Com a taxa básica de juros no Brasil se aproximando novamente dos dois dígitos, o brasileiro terá um certo alívio no esforço de poupança para garantir a renda planejada na aposentadoria. Simulação feita pela professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e planejadora financeira Myrian Lund mostra que, com uma taxa básica de juros de 10%, uma pessoa que começar a poupar a partir dos 30 anos terá que aplicar R$ 501,51 por mês num plano de previdência para obter aposentadoria vitalícia de R$ 5 mil mensais, a partir dos 65 anos. Atualmente, a taxa Selic está em 9,5%, mas o mercado prevê novo aumento de 0,5 ponto percentual até dezembro. Com uma taxa de 7,25% — que foi o piso da Selic entre 2012 e 2013 — a poupança necessária era de R$ 907,83. A economia mensal necessária para conquistar este patamar de renda caiu assim em 45%, embora o nível atual de inflação ainda dificulte a tarefa do investidor.
Existe um certo alívio para quem está poupando. O aumento dos juros é um benefício nesse sentido, apesar de encarecer o custo do crédito em geral. Mas, claro, os juros não devem voltar a ser o que foram no passado, e quanto mais cedo se começar a guardar o dinheiro, melhor — diz Myrian.
Quem começa a poupar mais tarde, aos 50 anos, por exemplo, precisará de uma economia mensal maior para se aposentar com a renda de R$ 5 mil. O depósito seria de R$ 2.758,85 por mês com a Selic a 10%. As simulações consideram planos com taxa de administração de 3% e taxa de carregamento de 2%. Os valores não deduzem o Imposto de Renda (IR), que varia de acordo com a tabela escolhida — regressiva ou progressiva — assim como a modalidade do plano, que pode ser Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). É preciso ajustar o valor do depósito mensal pela inflação para manter o poder de compra do dinheiro ao longo do tempo.
Previdência não é a única opção
A autônoma Cecília Seabra Gomes da Silva, de 34 anos, sabe que tem o tempo a seu favor. Ela fez um plano de previdência complementar dez anos atrás e agora criou planos para seus filhos Francisco e Inácio, de 5 e 4 anos, respectivamente. Ela diz que mantém suas próprias aplicações em planos conservadores, mas que seus filhos têm fundos com 49% de renda variável.
— Eles têm bastante tempo pela frente antes de usar esse dinheiro, seja em estudo, viagem. Então coloquei um risco maior para eles — afirma Cecília.
Após meses de fraco retorno e baixa captação de recursos, afetados pela turbulência do mercado com os sinais de redução de estímulos na economia dos EUA, os planos de previdência voltaram a ter um rendimento médio positivo no mercado, diz Cláudio Pires, diretor da Mongeral Aegon Investimentos:
— O rendimento agora voltou a ser mais próximo do que os clientes esperam.
Para especialistas, mesmo com a recuperação parcial dos rendimentos, os brasileiros precisam se adaptar à nova realidade de juros (mais) baixos no país na comparação com o histórico das taxas. Os ganhos elevados com aplicações financeiras de baixo risco estão com os dias contados, como na renda fixa. Os brasileiros também vivem cada vez mais. Segundo o IBGE, a expectativa de vida chegou a 73,76 anos em 2010. Na década de 80, era de 62,52 anos.
Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific Pavarini e professor do Ibmec Rio, lembra que os planos de previdência complementar não são a única forma de guardar dinheiro para a aposentadoria. Ele frisa que existem opções como o Tesouro Direto, sistema de compra e venda de títulos públicos pela internet para pessoas físicas.
— Tem títulos com vencimento em 2040 com retorno bom. O risco é o menor que tem e os custos são baixos. É comprar e esquecer, não mexer no dinheiro — explica o professor.
Fonte: O Globo (14/10/2013)
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Fundos de Pensão: Juro em alta alivia esforço para a futura aposentadoria
Postado por
Joseph Haim
às
14:28:00
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