sábado, 29 de fevereiro de 2020

Fundos de Pensão: O sétimo continente, a economia da longevidade e os fundos de pensão 2.0 - Parte 3



A economia da longevidade e seu ecossistema

A economia da longevidade vai remodelar o sistema financeiro global e causar (dis)ruptura nos modelos de negócio dos fundos de pensão, companhias de seguros, bancos de investimentos e economias de países inteiros. Ela não passa apenas pelo sistema financeiro. Envolve um verdadeiro ecossistema com vários segmentos e subsetores e fará convergir áreas hoje distintas, como medicina e finanças.

Nunca a história humana viu surgir uma economia tão abrangente e intrincada quanto a economia da longevidade. Uma economia multissetorial, interdisciplinar, conectando dimensões em um nível sem precedentes.

Orbitam e se interconectam nesse ecossistema de extrema abrangência, centenas de iniciativas, indústrias, domínios de ciência e tecnologia. Envolve áreas como biotecnologia, biomedicina, gerociência (estudo do envelhecimento), medicina preventiva, bancos, fintechs, healthechs, insuretechs, agetchs, wealthtechs, neobanks, challenger banks sistemas de previdência, políticas governamentais ... 

Seu alto nível de complexidade representa um risco substancial para os atuais modelos de negócios – fundos de pensão incluídos – porque dificulta de maneira significativa a habilidade das organizações, investidores e mesmo governos em antecipar desafios e identificar oportunidades.   

Entender e transformar em iniciativas inovadoras a esmagadora e complexa quantidade de informações dessa nova economia, pode parecer algo intransponível. Porem, as mesmas ferramentas que permitiram o progresso em outros setores de alta complexidade – análises quantitativas, big data, inteligência artificial - podem ser acessadas e adaptadas para permitir uma compreensão mais profunda da economia da longevidade e para modelagem de soluções.

Na figura abaixo, da Aging Analytics Agency, um exemplo do ecossistema da longevidade na Suíça



Ciência do envelhecimento
Compreender e gerenciar o envelhecimento é algo crucial para a economia da longevidade. Não por acaso, as pesquisas e desenvolvimentos na área da ciência do envelhecimento, a “gerociência”, possuem um papel preponderante nesse ecossistema. Os avanços da biomedicina e biotecnologia começam a nos permitir entender os mecanismos subjacentes ao envelhecimento biológico. Isso está levando ao desenvolvimento de terapias que agem diretamente sobre esses mecanismos para reduzir o processo biológico do envelhecimento na sua fonte. A biotecnologia e a biomedicina estão na vanguarda dos avanços na ciência do envelhecimento.      

A medicina será personalizada, precisa, preventiva e participativa (conhecida como Medicina P4 ou P4 Medicine) e se afastará da abordagem atual baseada no tratamento e cura padronizados aplicadas de modo massificado e indistinto depois que a doença se instalou. Ao invés de medicamentos bem-sucedidos mundialmente, serão utilizadas drogas cada vez mais personalizadas, que agirão com precisão para tratar sob medida pacientes e casos individuais com base na idade, gênero, etnia, genética e estado de saúde. 

Essas e outros tecnologias, a “medicina de precisão” (precision medicine) e a “medicina regenerativa” (regenerative medicine) vêm sendo desenvolvida em vários lugares, mas principalmente numa região chamada de BioValley ou Longevity Valley. Um enclave que se expande ao longo da Alemanha, França e Suíça, abrigando as mais avançadas instituições de pesquisa cientifica nas áreas de biotecnologia e biomedicina, como a Universidade da Basileia, o Instituto Max Planck e a Universidade de Freiburg.

Na economia da longevidade, o prolongamento a vida será indissociável das soluções da área financeira e esses setores caminharão juntos. Vislumbramos uma intersecção entre longevidade e finanças.

Na quarta parte do artigo falaremos das AgeTechs e WealthTechs que compõem o ecossistema da longevidade. 

Fonte: Blog do Eder - Eder C. da Costa e Silva (28/02/2020)

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