quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Fundos de Pensão: Participantes de fundações podem dobrar em cinco anos. Contribuições de empresas e participantes terão de dobrar também



Reforma também eleva custos e esforço de poupança

A nova Previdência terá dois impactos distintos no sistema complementar fechado.
De um lado, vai aumentar os custos para as empresas e os participantes de fundos de pensão. Para as patrocinadoras, os gastos com os funcionários podem até dobrar. De outro, o maior esforço exigido de poupança diante do aumento do tempo de contribuição associado aos juros na mínima deve acelerar a busca pela previdência complementar.

Os fundos de pensão podem ver o número de participantes dobrar em cinco anos após a reforma, prevê a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O presidente da entidade, Luis Ricardo Martins, espera que os atuais 2,7 milhões de participantes do sistema fechado saltem para mais de 5 milhões no período.

Segundo Martins, o patrimônio líquido dos fundos de pensão deve alcançar a marca psicológica de R$ 1 trilhão já em março de 2020. A indústria de previdência complementar deve acelerar o ritmo de crescimento, conforme as “fichas [da população] caírem” em relação à necessidade de poupança.

O presidente da Abrapp reforça que “as pessoas vão trabalhar mais, contribuir mais e vão ter um benefício menor”. Na visão do dirigente, com a mudança das regras de seguridade social e diante da redução estrutural das taxas de juros para a casa de um dígito, a previdência complementar se torna imperativa.

Para o representante da indústria, “o sistema fechado [dos fundos de pensão] é o único veículo [de previdência complementar] de longo prazo no país”, em referência ao fato de os planos privados abertos - VGBL e PGBL - terem carteiras concentradas em renda fixa curta. De fato, mais da metade (ou R$ 465 bilhões) dos R$ 909,5 bilhões de patrimônio líquido do sistema concorrente dos fundos de pensão, a previdência aberta, estão depositados em portfólios classificados pela Associação
Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) como renda fixa, nas subcategorias indexados, duração baixa e duração média.

“A forma como os recursos serão devolvidos aos participantes deverá se adaptar à nova realidade, que inclui maior tempo de pagamento e maior valor a ser poupado”, afirma o diretor da área de previdência e fundos de pensão da Willis Tower Watson, Evandro Oliveira. O especialista explica que essa equalização traz muitos desafios. 

Como exemplo, cita os problemas enfrentados pelo sistema do Chile, que apesar de servir de inspiração à equipe econômica do governo, tem recebido críticas diante dos valores reduzidos de benefícios no regime de capitalização, ou seja, com privatização total dos planos. “O modelo chileno não funcionou direito porque o nível de contribuição não era alto, o prazo de acumulação não era longo e a rentabilidade das contas individuais tem sido baixa”, resume.

Para Oliveira, “não vai ser com 10% de contribuição [sobre o salário] que a pessoa vai chegar ao volume necessário” para manter o mesmo nível de benefícios da época de juros altos. Na visão do consultor, o percentual terá de crescer para, pelo menos, 18%.

A Abrapp já identifica um processo de mudança de estratégias pelas fundações. Segundo o presidente da associação, há um aumento da alocação em renda variável, no crédito privado e até mesmo em classes alternativas como private equity e fundos de investimento em participações (FIP).

Fonte: Valor (05/12/2019)

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