sexta-feira, 26 de agosto de 2022

TIC: Anatel vai usar aplicativo para fiscalizar redes 5G e conta com colaboração dos usuários



Ferramenta que pode ser “baixada” pelo usuário em seu celular ajudará agência a cobrar eficiência das teles

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) quer difundir o uso de um aplicativo de medição do desempenho de redes, como forma de ampliar o monitoramento da qualidade do 5G, a tecnologia de quinta geração. A ferramenta, chamada de EAQ, já está disponível para ser usada em celulares e servirá para mapear “áreas de sombra”, onde o sinal 5G mostra instabilidade. Isso ajudará a Anatel a cobrar maior eficiência das operadoras.

“O mais interessante do aplicativo é que, ao mesmo tempo em que informa o usuário sobre a velocidade da conexão em determinada região, também remete os dados para a Anatel, que vai definir um selo de qualidade para cada operadora em cada cidade do país”, disse o superintendente de obrigações da Anatel, Gustavo Borges, em entrevista concedida ao Valor.  

Borges explicou que a coleta de dados pelo órgão regulador, para que seja atribuída uma nota para cada prestadora, já estava previsto na atual fase de implementação do regulamento de qualidade dos serviços, o Rqual, que também será aplicado a outros serviços, como banda larga fixa e TV por assinatura.  

O lançamento do 5G puro (“standalone” ou “SA”), na faixa de 3,5 gigahertz (GHz), até agora em 12 capitais do país, tem frustrado consumidores que esperavam uma cobertura ampla, como a do padrão de quarta geração (4G). As teles têm instalado um número de antenas de 5G acima da quantidade mínima estabelecida no edital de venda das licenças, privilegiando bairros nobres e regiões centrais, com maior concentração de usuários.  

Para o superintendente, o uso EAQ vai auxiliar a agência a mapear falhas na cobertura. “O aplicativo era da regulamentação anterior, mas não era utilizado na medição oficial da agência. Isso está acontecendo neste segundo semestre, o que coincide com a chegada do 5G no país”, afirmou. “Cada teste da rede 5G vai alimentar a nossa base de dados, gerando um mapa de ‘calor’, indicando qual região está melhor ou pior”.  

Borges informou que os técnicos da Anatel trabalham para aperfeiçoar o EAQ. O aplicativo foi desenvolvido pela ABR Telecom, entidade independente responsável pela mudança de operadora pelos clientes mantendo o mesmo número de telefone (portabilidade numérica).  

Na terça-feira (23), o aplicativo da Anatel registrava a nota 3,1 na loja de aplicativos Play Store, do Google. Os valores variam de 0 a 5.  

A Anatel recomenda a instalação do aplicativo oficial por considerá-lo de “fácil manuseio”, sem exigir conhecimento técnico, e oferecer a opção de funcionamento sem consumo da franquia de dados durante os testes — função “zero rating”.  

Borges afirmou que, mesmo sem crédito no celular pré-pago, o aplicativo faz os registros de desempenho da rede. É necessário, porém, fazer essa opção nas configurações após a instalação do EAQ. “Um teste de conexão 5G com outros aplicativos vai consumir 1 gigabyte”, alertou.  

O técnico da Anatel afirmou que a coleta de dados, além de ajudar a atribuir um selo de qualidade para cada prestadora, vai ser usada no trabalho de notificação das empresas, para que haja melhora de desempenho das redes. Segundo ele, se isso não tiver resultado, a agência parte para instrução de processo sancionatório, com aplicação de multa.  

A depender da qualidade do serviço ofertado, as operadoras poderão receber as notas A, B, C, D ou E. Para avaliar o nível de serviço, a agência vai considerar — além da coleta de dados sobre cobertura, velocidade de conexão e estabilidade do sinal — o volume de reclamações contra as prestadoras e a avaliação dos consumidores, feita por meio das pesquisas de satisfação.  

Borges reconhece que o grande desafio da tecnologia 5G no país é a cobertura. Segundo ele, a velocidade média de conexão 5G está “bastante satisfatória” nesse primeiro momento nas capitais, devido à baixa demanda pelo serviço. Isto, segundo ele, está relacionado ao número pequeno de celulares preparados para receber o sinal de 5G.   

Para ele, a ampliação da oferta do sinal 5G exige mais do que “contar antenas” instaladas pelas operadoras — essa é basicamente a única obrigação do leilão atrelada à qualidade do serviço. O superintendente considera que o arcabouço de normas da Anatel, especialmente o Rqual, fornece meios necessários para o órgão cobrar um sinal de melhor qualidade das prestadoras.

Fonte: Valor (23/08/2022)

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