Executivo deixa maior entidade de previdência das estatais em meio à reorganização de cargos no Banco do Brasil, que abre espaço para indicações políticas
José Maurício Pereira Coelho, presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, renunciou após três anos no cargo.
A decisão foi comunicada nesta terça-feira pela fundação, que é a maior entidade de previdência privada de funcionários de estatais. Somente no seu plano principal, a Previ tem mais de R$ 230 bilhões em ativos. Ele deixa o cargo efetivamente no dia 14 de junho.
A informação foi antecipada pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim. A decisão de Coelho foi anunciada depois de, no último domingo o dirigente da Previ ter se reunido com o novo presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, que vem sendo pressionado a abrir cargos para partidos que integram a base do presidente Jair Bolsonaro, como os do Centrão.
Caberá à atual direção do Banco do Brasil a indicação do sucessor de Coelho. Segundo fontes próximas ao fundo de pensão ouvidas pela Coluna Capital, o nome de Denísio Liberato, atual diretor de participações da Previ, circula internamente como possível indicado.
A troca de comando na Previ ocorre poucas semana depois de a direção da Caixa Econômica Federal promover a troca de diretores indicados pelo banco estatal na diretoria da Funcef, a fundação de previdência dos funcionários.
Ribeiro mexe nos cargos do BB a pedido de Bolsonaro
Segundo fontes ligadas ao BB, a substituição já era esperada e tem relação com a mudança no comando do banco federal, patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ao interferir na instituição e provocar a demissão do executivo André Brandão por Fausto Ribeiro, que é funcionário de carreira afinado politicamente com Bolsonaro, o presidente teria determinado uma ampla reformulação nos cargos não só da alta administração do banco, como também em subsidiárias e na Previ.
Na direção do BB, Fausto Ribeiro substituiu seis da sete vice-presidências da instituição e criou mais uma, a de Governo, para a qual foi indicado Antônio Barreto, ligado ao ministro da Secretaria Geral da República, Onyx Lorenzoni.
No cargo há quase três anos, José Maurício Coelho foi indicado por Paulo Cafarelli, ex-presidente do BB, ainda da gestão do governo do ex-presidente Michel Temer.
Caffarelli, que ocupava a presidência da Cielo, empresa de máquinas de pagamentos do BB e Bradesco, também renunciou ao cargo na semana passada.
A vaga foi ocupada interinamente pelo vice-presidente de Finanças, Gustavo Sousa. A empresa diz que fará um processo de seleção via headhunter para escolher um profissional de mercado, voltado para o mercado digital.
Participantes veem renúncia com preocupação
Para os funcionários do banco, a renúncia de José Maurício é vista com preocupação. Diretor do Sindicato dos Bancários do Rio e representante dos trabalhadores do BB, Alexandre Batista diz que ainda não se sabem os motivos que levaram à saída de Coelho, mas o receio da categoria é o de que esteja relacionada a pressões do governo federal no sentido de influenciar a direção do fundo, como na crise que envolveu a Funcef, da Caixa nas últimas semanas:
— A Previ hoje é a galinha dos ovos de ouro, por ser o maior fundo de previdência fechado do país. Nosso medo é que essa mudança seja mais um reflexo dessa política de privatização do governo.
Comunicado destaca resultados da gestão
O comunicado divulgado pela Previ ressalta resultados da gestão de Coelho, sem apontar o motivo da renúncia. O texto afirma que o executivo conduziu a entidade “com segurança por cenários desafiadores, com resultados positivos durante toda a sua gestão”.
Segundo a Previ, a gestão de Coelho conseguiu reverter, já no fim de 2018, seis meses após sua posse, o déficite do ano anterior, mantendo superávits desde então.
“A sustentabilidade da Entidade por meio de uma gestão eficiente e eficaz, em que é possível fazer mais com menos sem perder a qualidade, é um dos objetivos estratégicos da Previ. Nos últimos três anos a redução das despesas administrativas foi de mais de R$ 20 milhões de reais por ano, com uma série de projetos desde a otimização da sede, concluída em 2019, que proporcionou uma redução de 38% no espaço ocupado, até a substituição de sistemas – o que resultará em uma economia de custo e ganho de tempo”, diz um trecho.
Em outro trecho, A Previ faz elogios ao executivo e destaca que “em seu período na presidência provou a diferença que uma gestão ativa pode fazer”.
“Em 2021, liderou a consolidação em uma frase do propósito da Entidade, que resume perfeitamente seus três anos de trabalho: cuidar do futuro das pessoas. Foi isso que ele fez. Ajudou a cuidar do futuro de quase 200 mil associados. A Previ agradece por tudo o que ele ajudou a Entidade a construir”, diz o texto. Veja a íntegra aqui.
Fonte: O Globo (25/05/2021)
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