Luigi Gubitosi deixou o cargo depois de um confronto com o maior acionista da empresa, a Vivendi, em uma reunião extraordinária da diretoria nesta sexta (26)
O executivo-chefe da Telecom Italia, Luigi Gubitosi, demitiu-se do cargo depois de um confronto com o maior acionista da empresa, a Vivendi, em uma reunião extraordinária da diretoria na noite desta sexta-feira (26), de acordo com três fontes a par das discussões.
Pietro Labriola, chefe da divisão brasileira da Telecom Italia, foi nomeado diretor-geral. O presidente da empresa, Salvatore Rossi, recebeu da diretoria os poderes legais de Gubitosi, segundo essas fontes. Elas acrescentaram que Gubitosi continuará como membro da diretoria.
A Telecom Italia não respondeu a um pedido de comentários. A Vivendi e autoridades italianas não quiseram falar do assunto.
A Vivendi, o conglomerado francês que detém uma participação de 24% na Telecom Italia, já tinha indicado que considerava Gubitosi responsável pelo fraco desempenho da empresa e começara a fazer campanha por uma mudança de gestão.
Vários membros da diretoria tinham pedido a reunião de sexta-feira para debater o futuro do executivo-chefe, de acordo com fontes informadas sobre as discussões da diretoria.
KKR
No entanto, as atenções mudaram de direção, no último domingo (21), depois da oferta não vinculante de 33 bilhões de euros apresentada pelo fundo de aquisições de participações americano KKR e destinada a levar a Telecom Italia à condição de empresa totalmente privada.
A KKR ofereceu 0,505 euro por ação em dinheiro – valor que envolve um ágio de 45% em relação ao preço de fechamento de sexta-feira da semana passada e atribuiria à empresa o valor patrimonial de 10,7 bilhões de euros. A companhia tem uma dívida líquida de aproximadamente 22,5 bilhões de euros.
Se for bem-sucedida, a transação seria a maior aquisição de uma empresa europeia por uma companhia de private equity de todos os tempos.
Mas, segundo analistas, a Vivendi considerou muito baixo o preço oferecido pela KKR, que é de cerca da metade da média que pagou para aumentar sua participação em 2016.
De acordo com várias fontes envolvidas nas negociações, o conglomerado francês também acredita que a oferta de aquisição do fundo americano foi elaborada com a ajuda de Gubitosi e sem seu conhecimento.
A KKR já tinha trabalhado em estreita colaboração com Gubitosi depois de adquirir uma participação de 37,5% na FiberCop, a rede de “última milha” da Telecom Italia, no ano passado, por 1,8 bilhão de euros.
A Vivendi e a KKR se recusaram a comentar essa sugestão, enquanto a Telecom Italia rejeitou a ideia veementemente.
A Telecom Italia também teve outros problemas este ano: emitiu dois alertas de queda nos lucros no espaço de três meses, um plano complexo de fusão com a rival Open Fiber parece estar encalhado e um acordo com a plataforma britânica DAZN sobre direitos de transmissão da Série A do futebol italiano não foi tão lucrativo quanto esperava.
As ações da Telecom Italia caíram quase 40% da época em que Gubitosi assumiu o comando, em novembro de 2018, até meados deste mês.
Várias fontes próximas ao executivo-chefe disseram que ele optou por se antecipar a um provável voto de desconfiança ao se oferecer para deixar o cargo.
Em uma carta enviada aos membros da diretoria na noite de quinta-feira (25), Gubitosi disse que, ao afastar-se, desejava facilitar as negociações com a KKR, o início do processo de auditoria prévia e a escolha de um conselheiro, segundo três fontes que tiveram acesso ao conteúdo da carta.
Neste ponto, o avanço nas negociações também depende do governo italiano, que tem direito de veto sobre aquisições estrangeiras de ativos estratégicos.
O primeiro-ministro Mario Draghi disse, em uma entrevista coletiva esta semana, que a prioridade do governo seria proteger os empregos italianos, sua tecnologia e sua rede. Ele instituiu um grupo de trabalho de ministros para analisar as opções da Telecom Italia.
Na noite de quinta, em um comunicado à imprensa, um porta-voz de Draghi negara que o primeiro-ministro tivesse dado sinal verde para o acordo com a KKR.
Fonte: Valor (26/11/2021)
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