quarta-feira, 10 de junho de 2020

TIC: Avanço da digitalização, principalmente do 5G, tropeça em leis obsoletas


 

Presidente da Vivo fala das barreiras de 5G na ‘Live do Valor’ 

As legislações vigentes no país para a instalação de estações radiobase (ERBs, na sigla em inglês) precisam ser revistas com urgência após a pandemia. Sem isso, o avanço da digitalização e a ampliação da cobertura com as tecnologias 4G e 4,5G nas zonas periféricas podem ficar comprometidos, disse Christian Gebara, presidente da Telefônica Brasil, dona da Vivo.  

“O problema do licenciamento de antenas é gravíssimo. São mais de 300 legislações municipais para seguir”, afirmou ontem Gebara, entrevistado da “Live do Valor ”. As regras exigem documentações e tamanhos mínimos dos terrenos para instalação das torres, e ruas com largura de 10 metros, requisitos que as muitas periferias não possuem.    

Segundo o executivo, há risco de a digitalização da economia não se materializar se as legislações continuarem obsoletas. Para a tecnologia de quinta geração de telefonia celular (5G), cujo cronograma do leilão está em revisão pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), será preciso um número maior de antenas para irradiar a frequência.  

O país tem cerca 70 mil ERBs, mas para as aplicação de 5G em serviços de telemedicina, cidades inteligentes e carros autônomos serão necessários entre 210 mil e 280 mil antenas a mais em relação à rede 4G, disse Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações (Abrintel).   

Nos últimos dois anos, alguns municípios perceberam a importância de atualizar as regras de licenciamento. Porto Alegre (RS) foi ícone das dificuldades impostas às operadoras, mas em dezembro de 2018 mudou a legislação. Stutz também citou como exemplos recentes Santo André (SP), Londrina (PR), Uberlândia (MG) e Campinas (SP).  

Durante a “live”, uma expectadora criticou a qualidade da cobertura das operadoras nas periferias justamente quando parte das pessoas está trabalhando remotamente. Gebara justificou que as regulamentações têm mais de 20 anos, por isso após a pandemia é importante olhar novamente para a questão.  

Em capitais como Madri e Londres, onde a controladora Telefónica está presente, as diferenças das regras brasileiras são enormes, acrescentou. Na cidade de São Paulo (SP), uma antena atende 1.693 habitantes, mas em Boa Vista (RO), são 2.734 pessoas por unidade. A capital catarinense tem a melhor média do Brasil, com 975 usuários por estação radiobase.  

Stutz disse que o maior contraste do país está nos bairros da Vila Nova Conceição, em São Paulo, com mais de antenas por pessoa, e Parelheiros, onde a concentração de usuários por EBR é elevada. “A falta de antenas dificulta o acesso das pessoas ao aplicativo da Caixa Econômica Federal e ao ensino a distância da escola pública.”  

Sobre o efeito da pandemia de covid-19 nos negócios da Vivo, o presidente afirmou que apesar da reabertura das atividades econômicas em diversas cidades, ainda é verificada uma queda no consumo. Parte das 1,6 mil lojas da marca reabriu, mas os atendimentos estão mais voltados para os serviços de pós-venda.  

Em relação ao plano de investimentos para 2020, Gebara disse que os valores são elevados e estão mantidos, embora não tenha revelado as cifras. No ano passado, a Telefônica Brasil desembolsou R$ 8,84 bilhões, sendo boa parte destinada às redes.

Fonte: Valor (10/06/2020)

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