quinta-feira, 28 de abril de 2022

Fundos de Pensão: Eleição politizada de diretores da Previ (BB) tornou-se antessala da campanha presidencial



Maior fundo de pensão do país, com patrimônio de mais de R$ 230 bilhões, a Previ realiza uma eleição com aroma de prévia da campanha presidencial. 

Está em jogo o controle da poderosa caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil. A disputa envolve duas das seis diretorias executivas da entidade. Dependendo do resultado, o PT pode assegurar o controle do fundo antes do eventual retorno de Lula ao Planalto.  

Iniciada em 18 de abril, a eleição na Previ termina nesta sexta-feira (29). Têm direito a voto cerca de 195 mil funcionários do Banco do Brasil, entre ativos e aposentados. Os dois principais cargos em disputa são as diretorias de Planejamento e de Administração, hoje ocupadas por Paula Goto e Márcio de Souza. A dupla concorre à reeleição com o apoio do PT, do PCdoB e de uma engrenagem sindical da CUT reunida sob o guarda-chuva da Contraf, Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

Concorrem outras três chapas. Entre elas uma que se apresenta como alternativa "apartidária". É encabeçada por duas mulheres: Cecília Garcez (diretoria de Planejamento) e Lissane Holanda (diretoria de Administração). Um dos motes da campanha dessa dupla é evitar que o petismo volte a controlar a Previ de "porteira fechada", como ocorria nos governos de Lula e Dilma Rousseff.  

Das seis poltronas da diretoria executiva da Previ, três são indicadas pelo Banco do Brasil e três são eleitas pelos funcionários. Nas decisões sobre investimentos, o presidente do fundo tem o voto de minerva. Desde meados de 2021, responde pela presidência da Previ Daniel Stieler. Sua chegada foi vista como uma intervenção da gestão Bolsonaro na Previ. A escolha de Stieler foi avalizada pelo senador Flávio Bolsonaro, o primogênito do presidente da República.  

Na hipótese de retorno de Lula ao Planalto, Stieler e os outros dois representantes do comando do Banco do Brasil na Previ seriam substituídos. Daí a perspectiva de que o PT volte a exercer o controle integral do fundo caso se reelejam como representantes da corporação na diretoria executiva da entidade Paula Goto e Márcio de Souza, os preferidos do petismo.  Noutra evidência de contágio da sucessão presidencial, a chapa apoiada pelos partidários de Lula utiliza na campanha para reeleger os seus candidatos o argumento de que seria imperativo erguer a partir da Previ barricadas contra um projeto de lei levado ao forno pelo ministro Paulo Guedes (Economia).  

O esboço da proposta de Guedes prevê o fim da exclusividade dos fundos de pensão de estatais sobre os empregados das companhias públicas. Autoriza a portabilidade dos atuais beneficiários de planos de previdência complementar como a Previ para qualquer instituição financeira, inclusive para bancos privados.  Juntos, os fundos de pensão das estatais têm uma carteira de investimentos de mais de R$ 550 bilhões. 

Os maiores são os de funcionários do Banco do Brasil (Previ), da Petrobras (Petros), da Caixa (Funcef) e da Eletrobras (Real Grandeza).  Sob holofotes, auxiliares de Paulo Guedes afirmam que o objetivo da portabilidade para bancos privados é o de oferecer aos participantes dos fundos estatais a possibilidade de obter melhores taxas de rentabilidade.  

Entre quatro paredes, integrantes da equipe econômica admitem que o projeto foi concebido como uma espécie de "vacina" contra o "risco" de o PT reassumir o controle dos fundos caso Lula prevaleça nas urnas.  Graças às suas carteiras bilionárias, os fundos de estatais destacam-se entre os principais investidores de longo prazo no país. São sócios de grandes empresas. Indicam representantes para os conselhos de administração das companhias, influenciando na gestão. Podem inflar ou esvaziar empreendimentos. Acumulam um histórico de casos de corrupção. Sob Bolsonaro, tornaram-se alvo da cobiça do centrão.

Fonte: UOL (27/04/2022)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".