quinta-feira, 31 de agosto de 2023

TIC: Competição reduz preço da banda larga

 


Empresas buscam formas de agregar serviços para não baixar demais valor cobrado 

A crescente sobreposição de redes de fibra óptica no país, implantadas não só por grandes operadoras, mas por pequenos e médios provedores, pressiona para baixo os preços do serviço de banda larga fixa. O preço do megabit por segundo (Mbps) em links dedicados — conexões exclusivas contratadas usualmente por clientes corporativos — caiu cerca de 50% entre 2017 e 2022, indica um levantamento da consultoria Kearney.  

Num mercado cada vez mais competitivo, as operadoras buscam formas de se diferenciar da concorrência e fugir de uma provável guerra de preços.   

“O mercado de [banda larga via] fibra está próximo de alcançar um bom nível de maturidade no país. Nas capitais, sim. Nas cidades menores, nem tanto”, analisa Guilherme Silberstein, diretor da Kearney especializado em telecomunicações e operações estratégicas.  

A sobreposição de redes e serviços se dá em diversas frentes nas principais regiões metropolitanas brasileiras. Não só pequenos e médios provedores de acesso à internet (ISPs, na sigla em inglês) instalam redes próprias, mas distribuidoras de energia aproveitam sua infraestrutura para “passar” fibra, lembra Silberstein. Redes de tecnologias mais antigas, como aquelas baseadas em cabos coaxiais, estão sendo sobrepostas pela fibra.  

No acumulado de 2017 a 2022, o total de autorizações concedidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para prestação de serviços de banda larga fixa cresceu 51%, saltando de 7.911 para 11.989, conforme dados compilados pela consultoria Teleco. Em igual período, o preço médio ponderado do megabit por segundo para um link dedicado com velocidade de 150 Mbps caiu 44% — de quase R$ 38 para R$ 21, segundo a Kearney. Já no caso dos links de 100 Mbps e 50 Mbps, a queda foi de 55% e 48%, respectivamente.

Na banda larga fixa, o investimento para levar a fibra até a residência ou a empresa de cada cliente é pesado, tanto em termos de cabeamento quanto do equipamento necessário, diz Rogerio Takayanagi, diretor das áreas de varejo e empresarial da Oi. “Isso, de certa forma, comprime o afã das empresas de ficar reduzindo preço”, afirma o executivo. Para tentarem se manter competitivos nesse cenário, muitos provedores oferecem velocidades cada vez mais altas.  

O número de conexões de banda larga mais rápidas - acima de 34 Mbps - quase triplicou desde janeiro de 2020. Em junho deste ano, esses acessos representavam 89% do total de conexões registradas na Anatel.  

“O que estamos vendo é uma agressividade desse binômio velocidade e preço”, afirma Takayanagi. “Na prática, está todo mundo oferecendo mais velocidade, mas o cliente não percebe muita diferença mais entre 200, 300, 500, 600 Mbps.”  

Levantamento da Oi a partir de uma amostra de clientes de operadoras diversas indica que em cerca de 30% das residências conectadas à rede de fibra, os usuários usam a banda larga fixa só para conectar seus smartphones. De maneira geral, 50% dos equipamentos conectados à internet não conseguem navegar a velocidades acima de 75 Mbps, mostra o estudo. E 90% dos dispositivos conectados à web no Brasil não passam de 350 Mbps.  

“É muito raro ter hoje um cliente de banda larga que utilize dispositivos conectados ao cabo. Só algumas TVs conectadas, alguns consoles de jogos, mas a maioria dos acessos é por meio do smartphone, do tablet ou de dispositivos móveis. O Wi-Fi é fundamental na qualidade percebida da banda larga”, diz Marcio Carvalho, diretor de marketing da Claro, ao explicar por que a empresa também concentra esforços para oferecer conexões Wi-Fi rápidas e estáveis.   

Para além da questão da qualidade do serviço, presente na publicidade de todas as operadoras de alcance nacional, Claro e TIM apostam na velocidade de conexão para superar a concorrência. Diretor de receitas da TIM Brasil, Fábio Avellar destaca ainda a inclusão de serviços diferenciados como peça-chave da estratégia da tele no mercado de banda larga fixa.  

“Os preços [da banda larga fixa] só não estão caindo mais porque as operadoras e ISPs estão buscando formas de agregar serviços aos seus clientes”, diz Guilherme Silberstein, da Kearney. Ele acrescenta que o custo inicial para fazer a instalação de fibra no cliente também inibe guerras de preços.  

No caso da TIM Brasil, contratos com empresas de redes neutras — V.tal e I-Systems — ajudam a racionalizar esse custo inicial. “Nosso objetivo, hoje, é consolidar nossa operação nas cidades onde já estamos presentes e crescer verticalmente, focando no ‘footprint’ [a área coberta pela rede] que construímos até agora”, diz Avellar.  

Dentro da lógica de agregar outros serviços à sua oferta de banda larga, a Telefônica Brasil (dona da Vivo) combina fibra e telefonia móvel num mesmo pacote, o que também fazem suas rivais. “No segundo trimestre, por exemplo, 80% das novas adições de fibra em nossas lojas físicas próprias foram do Vivo Total, opção que reúne pós-pago e fibra no mesmo pacote”, ressalta Dante Compagno, diretor-executivo de marketing B2C [para o consumidor final] da Vivo. 

Fonte: Valor (30/08/2023)

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