Saiba qual vencimento e qual tipo de NTN-B (pura ou Principal) escolher se você pretende investir no Tesouro Direto para a sua aposentadoria
Nesta semana, EXAME.com mostrou por que investir no Tesouro Direto pode ser mais vantajoso do que nos planos de previdência quando o objetivo é acumular patrimônio para a aposentadoria. Se você está decidido a investir em títulos públicos, o próximo passo é entender qual deles escolher.Os títulos mais indicados para a aposentadoria são as Notas do Tesouro Nacional-série B. Elas pagam uma taxa de juro anual, mais a variação da inflação (medida pelo IPCA) durante o período do investimento. Uma vez que a NTN-B sempre tem um rendimento acima da inflação, o investidor tem um ganho real garantido, caso não venda o título antes do vencimento.
Como no longo prazo a inflação acumulada pode ser muito alta e é muito difícil de estimar, ela pode corroer os rendimentos. Por isso, ao investir para formar reservas para a aposentadoria, é importante buscar aplicações financeiras que ofereçam proteção contra a inflação.
Como escolher entre a NTN-B e a NTN-B Principal
Existem dois tipos de NTN-B: a NTN-B pura e a NTN-B Principal. A primeira paga ao investidor cupons semestrais, que são os rendimentos acumulados a cada seis meses. Já a Principal, paga o rendimento todo apenas no vencimento do título, por isso é mais indicada para quem investe no longo prazo.
Amerson Magalhães, diretor da Easynvest Título Corretora, explica que a maior desvantagem da NTN-B pura em relação à Principal é a antecipação do imposto de renda (IR). “Para quem precisa de renda periódica, o cupom semestral é uma boa estratégia, mas o problema é o imposto de renda, que é descontado sobre o rendimento. Por isso, para a aposentadoria, é melhor deixar o título rendendo para só pagar o imposto lá no final”, diz.
Quem investir na NTN-B pagará imposto de renda sobre todos os cupons, enquanto quem investir na NTN-B Principal só paga o imposto sobre o rendimento total, no vencimento. As alíquotas variam conforme o tempo em que o dinheiro está investido naquele título: 22,5% para 180 dias; 20% entre 181 e 360 dias; 17,5% entre 361 e 720 dias e 15% para prazos superiores a 720 dias. Ou seja, no caso da NTN-B pura, o investidor ainda começará pagando as maiores alíquotas de IR nos primeiros cupons.
Mas este fato nem é tão relevante. O que mais pesa para o investidor da NTN-B pura é o fato de que, por adiantar o pagamento do imposto, ele perde uma quantia importante que poderia continuar a ser rentabilizada, tanto na forma do cupom que vai para o seu bolso, como na forma do IR que vai para os cofres do governo. Já no caso da NTN-B Principal, o que seria pago a título de cupom e IR continua rendendo até o fim do prazo, quando o imposto incide apenas sobre a rentabilidade total.
É por esse motivo que quem investe na NTN-B pura não recebe exatamente o rendimento acordado no ato da compra. Aquela rentabilidade só poderia ser atingida caso todos os cupons fossem reinvestidos em títulos que pagassem exatamente a mesma taxa do título original, o que nem sempre será possível. Na NTN-B Principal, ao contrário, você já sabe exatamente quanto vai ganhar no fim.
Como escolher o prazo de vencimento
Atualmente, existem três opções de NTN-B Principal disponíveis para compra: com vencimentos para 2019, 2024 e 2035. Para saber qual delas comprar, é preciso entender seus riscos.
Se o investidor fica com o título até o vencimento, ele ganhará exatamente o que foi pactuado na compra. Mas caso ele queria se desfazer do papel antes, fica sujeito a aceitar o que o mercado está disposto a pagar por ele, podendo ter prejuízo se vendê-lo em um momento ruim. Isso acontece por causa da marcação a mercado, processo de atualização do preço do título para o valor do dia.
Um título que pagará ao investidor 1.000 reais no vencimento e é vendido atualmente a 700 reais traz implícita uma taxa de juros (que será suficiente para transformar 700 reais em 1.000 reais) para que o investidor receba os 1.000 reais no vencimento. Por isso, se a taxa Selic aumenta, aumentando os juros dos diversos títulos do mercado, é preciso que o preço dos títulos vendidos no mercado diminua, para que no futuro sejam recebidos os mesmos 1.000 reais.
Isso tem efeito na rentabilidade do título no curto prazo, mas não no que será recebido no vencimento. Assim, o investidor que já tem um título poderá ver uma queda no valor que o mercado está disposto a pagar por ele, podendo perder dinheiro caso o venda antes do vencimento.
Ocorre que, quando acontece essa marcação a mercado, os títulos que vencem em prazos mais curtos têm uma menor oscilação de preços do que os títulos com prazos longos. Por isso, os títulos com prazos mais longos têm altas e baixas mais bruscas e são mais arriscados.
Considerando que a taxa da NTN-B Principal com vencimento em 2019 é de 5,49% ao ano e a de vencimento em 2035, é de 5,80%, a diferença entre os juros pode não compensar o maior risco que a NTN-B com prazo para 2035 apresenta. “Se o investidor precisar sair antes do tempo, ele será mais penalizado se investir no título mais longo, porque quanto maior o prazo, mais sensível ele é. Tendo em vista o prêmio recebido e a contrapartida do risco que o título mais longo apresenta, eu não vejo uma vantagem em investir na NTN-B mais longa ”, diz Magalhães.
Por outro lado, ao comprar a NTN-B que vence em 2019, o investidor corre o risco de no fim do prazo não encontrar outra NTN-B que pague uma taxa igual ou superior aos atuais 5,49% ao ano. E caso ele só se aposente daqui a 30 anos, por exemplo, em 2019 o montante recebido precisará ser aplicado novamente. “Na renovação o investidor corre o risco de encontrar uma taxa menor. Esse é o risco que ele assume”, diz o diretor da Easynvest Título Corretora.
Diversificar pode ser a melhor solução
Como as NTN-Bs mais longas têm o risco de levar o investidor a perder mais dinheiro se ele resgatar o título antes do vencimento, e as NTN-Bs mais curtas sujeitam o investidor ao risco de não conseguir uma taxa tão boa no vencimento, a solução pode ser investir um pouco em cada uma.
“Se eu colocar tudo na NTN-B com vencimento em 2035 só porque eu vou me aposentar em 2035, por exemplo, daqui a um ano ou dois anos eu posso precisar vender esse título e ter um prejuízo maior do que eu teria com a NTN-B que vence em 2019. Por isso, montar uma estratégia bem conservadora, com diversificação de prazos, pode ser interessante”, orienta Magalhães.
Além de aplicar em NTN-Bs com diferentes vencimentos, portanto, ele recomenda também fazer uma diversificação entre os títulos, investindo também nas Letras Financeiras do Tesouro (LFT), título público pós-fixado que acompanha a variação da Selic. “Para montar uma carteira mais conservadora, eu colocaria 10% a 15% em títulos pós-fixados e os 85% ou 90% restantes eu dividiria proporcionalmente entre as NTN-Bs com os três vencimentos, em 2019, 2024 e 2035”, comenta.
O diretor da Easynvest ainda acrescenta que os títulos públicos são investimentos mais conservadores. Por isso, o investidor que aceita maiores riscos em busca de melhores retornos poderia ainda incluir na sua carteira uma porção de investimentos em renda variável .
Faça aportes regulares
Ao investir nos papéis do Tesouro Nacional para a aposentadoria também é essencial que sejam feitos aportes regulares. Assim como nos planos de previdência é destinada uma certa quantia por mês ao investimento, os títulos devem ser comprados periodicamente para que o investidor acumule um bom patrimônio até o momento de se aposentar.
Mas, como as taxas dos títulos podem variar muito, diferentemente da previdência, que tem um gestor sempre avaliando os melhores investimentos, o investidor precisará por conta própria acompanhar quais são as remunerações que os títulos oferecem no momento para sempre avaliar se eles continuam vantajosos.
“Ao investir no Tesouro, o investidor deve continuar comprando os títulos sempre, mas ajustando as proporções de acordo com o que ele observa sobre as taxas no momento. A taxa atual de quase 6% é realmente uma taxa boa quando olhamos para outros países, mas aqui no Brasil as taxas da NTN-Bs também já chegaram a 2% ou a 12%”, conclui Magalhães.
Veja no vídeo a seguir por que é tão complicado entender o funcionamento dos títulos do Tesouro:
Fonte: Exame.com (31/10/2013)
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