Recursos vão para redução da dívida e investimentos
Depois de TIM Brasil e Telefônica anunciarem a entrada de sócios em seus negócios de fibra, ontem foi a vez de a Oi vender 57,9% do capital da InfraCo, empresa que concentra sua infraestrutura óptica. Sem concorrência, fundos do BTG Pactual e a Globenet Cabos Submarinos arremataram o controle da nova empresa por R$ 12,92 bilhões. A oferta conjunta foi a única apresentada no processo de alienação judicial por propostas fechadas realizado na tarde de ontem, na sala de audiências da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Desde novembro do ano passado, a Oi se desfez de quatro grandes grupos de ativos, cuja venda vai render à companhia R$ 30,7 bilhões. Até 30 de março deste ano, a Oi havia recebido R$ 861,7 milhões em recursos referentes à venda de torres de telecomunicações à Highline do Brasil, de um valor total de R$ 1,07 bilhão.
Também em março a Oi recebeu R$ 250 milhões relativos à alienação de cinco centros de dados. Outros R$ 75 milhões serão pagos em parcelas pela compradora, a Piemonte Holding, segundo fato relevante divulgado pela operadora na época.
A Oi ainda não embolsou ainda recursos da venda de sua operação móvel, arrematada em dezembro por R$ 16,5 bilhões pelas concorrentes Claro, TIM Brasil e Vivo. “Só depois do closing [fechamento do negócio], após aprovações da Agência Nacional de Telecomunicações e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. E, também, de algumas operações internas para separar os ativos”, explica fonte que acompanha em detalhes o processo.
De acordo com o cronograma divulgado pela operadora em recuperação judicial, o fechamento das operações de alienação dos ativos móveis e da fatia na InfraCo está previsto para ocorrer entre o último trimestre deste ano e o primeiro de 2022.
A receita gerada pelos leilões de ativos vai financiar os investimentos da companhia, principalmente na expansão da rede de fibra óptica, e ajudá-la a reduzir seu endividamento.
No fim de março, a dívida bruta consolidada da Oi somava R$ 43,9 bilhões, considerando o valor de face das obrigações financeiras. Já o “valor justo” da dívida reportado pela companhia era de R$ 28,19 bilhões. Neste caso, o valor incluiria um deságio equivalente à antecipação do pagamento de parte da dívida.
A Oi é a terceira entre as quatro maiores operadoras do Brasil a atrair um sócio para seu negócio de fibra óptica. Em movimento similar, a Telefônica Brasil (dona da Vivo) anunciou no início de março o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec como sócio na FiBrasil, com 50% do capital.
O investidor institucional canadense se comprometeu a injetar até R$ 1,8 bilhão na joint venture. A FiBrasil vai oferecer serviços de conexão via fibra óptica no atacado por meio de uma rede neutra, na qual provedores e operadoras são atendidos com isonomia.
Em maio foi a vez da TIM Brasil comunicar ao mercado a venda de 51% do capital da FiberCo, sua empresa de infraestrutura óptica, por R$ 1,63 bilhão. A compradora foi a multinacional IHS, provedora de infraestrutura de telecomunicações que atua em nove países.
A venda de parte do capital da InfraCo não estava prevista no plano de recuperação judicial original aprovado na primeira Assembleia Geral de Credores (AGC) da Oi, realizada em dezembro de 2017. A alienação foi viabilizada por alterações no plano de aprovadas numa segunda assembleia de credores, em setembro do ano passado.
Marcado para as 15h de ontem, o leilão da fatia da InfraCo começou com atraso de quase 30 minutos devido a um problema técnico. Representantes dos fundos ofertantes, da Oi e do Ministério Público, assim como jornalistas e outros interessados, acompanharam o certame pela internet.
Devido a um problema no som do evento virtual, os representantes de fundos do BTG Pactual tiveram de ratificar sua oferta vinculante por meio de uma mensagem no chat do aplicativo de reuniões online utilizado no leilão judicial.
Fonte: Valor (08/07/2021)
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