quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Idosos devem evitar viagens, pois há risco de contaminação pela ômicron em transportes aéreos, marítimos ou terrestres



A pandemia de covid-19 tem se agravado novamente com o avanço da variante ômicron. Com sua transmissão mais rápida, quais os riscos de ser infectado dentro de um avião? Os voos representam um local mais arriscado que os demais e devem ser evitados nesse período?  

Para Sylvia Lemos Hinrichsen, médica infectologista e consultora em biossegurança da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), os voos oferecem os mesmos riscos de infecção que outros lugares. "A variante ômicron é mais transmissível em qualquer local, e não apenas no avião", diz a médica.  

Problemas antes do voo 

Um dos problemas relacionados ao contágio durante viagens aéreas, segundo Sylvia, não é necessariamente o avião em si, mas algumas práticas que precedem o voo.  

"É o pré-voo: o aeroporto, o lanche, a fila, o despacho da mala. Em todos esses locais, também há o risco de contaminação caso não sejam tomadas as medidas necessárias de prevenção", afirma a médica.  

Embora os aviões comerciais de grande porte possuam sistemas de ar-condicionado que renovam todo o ar da cabine a cada três minutos, além do uso de filtros especiais que impedem a disseminação dos vírus, é comum ver pessoas tirando a máscara nesses locais.  

Isso é particularmente comum em voos de maior duração, e ocorre não apenas durante as horas das refeições, segundo a infectologista, o que pode favorecer a disseminação da covid-19 e outras doenças.  

Se puder, evite a viagem 

Quem for integrante dos grupos de risco deve evitar ao máximo voar e se expor a situações que favoreçam a infecção pelo vírus.  

"No momento, a minha sugestão é que, se as viagens puderem ser evitadas ou adiadas, vale a pena. Principalmente para quem é de grupo de risco e que possa ter alguma comorbidade", diz a infectologista.  

Isso se deve ao fato de que, embora a variante ômicron seja mais leve que as demais, não é possível saber ainda o impacto sobre pessoas mais idosas ou com comorbidades. "De um modo geral, os mais jovens estão tendo covid em formas mais leves", diz a especialista.  

Testes falhos 

Mesmo sendo exigido que se apresentem testes de detecção do coronavírus negativo antes de voar, há quem esteja viajando contaminado.  

"Muitas pessoas estão fazendo o teste rápido, que apresenta uma quantidade de falso negativo maior, e usam esses testes para viajar de avião. Algumas pessoas também estão dizendo que estão com gripe e circulando, muitas vezes, sem máscara, acreditando que isso não seja um problema", diz a médica.  

No Brasil, não é obrigatório apresentar esses testes em voos domésticos, apenas nos internacionais.  

Como evitar o contágio? 

"O básico já resolve, aliado com as vacinas", diz a infectologista. "Quem for viajar deve seguir as mesmas normas de cuidado e higiene relacionadas à covid-19, como a higienização das mãos e o uso de máscaras. Outra recomendação é utilizar as máscaras PFF2/N95 ou as de tecido combinadas com máscaras cirúrgicas para reduzir a chance de contágio", diz Sylvia.  

Outro ponto é a realização de testes completos, que são mais precisos, mas custam mais caro. Os testes rápidos, segundo a infectologista, além de apresentarem o número alto de falsos negativos, não são tão eficientes para identificar a variante ômicron.  

De uma maneira geral, segundo a médica, as pessoas relaxaram as medidas de barreira, e começaram a viajar, fazer festas, irem a bares etc. "Uma das coisas mais importantes ainda é o isolamento, que tem de ser respeitado", diz a infectologista.  

Voar é mais seguro que estar em um cruzeiro? 

O ambiente de um avião é diferente do de um cruzeiro em um navio. No primeiro, há renovação constante do ar, enquanto, no segundo, isso não ocorre.  

"A chance de contaminação em um cruzeiro é maior. Você fica mais dias, em ambientes fechados, geralmente com restrições para abrir janelas e arejar o local", diz Sylvia.  

Para a infectologista, o longo tempo de confinamento dos cruzeiros e a menor renovação do ar tornam essa viagem mais suscetível à transmissão do vírus.

Fonte: UOL (12/01/2022) 

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