Recursos são necessários, nas contas do BID, para o Brasil alcançar nível de uso de internet de alta velocidade dos países da OCDE
O Brasil precisa acelerar investimentos para alcançar o nível de uso da internet em alta velocidade visto em países desenvolvidos. Ontem, no último dia do Painel Telebrasil 2021, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, afirmou que são necessários aportes de US$ 20 bilhões para que o Brasil atinja patamares de conectividade dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse que a instituição precisa se arriscar mais e financiar empresas de telecomunicações para expandir a conectividade e a inovação no país.
Embora não tenha dado prazos para o lançamento de possíveis linhas de apoio, Montezano afirmou que o BNDES terá produtos focados em provedores regionais e empresas de infraestrutura de rede neutra, relacionados a fundos garantidores, debêntures e financiamentos. Segundo ele, um dos objetivos é atender principalmente o Norte e o Nordeste do país.
Montezano disse ainda que o BNDES nunca esteve tão capitalizado quanto hoje, o que pode facilitar a alocação de recursos para as telecomunicações. Com a publicação do edital do leilão do 5G pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país se prepara para o desafio de conectar todo o território à nova tecnologia e expandir as redes existentes.
O certame das radiofrequências, de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, foi marcado para 4 de novembro e o prazo para entrega das propostas é 27 de outubro. “A gente vive hoje a era da distribuição digital. Se a gente teve lá atrás a era da produção industrial, hoje a pauta é como a gente usa essa ferramenta permeada pelos mais diversos setores da sociedade”, ressaltou Montezano.
Cálculos do BNDES citados pelo executivo apontam que a cada R$ 100 milhões investidos em provedores regionais, entre 300 mil e 400 mil acessos de banda larga são acrescentados à rede nacional. Por isso, disse Montezano, é função do banco assumir maiores riscos em ações que causam impacto social.
Montezano afirmou ainda que o banco atua em três frentes: aumentar o acesso à banda larga, modernizar os setores de forma transversal e apoiar o ecossistema de inovação e desenvolvimento de novas soluções para o 5G.
O presidente do BID, Mauricio Claver-Carone, sugeriu que o Brasil financie atividades inovadoras para acelerar a conectividade e o acesso da população ao teletrabalho, à telessaúde e à telemedicina. Para o BID, a inclusão digital hoje é um do fatores mais importantes para a redução da desigualdade.
Claver-Carone citou um estudo da IDC Brasil apontando que a digitalização da economia brasileira pode ampliar o PIB do país em US$ 9 bilhões até 2024.
O executivo comentou que as pequenas empresas brasileiras podem contribuir para a digitalização do setor. Segundo o presidente do BID, os pequenos empreendimentos representam mais de 90% das companhias do setor de telecomunicações na América Latina e Caribe. Além disso, afirmou que existem cerca de 13 mil pequenas empresas do setor de telecomunicações no Brasil, um número expressivo frente a outros países.
Clever-Carone frisou que o BID tem interesse em trabalhar com o Ministério das Comunicações para delinear linhas de financiamento que possam expandir a digitalização do país, com foco em pequenos empreendedores.
Fonte: Valor (29/09/2021)
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