sexta-feira, 27 de outubro de 2023

IA: Empresas inserem inteligência artificial em celulares, computadores e até óculos de realidade mista. Entenda



Vertente generativa da nova tecnologia impulsiona tendências na composição de novos produtos na indústria mundial de eletrônicos

Febre do momento entre as empresas, a inteligência artificial (IA) generativa está prestes a dar um novo passo em direção ao consumidor. É que gigantes do setor de tecnologia pretendem iniciar a fabricação já em 2024 de celulares, computadores, relógios e óculos de realidade mista com chips mais potentes e capazes de gerar textos e imagens em uma fração de segundo a partir de comandos de voz. Essa interação será possível com a introdução da mesma tecnologia que fez de aplicações como o ChatGPT, o robô virtual da Open AI, um fenômeno global.

As novas tendências no mundo da tecnologia são discutidas nesta semana no Snapadragon Summit, evento de tecnologia que reúne no Havaí (EUA) fabricantes, operadoras e analistas do setor, para anunciar os lançamentos do setor para a próxima temporada.

Esse movimento acontece no momento em que Google, Meta (dona do Facebook e Instagram) e Microsoft anunciam suas primeiras iniciativas nessa nova fase da inteligência artificial (IA), que inclui a criação de assistentes pessoais mais interativos e com capacidade de executar tarefas mais complexas. Agora, a gigante de semicondutores Qualcomm e fabricantes de dispositivos como Motorola, Dell, Lenovo, Xiaomi, Sony e Asus, entre outros, decidiram engrossar a lista.

Em mensagem transmitida ontem no evento em vídeo, Mark Zuckerberg, diretor-executivo e fundador do Facebook, falou sobre os produtos que já estão sendo lançados por meio de parcerias, como o óculos de realidade Quest 3 e Ray Ban, que contam com os novos chips de inteligência artificial.

— Tudo isso é possível porque nossas equipes trabalham juntas para incorporar esses recursos em nossos dispositivos a um preço mais acessível . E isso é apenas o começo. Também estamos trabalhando na otimização do llama 2 (sistema de linguagem) para que nosso modelo de código aberto seja executado.. Tudo isso vai proporcionar experiências imersivas ainda melhores — disse Zuckerberg.

Chips para IA

Segundo especialistas, a IA generativa deve um marco de mudança na indústria, permitindo o desenvolvimento de aplicativos, jogos e serviços de segurança.

No embalo do avanço das novas redes 5G, que permite velocidade até cem vezes superior ao atual 4G, a consultoria Gartner prevê que chips projetados para executar novas funções de IA nos aparelhos eletrônicos terão receita de US$ 67,1 bilhões já em 2024, número que deve dobrar em 2027. A Bloomberg Intelligence, por sua vez, prevê crescimento de 42% desse mercado até 2033, chegando a US$ 1,3 trilhão.

-- O desenvolvimento de inteligência artificial generativa em aparelhos vai exigir semicondutores otimizados. Isso está impulsionando toda a indústria, pois os chips atuais serão substituídos -- afirma Alan Priestley, vice-presidente e analista do Gartner.

--Inteligência artificial e 5G se combinam e um potencializa o outro. Essa combinação vai trazer uma nova geração de aplicativos e serviços que a gente ainda nem imagina. E isso vai estimular novas demandas, como ocorreu quando surgiram produtos como o iPhone e o BlackBerry -- disse Alejandro Adamowic, diretor de Tecnologia da GSMA, associação internacional das operadoras de telefonia.

Esses novos produtos vão sair de fábrica com chips que reúnem modelos distintos de linguagem, de visão e de reconhecimento automático de fala. Juntos, conseguem rodar entre 7 bilhões e 13 bilhões de parâmetros (ou variáveis) no próprio computador e smartphone sem a necessidade transferir dados para nuvem (cloud).

Há ainda sensores no microfone e na câmera dos aparelhos. Tudo isso combinado permite maior rapidez no processamento de informações e mais segurança, já que as informações ficam no próprio smartphone.

Dessa forma, explicam as empresas, o usuário pode receber respostas personalizadas através de sua localização, nível de condicionamento físico e atividades favoritas. Em parceria com a Meta, a Qualcomm, por exemplo, desenvolve um modelo para que a criação de imagens e de textos sejam acessados até mesmo com aparelhos no modo avião ou sem conexão à internet.

Da nuvem para os aparelhos

Cristiano Amon, presidente global da Qualcomm, avalia que o mundo está numa nova era da IA, o que vai permitir criar novas experiências para os consumidores, em múltiplas categorias de dispositivos com o avanço da rede 5G.

-- A IA começou na nuvem. Agora, essa IA generativa chega aos aparelhos que contam com tecnologia 5G. Essa inteligência estará integrada no sistema operacional, nos aplicativos e, claro, na nuvem. Essas novas experiências vão permitir uma interação mais natural, intuitiva e pessoal. Nossa experiência é apoiar todos os modelos de IA -- disse Amon, que também participa do evento no Havaí.

Segundo Benicio Goulart, gerente de desenvolvimento de software da Motorola, será possível explorar várias oportunidades de inserção da IA em dispositivos, como a criação de conteúdo customizado através de assistentes pessoais.

O executivo diz que há um trabalho em conjunto com fabricantes de processadores para que as próximas gerações de chips tragam avanços nos chamados processadores de redes neurais, fundamentais para executar as funções da IA generativa.

-- Com o avanço dessas soluções e da capacidade de processamento de nossos dispositivos, é inevitável que a IA generativa fique cada vez mais popular e acessível. Isso mudará a forma como lidamos com nossos telefones e dispositivos móveis num curto espaço de tempo.

Luis Gonçalves, presidente da Dell Technologies para América Latina, lembra que um dos pilares da estratégia de inteligência artificial envolve o desenvolvimento de soluções embarcadas em linhas de produtos:

-- A inteligência artificial é fundamental para destravar o valor dos dados e transformá-los em uma ferramenta ainda mais essencial e poderosa para o sucesso de empresas de todos os setores e tamanhos. A IA generativa pode trazer melhorias significativas à produtividade, ao automatizar tarefas pouco relevantes ou repetitivas, garantindo que os profissionais dediquem tempo e esforços para atividades que são realmente importantes para o negócio.

Segundo Jerry Chang , engenheiro sênior da Qualcomm, trata-se de um novo paradigma para a tecnologia:

— Nos últimos 30 anos, tudo fez parte de uma revolução muito tecnológica. Os smartphones 5G, os objetos conectados e as soluções para carros elétricos. A IA generativa é a próxima tecnologia disruptiva, que chega às plataformas móveis — diz Chang .

Fonte: Folha de SP (25/10/2023)

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