sexta-feira, 8 de outubro de 2021

TIC: Modelo de privatização do Correios manterá cobertura do atendimento e preço de tarifas. Como ficam os benefícios do Postalis?



Gustavo Montezano disse ainda que não haverá redução no quadro de trabalhadores

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, garantiu, em um evento on-line realizado nesta tarde, que a cobertura de atendimento dos Correios não será reduzida, a tarifa não será aumentada e que estados e municípios vão aumentar suas arrecadações se a estatal for privatizada.

— Nosso projeto garante que a cobertura (de atendimento) não será reduzida. A gente vai manter a cobertura atualizada. Isso está contratuado, é uma obrigação do futuro operador dos Correios — disse o executivo no 4º Fórum CNT de Debates, Desestatização dos Correios: Oportunidades e Desafios para o Brasil.

Montezano falou ainda sobre o aumento de preços de serviços, um dos pontos sensíveis em discussão: — A tarifa do serviço postal é regulada por lei, pelo agente fiscalizador, e não será elevada.

O BNDES é o responsável por contratar os estudos que vão formatar a modelagem da destatização.

O projeto de Lei que estabelece os parâmetros da venda foi aprovado em setembro pela Câmara dos Deputados . Tramita agora no Senado e, se aprovada e sancionada, a estatal vai à leilão, previsto para o primeiro semestre do ano que vem.

— Ela (a modelagem feita pelo BNDES) garante que todos os agentes que se beneficiam direta ou indiretamente dos Correios serão beneficiados e terão as relações com os Correios ainda melhoradas — pontua.

Sobre os empregos, outro tema polêmico a respeito das privatizações, o presidente do BNDES disse ainda não haverá redução no quadro de trabalhadores da empresa e que a visão é que “no médio prazo, a quantidade de funcionários nos Correios tende a aumentar, pois, “os históricos de privatização mostram que empresa fica mais competitiva e moderna e consegue expandir suas operações”.

— A privatização resolverá de uma vez por todas o potencial passivo que esses brasileiros têm nos seus fundos pensão. Equacionará uma insegurança para diversas famílias que não sabem se terão sua aposentaria garantida por eventuais déficits no fundo de pensão.

O presidente do BNDES disse ainda que com a desestatização, os Correios estarão mais preparados para crescer e ganhar espaço no mercado, podendo se tornar o maior operador logístico da América do Sul e até da América Latina, e que estados e municípios vão arrecadar mais com a privatização, pois a empresa privada ficará isenta da imunização tributária aplicada hoje. 

— Isso se encerrará e, portanto, aumentará a arrecadação de estados e municípios onde houver demanda de entregas de correspondências e encomendas físicas.

Secretário cita casos de corrupção nos Correios e Postalis para defender privatização 

O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, afirmou nesta quinta-feira que os escândalos de corrupção nos Correios e no Postalis levaram a um déficit de R$ 13 bilhões no fundo de pensão da estatal. Ele citou os casos investigados pelas operações Greenfield e Recomeço, da Polícia Federal, além do escândalo de 2005, envolvendo o então deputado Roberto Jefferson, para defender a privatização da empresa.  

Mac Cord disse que o aposentado beneficiário do Postalis que imaginava receber R$ 4 mil por mês ao parar de trabalhar hoje recebe R$ 3 mil. Os R$ 1 mil restantes "ficam pelo caminho", segundo ele, para pagar o déficit causado pela corrupção.

"Isso é desrespeito ao trabalhador que economizou dinheiro que foi roubado por administração corrupta. Felizmente hoje os Correios têm administração competente e ética, mas nem sempre foi assim", disse o secretário em evento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) que discute a privatização da companhia.  

Ainda segundo Mac Cord, a suposta melhora da administração dos Correios pode ser atestada pela comparação do prejuízo de R$ 2 bilhões registrado pela estatal em 2015 com o lucro de R$ 1,5 bilhão do ano passado. "Os Correios estão aptos a serem privatizados porque valorizamos o ativo", disse Mac Cord.  

O secretário também afirmou que a empresa investe R$ 300 milhões por ano, enquanto deveria aplicar R$ 2 bilhões por ano. De acordo com ele, a estatal investe por ano 1,5% de sua receita, contra uma média global de 5%. Mac Cord ainda citou a imunidade tributária, que a livraria do pagamento de R$ 2 bilhões por ano em impostos. "[É] dinheiro que deixa de entrar no governo e virar alguma coisa. Seriam 600 mil alunos a mais em escolas a nível fundamental no país. Esse é o tamanho do que Correios pode representar."

Fonte: O Globo e Valor (07/10/2021)

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