A conexão de telefones celulares a satélites (D2D) apresenta vários desafios importantes a serem superados
Segunda-feira, 8 de janeiro de 2024. Uma simples transmissão de texto de um celular para outro, equivalente a tecnologia 2G, mas com um detalhe: de um lado, estava o usuário conectado a um satélite LEO da Starlink e, do outro, o celular conectado na rede da T-Mobile.
A tecnologia D2D (Direct to Device) é uma nova revolução ou uma evolução?
Desafios técnicos
A conexão de telefones celulares a satélites apresenta vários desafios importantes a serem superados. Por exemplo, em redes terrestres, as torres de celular são estacionárias, mas em uma rede de satélite elas se movem a dezenas de milhares de quilômetros por hora em relação aos usuários na Terra. Isto requer hand-over contínuos entre satélites e acomodações para fatores como Doppler-Shift e atrasos de tempo, os quais desafiam as comunicações no espaço. Os telefones celulares também são incrivelmente difíceis de conectar a satélites a centenas de quilômetros de distância, devido ao seu baixo ganho da antena e à baixa potência de transmissão.
Evolução técnica
As empresas que estão desenvolvendo tecnologia D2C estão trabalhando para superar esses desafios. Por exemplo, a Starlink está usando nova e inovadora eletrônica customizada, antenas phased array e algoritmos de software avançados para fornecer serviço LTE padrão para telefones celulares em solo.
Outras empresas
A Starlink não é a única empresa trabalhando em tecnologia D2C. AST Space Mobile, Iridium (Projeto Stardust), Sateliot, (IoT) e Lynk, uma das pioneiras na tecnologia D2C, já tem satélites operando com esta tecnologia.
Clientes potenciais
Os clientes potenciais mais próximos para o D2D são os do agronegócio que hoje carecem de conectividade na maioria dos casos. Um estudo da Futurion Análise Empresarial calculou que a cobertura de telefonia celular no Brasil era de aproximadamente 17,5% do território nacional em 2021. Mais: o Brasil possui aproximadamente 5 Milhões de propriedades rurais e 11 milhões de domicílios na área rural, além de ter uma área cultivada de aproximadamente 8% do território.
Por conta disso, a John Deere já assinou um acordo com a Starlink e começa a oferecer serviços para suas máquinas a partir do segundo semestre de 2024 no Brasil e nos EUA. Esperam com isto proporcionar um ganho de produtividade, pois a dinâmica do processo exige a execução de etapas de produção extremamente precisas, paralelamente à coordenação entre as máquinas e o gerenciamento do seu desempenho.
Impacto no panorama de cobertura
Com certeza, este avanço deve impactar o panorama de cobertura de áreas rurais, remotas e mesmo periféricas. Os serviços existentes hoje no Brasil utilizam-se de (i) redes terrestres celulares com baixas frequências como o 700 MHz, (ii) redes NTN em satélites LEO e GEO com terminais customizados, (iii) redes de radio terrestres com tecnologia ponto a ponto e (iv) redes terrestres cabeadas com fibras ópticas, por exemplo. Todas elas apresentam um alto custo de implantação, por conta do backhaul e/ou dos terminais de usuário, além de preços mensais mais altos e de serem estacionárias, enquanto o D2C é nomádica.
Previsão para 2024
Segundo a consultoria Analysys Mason, “2024 é um ano crítico para o futuro do segmento D2C, com o lançamento do 3GPP18 esperado para expandir significativamente as capacidades D2C do satélite”[1]. Na medida que a tecnologia NTN D2C for avançando, podemos prever uma competição com as tecnologias citadas porque passa a ser transparente para o usuário se ele está se conectando em uma rede celular NTN ou terrestre, além dele poder se mover. Por conta disso, podemos prever preços mais acessíveis que podem aumentar a inclusão digital em povoados esparsos e áreas rurais.
Conclusão
O futuro dirá se vamos ter uma evolução ou uma revolução com o impacto desta nova tecnologia D2D. No entanto, é claro que a D2D tem o potencial de mudar significativamente o panorama dos serviços de telecom, tornando a conectividade mais acessível e disponível para todos, mesmo em áreas remotas.
Fonte: TeleSíntese e Caio Bonilha (31/01/2024)
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