terça-feira, 7 de setembro de 2021

TIC: Novos gadgets medem saúde em forma de camisetas e faixas adesivas

 


Produtos desenvolvidos por startups, mais colados ao corpo, ganham espaço com a promessa de alta precisão

Não é raro pensar em um relógio ou uma pulseira quando se fala em aparelhos portáteis que medem nossos sinais vitais. Eles de fato representam o grande marco no mercado de dispositivos vestíveis, que monitoram a saúde e que podem ser usados em qualquer lugar, pelo próprio paciente. Pois agora um novo tipo de produto desenvolvido por startups, mais colado ao corpo, ganha espaço nesse cenário com promessa de alta precisão.

São faixas adesivas e camisetas que captam frequências importantes do organismo através de uma rede sem fio. Os dados são enviados para um software responsável pelo processamento e tradução dessas informações em padrões clínicos. Apresentam diagnósticos e ainda indicam se tratamentos são necessários.

Um dos itens mais interessantes é a chamada e-skin, batizado pelos cientistas de “pele eletrônica”. Trata-se de um dispositivo ultrafino e flexível que é colado na pele por meio de spray. Desenvolvido pela equipe liderada pelo professor Takao Someya, da Escola de Graduação em Engenharia da Universidade de Tóquio, traz novas perspectivas para a medicina.

Projetado inicialmente para rastrear informações vitais de idosos que necessitam de cuidado constante, tem sido considerado um potencial aliado nos cuidados de doenças crônicas como diabetes e insuficiência cardíaca. Colado na mão ou nas costas, capta batimentos cardíacos e impulsos elétricos dos músculos. Um microtransmissor sem fio preso ao tórax envia os dados para a nuvem, onde os médicos podem acessá-los via computador ou celular. Os pacientes também têm acesso aos registros.

A e-skin, defendem os cientistas, também foi pensada com o propósito de reduzir a sobrecarga nos sistemas de saúde e dar independência aos usuários, já que as informações registradas são de fácil compreensão.

— Nosso sistema pode servir como um bom instrumento de prevenção de problemas, levando à melhoria da qualidade de vida das pessoas — afirma Someya.

Roupa high-tech

Com proposta semelhante, pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade Brown, nos Estados Unidos, anunciaram recentemente o desenvolvimento de uma “camiseta inteligente”. Nesse caso, a tecnologia aplicada está nas tramas do tecido usado para costurar a peça.

Feito de nanotubos de carbono, um condutor de eletricidade até mil vezes mais eficiente do que os fios de cobre, o tecido consegue monitorar a frequência cardíaca e fazer eletrocardiogramas contínuos. As fibras são laváveis, macias e menos propensas a quebrar, de acordo com os cientistas envolvidos. Isso significa que no futuro qualquer peça de roupa poderá ser confeccionada com o material, que fornece contato elétrico estável com a pele do usuário.

— Em estudos futuros, vamos nos concentrar no uso de remendos ainda mais densos de fios de nanotubo de carbono para que haja mais superfície de contato — explica a principal criadora, Lauren Taylor.

O Brasil não está fora da tendência. Um dos projetos de destaque é coordenado por uma equipe da startup Salvus, de Recife (PE), e tem como proposta criar um tecido capaz de monitorar a temperatura, a saturação sanguínea e as frequências cardíacas e respiratórias.

— Conseguimos captar R$ 1,5 milhão da Finep e temos a perspectiva de lançar o equipamento no mercado no primeiro semestre de 2022 — explica Maristone Gomes, fundadora da startup.

Para Camila Hernandes, especialista em biotecnologia do do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o monitoramento é um caminho natural para a medicina, sobretudo por causa do envelhecimento da população.

—Esse tipo de tecnologia também contribui para a precisão e rapidez do profissional de saúde, dando insumos para as tomadas de decisões em tempo real.

Não há estimativa sobre preços dos produtos, mas certamente não serão baixos. Dispositivos do gênero já disponíveis no mercado, como pulseiras e relógios inteligentes, continuam inacessíveis para boa parte da população brasileira.

— Em outros tempos, um aparelho desse tipo levaria décadas para ser sequer desenvolvido. Agora, com revoluções tecnológicas constantes, imagino que em cinco anos no máximo eles estejam acessíveis para a maioria das pessoas — prevê Camila.

Fonte: O Globo (06/07/2021)

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