A Amazon começa hoje a vender produtos de sua operação global diretamente em seu site no país, por meio uma loja hospedada na plataforma brasileira - e vai subsidiar parte dessa estratégia. Clientes que fazem parte do programa de fidelidade Amazon Prime terão frete internacional grátis na compra de produtos selecionados.
A ideia é simplificar o processo de compra e o acesso às mercadorias - até então, a aquisição de itens de fora pelos brasileiros poderia ocorrer no site global da Amazon. No Brasil, a venda de itens importados até existia, mas havia uma cesta limitada de mercadorias e a opção também não recebia destaque na página.
Os produtos poderão ser pagos no cartão de crédito em até 10 vezes sem juros e no boleto bancário. Atualmente, em compras de itens abaixo de R$ 300, o site oferece no máximo seis parcelas, segundo simulou a reportagem. Passa a existir uma aba específica de compras internacionais no site, com produtos do estoque próprio da Amazon nos EUA e de lojistas no mundo.
A promessa é de envio dos produtos em até duas semanas para o Brasil, mais prazo de despacho local (até dois dias para 600 cidades). “Com essa mudança, haverá uma redução de mais de 40% no prazo de entrega quando comparado com outras formas de envio que existiam antes no site”, diz Tiago Abel, responsável pela área de operações de varejo da Amazon Brasil.
O movimento intensifica a competição dos marketplaces (shoppings virtuais) no varejo global, sem fronteiras entre os países, disputado por grupos como Alibaba, Mercado Livre e Americanas. Ainda ocorre num período em que a Amazon pode estar colhendo frutos da sua maior agressividade local.
Segundo dados da empresa de análise e coleta de dados Similarweb, em 2020 a Amazon superou o Magazine Luiza em número de visitantes no site (ver gráfico). E atingiu taxa de conversão de visitas em vendas de 3%, inferior apenas a do Mercado Livre (4,5%) e quase empatado com Americanas (2,9%), segundo pesquisa obtida pelo Valor. As outras redes ficaram com índices abaixo de 2,5%.
Na semana passada, o Aliexpress, braço do Alibaba no Brasil, anunciou prazo máximo de 12 dias para entrega em São Paulo de mercadorias vindas da China (a empresa não informou o prazo praticado até então). A B2W, que lançou em 2019 o Americanas Mundo, informou na quinta-feira que as vendas da operação cresceram 109% no primeiro trimestre, em relação a um ano antes.
Na nova loja internacional da Amazon, serão mais de 15 categorias inicialmente (no site local são cerca de 30 segmentos), como itens para casa, moda, eletroeletrônicos, produtos para “pet”, artigos esportivos, entre outros. A Amazon não informa o número de itens à disposição no selo Prime para essa compra no país - apenas cita algumas marcas disponíveis, como Oxo (utensílios de cozinha), KitchenAid (eletroportáteis), Revlon (beleza) e Timex (relógios).
Também não informa o custo do frete que está absorvendo ao não cobrar esse valor do cliente Prime - que paga mensalidade R$ 9,90 ao mês e tem benefícios como acesso ilimitado ao serviço de streaming. “Isso está sendo possível porque passamos a acessar daqui o inventário nos EUA, algo que antes não era possível por questões tecnológicas. A chave disso tudo foi nossa integração logística”, afirmou.
Na operação, os impostos locais ainda devem ser cobrados do consumidor no Brasil, além de existir o peso do câmbio. Isso inclui o imposto de importação de 60% sobre o valor da compra e o ICMS. Somando ambos, o valor do produtos no país pode dobrar, o que acaba limitando uma expansão maior desse mercado.
A empresa informou ainda que não concluiu processo de escolha do novo presidente para a operação brasileira. O executivo Alex Szapiro deixou o cargo em março.
Fonte: Valor (11/05/2021)
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