terça-feira, 2 de junho de 2020

Fundos de Pensão: Na contramão do mundo, fundo de pensão no país reduz fatia em bolsa desde 2014



É o que mostra pesquisa da Mercer com entidades de 16 países da América Latina, Oriente Médio, África e Ásia, que administram um patrimônio total de US$ 5,2 trilhõesA exposição em renda variável de fundos de pensão de 16 países da América Latina, Oriente Médio, África e Ásia cresceu cinco pontos percentuais desde 2014, enquanto no Brasil caiu, aponta uma pesquisa da consultoria Mercer com entidades que administram um patrimônio total de US$ 5,2 trilhões. O aumento dos investimentos locais em renda fixa, na contramão mundial, é herança dos juros reais altos, mas, com a Selic no menor nível da história, isso deve mudar ao longo do tempo, na visão do líder dos negócios de previdência e investimentos da Mercer no Brasil, João Morais.  

No país, a exposição em renda fixa há seis anos chegava a 61,7% e os dados atuais mostram um patamar de 73,4% - acima da média da América Latina. Já os investimentos em renda variável, que chegaram a quase 30% dos portfólios, caíram para 18,5%. A fatia atual é ainda menor se excluídas da conta as maiores fundações do país: Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa), que possuem investimentos relevantes em bolsa.   

Considerando todo o universo da pesquisa, a exposição em renda fixa caiu de 57% para 49% e as alocações em bolsa passaram de 32% para 37%. O estudo, que é focado em mercados em crescimento, mostra a realidade daqueles que convivem há mais tempo com juros reais baixos. Caso do Japão, cujos investimentos em bolsa dos fundos de pensão ultrapassam 40%. Em Hong Kong, chega a 65%.   

Na América Latina, os fundos de pensão de países como Chile, Colômbia e Peru também têm mais exposição em bolsa do que o Brasil. “São mercados menores que o nosso, além do fato de terem juros reais mais baixos há mais tempo”, diz Morais. Além disso, esses países possuem mais planos de contribuição definida. Nessa modalidade os participantes receberão valores acumulados ao longo do tempo. No Brasil, os planos de benefício definido, que garantem aposentadoria vitalícia, ainda têm relevância.  

“No universo dos entrevistados, há uma busca de grandes investidores por mais investimentos estruturados, multimercados, imobiliários, além da renda variável, como alternativa para maior retorno”, afirmou Morais. O levantamento mostrou um aumento total destas classe de investimentos “alternativos” de 3,7% para 4,5% no período analisado.  

O executivo da Mercer espera alterações significativas no portfólio brasileiro ao longo do tempo, quando as incertezas da crise atual começarem a se dissipar. E o atual patamar da Selic, com perspectiva de mais redução, é um catalisador para aumento da diversificação de carteiras, algo que já era discutido pelos fundos de pensão. “À medida que haja maior convicção de um cenário mais estável, aquilo que começamos a desenhar vai continuar. A diversificação continuará ganhando tração, inclusive no exterior”, disse Morais.  

No Brasil, essa alocação em ativos de fora era das opções mais analisadas por entidades, mas ainda não chega a 1% dos investimentos. A pesquisa da Mercer mostra que essa realidade é bem diferente, por exemplo, no vizinho Peru, onde 48% do portfólio está alocado em bolsa, sendo quase metade disso no exterior.  

As fundações que já implementaram pelo menos parte da estratégia para diversificação no exterior com exposição cambial estão vendo melhores resultados atualmente, apontou Morais. “É importante considerar que como estratégia de longo prazo o investimento internacional faz sentido porque oferece acesso a mercados e setores que não existem no Brasil. E a exposição cambial ajuda a compensar um pouco os prejuízos”.

Fonte: Valor (02/06/2020)

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