quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Meu Bolso: As 7 dicas para organizar a vida financeira depois do Carnaval



Se o ano só começa depois do Carnaval, chegou a hora de dar um passo a frente para ter um 2020 mais próspero

Acabou a festa. Dizem por aí que o ano só começa de verdade no Brasil depois do Carnaval. Pois bem, se chegou o fim de fevereiro e você ainda não fez o planejamento financeiro para 2020, eis aqui a sua segunda chance de iniciar o ano com tudo em ordem.

“Para quem não se planejou e está começando agora, não tem problema. Um dos mandamentos das finanças pessoais diz que a vida é daqui pra frente, não pra daqui pra trás. Em algum momento, o benefício do planejamento financeiro vem. Depois do Carnaval, ainda dá, sim, para salvar o seu ano”, afirma o consultor financeiro André Massaro.

Não sabe por onde começar? Sacuda o glitter, siga nosso passo a passo para a redenção financeira e confie no clichê de que nunca é tarde demais para começar.

1. Dívidas (se não tiver nenhuma, pule para o item 3)
Você imaginou que teria tudo sob controle, mas acabou extrapolando no cartão, ou de repente teve o celular furtado na folia. Talvez, decidiu uma viagem de última hora. Há situações que fogem do controle, outras inesperadas, e depois de um janeiro cheio de compromissos previsíveis (IPVA, matrícula, IPTU) e também com contas não planejadas, você está falido.

A primeira coisa a fazer é saber exatamente o quanto está negativo. “O ideal é que a pessoa faça um orçamento, faça uma análise das contas, de tudo que deve”, diz Massaro.

2. Troque os juros
Sinal de alerta se você está com dívidas no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito. Essas são as primeiras dívidas que você tem de se livrar porque são aquelas com os juros mais altos. A possibilidade de isso virar uma bola de neve é enorme. Concentre os esforços em quitá-las, nem que precise pedir um empréstimo consignado ou até crédito pessoal (que também pode sair caro).

“É preciso sempre comparar as taxas do endividamento atual às de possíveis empréstimos, para saber qual é o cenário mais vantajoso mesmo que a pessoa esteja pagando as parcelas em dia. Por exemplo, trocar uma taxa média de empréstimo pessoal de 6% ao mês, por uma de 1,59% de um empréstimo com garantia de veículo para uma dívida de R$ 10 mil pode significar uma economia de cerca de R$ 19 mil até o fim do contrato”, diz abio Zveibil, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Creditas, fintech de crédito.

3. Somas e subtrações
Você sabe exatamente tudo que entra e sai na sua conta? Se ainda não tem certeza, coloca num papel, na planilha, no aplicativo de finanças pessoais. Você deve saber o quanto paga com contas fixas (água, luz, aluguel, supermercado).

“Ao listar os gastos, a pessoa vai perceber que tem alguns gastos que podem ser evitados. Quando você lista, consegue identificar onde consegue poupar. É preciso tornar os gastos e seus custos de vida totalmente transparente para que você possa tomar a decisão de onde você pode economizar”, afirma Carlos Heitor Campani especialista de finanças do Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

4. Quanto gastar e quanto guardar?
“Não tem receita de bolo. Não tem regra pronta. Mas o recomendável é a pessoa economizar no mínimo de 10% a 15% para previdência e de 10% a 15% para gastos emergenciais. De 70% a 80% da renda seriam para os custos fixos, para custos variáveis do mês e custos de planejamento anual”, afirma Campani.

Para a educadora financeira e consultora Renatta Gomes, quem está começando, pode separar 5% da sua renda líquida (seu salário já com desconto de impostos) para a reserva de emergência. Você deve juntar esse dinheiro até ter o equivalente cerca de seis meses de despesas guardados.

Esse será o seu colchão, aquilo que vai impedir que você precise recorrer a empréstimo ou contrair novas dívidas no cartão ou no cheque especial. Só não se esqueça de que, se usar a grana da reserva, terá de repor o quanto antes.

5. De grão em grão
Investir é um hábito e, como qualquer outro, pode demorar a se tornar algo orgânico, que se faz naturalmente. No começo, vai ser mais difícil, sobretudo para quem está apertado. O ideal é começar aos poucos. Primeiro com pequenas quantidades e depois estabelecer metas.

“Não precisa ser algo radical da noite para o dia. Só de a pessoa se organizar, colocar as contas no papel já é bom. Se ela percebe que hoje não consegue dedicar 10% a 15% para reserva de emergência, não tem problema. Começa com um pouquinho e vai gradativamente ajustando sua capacidade de investir”, afirma Campani, da UFRJ.

A gerente de Desenvolvimento de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, Adriana Zandoná França, recomenda o uso de serviços de Poupança Programada para quem não tem o hábito de guardar dinheiro. “É feita uma reserva automática em data específica, normalmente no recebimento do salário, garantindo a reserva de dinheiro”, diz.

6. Controle de gastos e diversão
É matemática pura. Se você não teve um aumento de salário e quer ter mais dinheiro, o jeito é economizar nas contas. É possível fazer ajustes e ainda se divertir? A resposta é sim. Uma ideia é trocar programas mais caros, como saídas para bares, por outros mais baratos. Pequenos gestos, como limitar o número de vezes que pede comida por aplicativo, fazem a diferença a médio prazo.

“É importante refletir sobre a necessidade de cada compra, separando um valor para os objetivos que podem ser de curto, médio ou longo prazo. As compras, especialmente de menor valor, devem ser feitas à vista, evitando parcelamento para aquisição de produtos supérfluos”, analisa Adriana, do Sicredi.
Mas a vida não pode ser só restrição. Especialistas aconselham que gastos com lazer como férias, celebrações e feriados sejam planejados com antecedência. Dessa forma, há uma motivação para poupar. O objetivo financeiro fica mais fácil de ser vislumbrado e ainda dá para evitar os gastos que se tem quando tudo é feito de última hora.

“A falta de dinheiro nos escraviza. Se a pessoa conseguir adotar uma vida financeira mais regrada, parece que a pessoa se torna escrava das regras num primeiro momento. Mas num segundo momento isso liberta. Viver na loucura gastando dinheiro é uma falsa sensação de liberdade. A pessoa vai ser livre no curto prazo e no longo prazo vai estar atolada em compromissos”, afirma o consultor André Massaro.

7. Várias caixinhas
Juntou os primeiros R$ 2 mil e já quer colocar tudo na bolsa? Calma, calma! Uma das regras das finanças pessoais é ter diferentes caixinhas de dinheiro. Use uma delas para sua reserva de emergência, de preferência os primeiros tostões economizados devem ser direcionados para este objetivo.

Essa caixinha deve ser feita em aplicações de alta liquidez (fácil de tirar e de colocar) e menor rentabilidade. Exemplos: carteiras de bancos digitais que rendem 100% do CDI, Tesouro Selic e, em último caso, poupança.

Se quer guardar dinheiro para as férias, trocar de carro, reformar a casa, pode procurar CDBs, ou papéis do Tesouro Direto de curto ou médio prazos. Os gastos com festas de fim de ano e folia carnavalesca também entram nesta caixinha. Só fique atento aos prazos para que você possa se programar para tirar o dinheiro na hora certa e não vai perder nada no caminho. Algumas aplicações podem ficar negativas quando resgatadas antes do vencimento.

Tem ainda a caixinha do futuro. Em títulos de longo prazo ou fundos de pensão, você pode juntar uma graninha para a aposentadoria. Depois da reserva de emergência e uma caixinha para planos de curto e médio prazo, pode também começar a aplicar na bolsa e engordar o patrimônio.

No fim, você terá uma prateleira diversificada e provavelmente vai curtir um Carnaval ainda melhor no ano que vem.

Fonte: Valor Investe (27/02/2020)

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