Cientistas consultados pela CNN defendem uso de máscara PFF-2 ou cirúrgica de três camadas

As máscaras N95, também conhecidas pela sigla PFF-2, são consideradas o padrão-ouro para proteção

Com a variante altamente contagiosa Ômicron se espalhando pelo mundo, especialistas consultados pela CNN afirmam que é hora de repensar suas opções de máscara, especialmente se você ainda estiver usando uma de tecido.

“Máscaras de pano são pouco mais do que decorações faciais. Não há lugar para elas com a Ômicron“, afirma Leana Wen, analista médica da CNN e professora de política e administração de saúde no Institute School Milken, da George Washington University.

“Isso é o que cientistas e funcionários da saúde pública vêm dizendo há meses, muitos meses, na verdade”, acrescentou Wen em outra entrevista por telefone.

“Precisamos usar pelo menos uma máscara cirúrgica de três camadas”, disse a especialista sobre o tipo de máscara descartável e pode ser encontrada na maioria das farmácia e supermercados. “Você pode usar uma máscara de pano em cima disso, mas não use apenas uma máscara de pano.”

Idealmente, em lugares lotados, “você deve usar uma máscara KN95 ou N95 (no Brasil, identificada pela sigla PFF-2)”, acrescenta Wen. Por terem um melhor ajuste e contar com certos materiais — como fibras de polipropileno, que atuam como barreiras mecânicas e eletrostáticas —, essas máscaras evitam que partículas minúsculas entrem no nariz ou na boca e devem se conformar ao rosto para funcionar adequadamente.

Escassez de PFF-2 é passado

Durante os primeiros meses da pandemia, os especialistas em saúde desencorajaram o público em geral a comprar máscaras PFF-2, pois os profissionais médicos enfrentavam uma escassez de equipamentos de proteção individual. Mas já se passaram “muitos meses desde que o fornecimento do PFF-2 foi um problema”, disse Wen.

No entanto, a orientação mais recente dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, por exemplo, sobre a seleção, uso, limpeza e armazenamento adequados de máscaras faciais recomendava que as pessoas evitassem as máscaras PFF-2 e, em vez disso, escolhessem máscaras com duas ou mais camadas laváveis, tecido respirável, algo que Wen classifica como “um grande erro”.

“Se vamos dizer que as máscaras são obrigatórias – quando não viemos de uma cultura de uso de máscaras e as pessoas não gostam de usar máscaras – pelo menos recomende que sejam usadas as máscaras mais eficazes”, disse Wen.

Outros países, incluindo Alemanha e Áustria, “mudaram seu padrão para dizer que uma cobertura facial que deve ser usada em público deve ser pelo menos uma máscara cirúrgica de grau médico” em certos ambientes, acrescentou.

Outro fator que impulsiona a mudança nas recomendações de máscara é um melhor entendimento da Covid-19 e como ela se espalha, disse Erin Bromage, professora associada de biologia da Universidade de Massachusetts Dartmouth. “As pessoas demoram mais para entender a natureza das infecções transmitidas pelo ar, que não é necessariamente uma infecção híbrida, por exemplo, como a gripe, em que gotículas se espalham.”

“Parece que a principal causa da infecção (pelo coronavírus) é o ar compartilhado”, continua. Por isso, máscaras de pano, incentivadas no início da pandemia, podem filtrar gotas grandes, enquanto as mais eficazes, como as PFF-2, que conseguem filtrar tanto gotas grandes quanto aerossóis menores, ou partículas potencialmente carregadas de vírus no ar se houver pessoas infectadas, explica Bromage.

Uma peça facial de tecido apresenta 75% de “vazamento” para dentro e para fora, o que é definido pela Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais como a “porcentagem de partículas que entram na peça facial” e a “porcentagem de partículas exaladas por uma fonte, saindo da máscara”, respectivamente.

Máscaras do tipo N95 devidamente ajustadas, aprovadas pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos, podem filtrar até 95% das partículas transportadas pelo ar, de acordo com o CDC. Já máscaras cirúrgicas ou descartáveis ​​são cerca de 5% a 10% menos eficazes do que as N95, disse Bromage.

A razão pela qual a variante Ômicron teve tanto sucesso em infectar rapidamente muitas pessoas é “desconhecida neste momento”, mas apenas ressalta o papel que as máscaras de qualidade podem desempenhar, disse Bromage.

“Se menos vírus for necessário [para contagiar terceiros], ou se uma pessoa infectada estiver espalhando mais vírus, então o papel de uma máscara é reduzir a quantidade que você realmente está respirando”, acrescentou. “Se você precisava de 1.000 partículas de vírus para ser infectado e está usando algo que reduz 50% das coisas, agora vai demorar o dobro de tempo para chegar a 1.000. Se você usar uma máscara que é 90% eficiente, vai demorar pelo menos 10 vezes mais antes de ser infectado, quando estiver perto de alguém (que está infectado).”

“Precisamos promover máscaras melhores e de alta qualidade em todos os lugares, porque no momento uma máscara de tecido de camada única não é suficiente contra a Ômicron”, disse o ex-cirurgião geral dos Estados Unidos, Dr. Jerome Adams.

Troque suas máscaras de tecido

A diferença entre as máscara N95, KN95 e PFF-2 é onde a máscara foi certificada. Os Estados Unidos certificam os N95, enquanto a China aprova os KN95, e o Brasil as PFF-2. Aproximadamente 60% dos respiradores KN95 nos EUA são falsificados e não atendem aos requisitos do NIOSH, de acordo com o CDC. “Se forem feitas de acordo com o padrão e certificados pelos conselhos apropriados em seu país, todas elas fazem basicamente a mesma coisa”, disse Bromage. A recomendação de especialistas para usar máscaras melhores não é uma sugestão de jogar fora as máscaras de pano ou “não ter máscaras” quando você não tem uma máscara de grau médico disponível.

Estudos com diferentes máscaras faciais revelam que as de tecido multicamadas, com maior contagem de fios, “mostraram desempenho superior em comparação com camadas individuais de tecido com menor contagem de fios”, mas ainda são menos eficazes do que as máscaras sem contagem de fios. Usar uma máscara de pano sobre uma máscara de procedimento médico, como Wen sugeriu, pode proteger melhor você e outras pessoas, melhorando o ajuste e, portanto, a capacidade de filtragem, diz o CDC.

“Se tudo o que você tem é uma máscara de pano, é melhor do que nada”, disse Wen. “Mas você não está bem protegido e deve saber que não está bem protegido. Portanto, se você for a um lugar fechado e lotado e tudo o que tiver é uma máscara de pano, não vá.”

Fonte: CNN Brasil (24/12/2021)

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