segunda-feira, 27 de setembro de 2021

TIC: Com a tecnologia 5G empresas investem em produtos conectados, de tênis a escova de dentes. Conheçam outros que vêm por ai!



Leilão em novembro aumenta perspectivas do mercado de lançamento de itens controlados pelo celular

Na hora de escovar os dentes, um aplicativo indica áreas na boca que precisam de mais cuidado. Com um chip no solado, o tênis de corrida se conecta ao smartphone por bluetooth e monitora o treino. Antes de chegar em casa, o celular também pode ser usado para acionar a cafeteira ou acompanhar o tempo de preparo de um alimento na fritadeira elétrica.

Cada vez mais objetos já estão conectados à internet e aos seus donos por meio de aplicativos, uma tendência que deve explodir com o 5G, a nova geração de telefonia móvel que promete velocidade de conexão bem mais rápida que o 4G e cujo leilão de licenças o governo finalmente marcou para o início de novembro. Mesmo com o atraso no edital, que só foi aprovado na sexta-feira, a indústria de bens de consumo já iniciou uma corrida para garantir espaço na gôndola do futuro.

A busca de maior conectividade no cotidiano ganhou força com assistentes virtuais como a Alexa, da Amazon, que já é capaz de ativar 500 produtos no Brasil e mais de 100 mil itens pelo mundo, do ar-condicionado a saboneteiras que tocam música e leem notícias enquanto as mãos são lavadas. Daniel Almeida, gerente de Desenvolvimento de Negócios para a Alexa no Brasil, diz que o 5G vai incrementar muito o acervo de produtos conectáveis na indústria:

— Com aumento da escala, produtos ficam mais acessíveis e as ideias começam a aparecer. O 5G será um indutor. É natural que influencie a casa conectada. Nossa meta é aumentar esse ecossistema, que iniciou com TVs, lâmpadas e controles remotos universais.

Alguns produtos conectados já são realidade

A Under Armour, da Vulcabrás, lançou modelos de tênis, como o Phantom 2, com chip no solado que se conecta ao aplicativo da marca Map My Run através de Bluetooth. O app ajuda a melhorar a corrida, avisa no fone de ouvido do consumidor se a frequência das passadas e o tempo do pé no solo estão corretos.


A Oral-B lançou a escova elétrica Genius X com inteligência artificial que ajuda na escovação. Pelo celular, o app gera um gráfico com o progresso do da escovagem, aconselha e permite personalizar as definições. O app indica as áreas e o tempo correto que devem ser escovadas .


Nas linhas da Nespresso, o aplicativo faz a atualização do software, escolhe o tamanho do café e programa as extrações. Alguns modelos têm a capacidade de ser acessada por qualquer smartphone através da leitura do QR Code por conta de um sistema em nuvem chamado Skyline. As máquina têm Bluetooth e Wi-Fi . 


A Multilaser amplia seu portfólio além de lâmpadas e tomadas inteligentes e lança uma babá eletrônica integrada à sua plataforma chamada LIV, que permite operação remota através de um aplicativo.


No clássico jogo Detetive, da Estrela Brinquedos, os participantes combinam as fases do tabuleiro com a funcionalidade de um aplicativo no celular. Assim, pelo app, o QR Code lê o crime e o celular recebe uma ligação com uma dica para desvendar o mistério.


A beauty tech Foreo lançou o Bear, aparelho que funciona através de um aplicativo e permite tratar a pele do rosto. Pelo celular é possível acionar microcorrentes de eletroestimulação de baixa intensidade para que as células sejam revigoradas, permitindo um aspecto mais saudável. 


A Estrela lança para o Dia das Crianças o jogo Detetives do Prédio Azul (DPA) em que os bruxos dão missões via aplicativos aos detetives, que estão no tabuleiro 


A Under Armour, da Vulcabrás, lançou modelos de tênis, como o Phantom 2, com chip no solado que se conecta ao aplicativo da marca Map My Run através de Bluetooth, que vem até com símbolo
 

A brasileira Multilaser lançou uma babá eletrônica integrada à sua plataforma Liv, que permite operação remota por meio de um app, e já planeja outros produtos. Silvia Tamai, diretora de Marketing da Philips Walita, prepara o lançamento de fritadeiras elétricas ligadas a um aplicativo de nutrição com dicas e receitas que também são capazes de planejar o tempo de preparação do alimento com base em dados pessoais de cada usuário.

— O 5G terá um papel fundamental. Estamos um pouco atrasados em relação a alguns países, mas será um caminho sem volta. Todos querem produtos conectados — diz Silvia.

Inteligência artificial

A Oral-B lançou escovas elétricas que ajudam a corrigir a escovação com inteligência artificial. Coletam dados durante o uso e aprendem.

— Nosso foco é agregar mais valor à saúde bucal e, com a tecnologia, trazer mais benefícios ao consumidor — afirma Luis Siqueira, diretor de Marketing da Oral-B.

A mesma lógica foi aplicada pela Vulcabras, que acaba de lançar a marca de tênis Under Armour com chip, que funciona como um treinador virtual.

— A tecnologia ajuda a reunir dados como o tempo em que o pé permanece no solo e a frequência da passada. Ajuda a criar novos produtos com base em informações dos consumidores — diz Rafael Santos, gerente de Marketing da marca.

O especialista em tecnologia Armando Soares diz que esses exemplos ainda são “aperitivos”, mas lembra que a indústria brasileira poderia estar bem mais à frente neste campo promissor se o 5G estivesse em estágio mais avançado:

— Com o 5G, tudo vai ser ampliado e vamos conseguir criar soluções para novas necessidades. A área de saúde é um caso de indústria em que vamos ver novas aplicações.

O antropólogo Mario Ottos avalia que a praticidade prometida pela tecnologia — ainda que com preços mais altos — seduz cada vez mais os consumidores em busca de “sua melhor versão”, ainda que haja dúvidas sobre como as empresas usam os dados:

— Saber se estou escovando o dente certo e o quanto corri hoje gera benefícios mais relevantes do que a preocupação de como esses dados podem ser usados no futuro.

O empresário Gustavo Annecchini é o tipo de consumidor que já não consegue mais ficar sem internet. Nem quando dorme. Ele usa apps para monitorar a qualidade do sono, exercícios e a quantidade de água que ingere por dia.

— São recursos que nos ajudam a estar sempre buscando a melhor qualidade de vida. Os produtos estão cada vez mais conectados e integrados. Imagina quando ficar tudo mais rápido? — entusiasma-se Annechhini, que lidera a empresa de agenciamento artístico Oroboro Entertainment.

Consumo gera consumo

Na área de beleza, a Foreo tem um massageador de rosto que só é ativado pelo celular. Um app define a intensidade das pulsações elétricas de acordo com tipos de tratamento. Segundo Ana Chechetti, gerente da empresa no Brasil, a interface permite um levantamento mais preciso das necessidades do consumidor, o que ajuda as empresas a desenvolverem produtos e soluções cada vez mais direcionados.

Esse ciclo é um enorme potencial na cadeia de consumo, aponta a especialista em comportamento do consumidor Maribel Suarez, professora do Coppead/UFRJ:

— Você compra um aparelho que tem conexão e permite economia de tempo, otimização e eficiência. E aí você começa a fazer outras mudanças em série, pois os produtos têm uma lógica de relação.

A Nespresso criou um app que atualiza o software das cafeteiras para que elas reconheçam cápsulas de novos sabores e ajustem a quantidade de água necessária para o preparo. Em alguns modelos, o app ainda liga e desliga.

— Quanto mais integramos máquinas com o celular, mais conseguimos ficar perto dos clientes — diz Gabriel Nobre, diretor comercial da empresa.

Fonte: O Globo (25/09/2021)

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