quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Aposentadoria: Rendimento da previdência privada diminui com a queda da Selic aprovada ontem


Corte da taxa básica de juros e inflação mais baixa exigem atenção redobrada com a modalidade

O discurso tradicional dos bancos e das seguradoras para vender planos de previdência é que se você contribuir com uma pequena quantia durante certo tempo, depois de alguns anos poderá sacar mensalmente valor suficiente para complementar sua aposentadoria do INSS. Uma velhice confortável está ao seu alcance.

Tudo o que você precisa fazer é aderir a um fundo de previdência. Mas o conforto pode custar caro. A taxa de administração em alguns casos chega a 3% ao ano, e, em outras situações, você tem que arcar com taxa de carregamento de até 3% sobre cada aporte realizado.

A contrapartida dos custos elevados é um potencial benefício fiscal: suas contribuições hoje podem ser deduzidas da sua declaração do imposto de renda.
No entanto, lembre-se de que quando fizer os resgates no futuro, terá que pagar o imposto. Para o benefício ser efetivo, sua alíquota hoje tem que ser maior do que quando se aposentar. A aposta é que, na velhice, o leão será mais manso.
Mas, com o passar do tempo, os custos dos planos tradicionais acabaram ficando tão altos relativamente aos rendimentos que a remuneração de alguns deles ficou menor do que a inflação.

Essa má fama fez com que a previdência privada entrasse na companhia dos fundos de prêmio, títulos de capitalização, caderneta de poupança e consórcios para integrar a lista dos cinco piores investimentos, de acordo com os especialistas.

Para ilustrar o impacto da rentabilidade do plano sobre as retiradas no futuro, considere o gráfico abaixo, que mostra quatro resultados para uma possível estratégia de investimento na previdência privada.
A premissa da simulação é que os aportes mensais são de R$ 500 por 30 anos. Depois disso, você irá sacar mensalmente uma certa quantia para complementar a sua aposentadoria. Esse valor vai depender da taxa de juros real do plano.
A taxa de juros real é a diferença entre o rendimento nominal do plano e a inflação, descontados também os custos do plano. Para facilitar a análise, imagine que a taxa de juros real é a mesma durante todo o tempo.

Cada círculo do gráfico representa uma situação diferente. Passando o mouse pelos pontos, é possível visualizar cada alternativa.

Investimento de R$ 500 por mês durante 30 anos: retorno mensal em função da taxa de juros

05001 0001 5000,000,501,001,502,002,503,003,50
Se o juro real for zero, os resgates serão de R$ 600 por 25 anos. Depois disso o dinheiro acaba.

Com juro real de 1% ao ano, as retiradas mensais serão de R$ 790. Já se o rendimento real for de 2% ao ano, os resgates sobem para R$ 1.039. E se os juros reais forem de 3,4% ao ano, o complemento da aposentadoria será de R$ 1.524.

Acompanhe a sua aplicação
É importante que você verifique periodicamente a rentabilidade real do seu plano.

Os dados mostram que no primeiro semestre de 2019 um total de R$ 55 bilhões estava investido em planos de previdência com rentabilidade inferior a 1% ao ano. Se você estiver em um desses, mude de plano o quanto antes.

Outro montante, de R$ 344 bilhões, estava alocado em planos conservadores com rentabilidade acima de 1% ao ano. Mas esse fato não é tão animador se você considerar que metade dos planos desse grupo rendem apenas 1% ao ano real.
O juro de 3,4% ao ano indicado no gráfico é o rendimento líquido aproximado do título Tesouro IPCA+ negociado no Tesouro Direto. É sempre uma opção para ser considerada. Considere também os planos com estratégias mais arriscadas, tendo em vista que o horizonte de investimento é de longo prazo.
Vale a pena entender como o seu investimento está sendo administrado para não ter decepções no futuro.

Fonte: Valor Investe (01/08/2019)

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