terça-feira, 20 de agosto de 2019

Patrocinadoras: Sócio majoritário da Oi defende troca imediata de seu CEO, Eurico Teles, aquele que foi conselheiro da Sistel e saiu ao exigirem reputação ilibada



Gestora GoldenTree diz que pode estudar nova injeção de recursos, mas só se Eurico Teles deixar o comando da tele
 
As divergências entre os acionistas e a alta direção da Oi subiram a um novo patamar com o envio ao conselho de administração da operadora de uma carta na qual a gestora GoldenTree Asset Management defende a imediata substituição do diretor-presidente da companhia, Eurico Teles. 
O executivo e o colegiado divergem com relação à venda de ativos e à forma de capitalizar a companhia, conforme apurou o Valor.

Maior acionista da Oi, com uma fatia de 14,57% do capital social, a GoldenTree diz na carta temer que "o futuro a longo prazo da companhia esteja seriamente comprometido por causa de decisões ruins, do desempenho financeiro e operacional decepcionante e da incapacidade de aplicar importantes princípios de governança corporativa consagrados no plano de recuperação judicial."  

A solução para este problema - argumenta a acionista - está na troca de Teles por um executivo capaz de "implementar totalmente a recuperação operacional da empresa e buscar as oportunidades de valor agregado descritas pela empresa no plano estratégico" divulgado ao mercado em julho.  

A companhia terminou junho com R$ 4,29 bilhões em caixa, uma redução de 31,5% em relação ao primeiro trimestre de 2019. Parte do desembolso está relacionado aos investimentos realizados entre abril e junho, que somaram R$ 2,05 bilhões. A projeção de investimentos para o ano é de até R$ 7,5 milhões. Isso significaria gastar - além dos R$ 3,77 bilhões já investidos no primeiro semestre - pouco mais de R$ 3,72 bilhões até dezembro.  

Para fazer frente a essas necessidades, a Oi aposta na venda de ativos relevantes. Avaliada em cerca de US$ 1 bilhão, a participação de 25% na operadora angolana Unitel está prevista para ser alienada no quarto trimestre. A Oi espera ainda a receber este ano um total de R$ 650 milhões em créditos de PIS/Cofins.   

"Apesar do otimismo expresso pela administração [a respeito da venda de ativos não essenciais], há uma preocupação significativa com a liquidez da companhia", reconhece a GoldenTree na carta enviada na sexta-feira ao colegiado da Oi. Para a acionista, não houve até agora avanço tangível nas negociações para a venda de ativos. No texto, a gestora afirma que, desde a aprovação do plano de recuperação judicial, em dezembro de 2017, a empresa tem apresentado um desempenho ruim em todas as métricas financeiras importantes.  

Fonte que acompanha de perto a recuperação judicial da Oi conta que uma das alternativas vislumbradas pelos acionistas para capitalizar a operadora é a venda da operação móvel. A alienação desses ativos não é vista com bons olhos por Teles, diz a fonte. 
As discordâncias estão relacionadas mais ao momento escolhido para tentar a venda - de extrema fragilidade para a Oi - do que propriamente aos ativos escolhidos, afirma uma segunda fonte.  

Mesmo assim, representantes do conselho da Oi procuraram TIM e Telefônica Brasil para negociar a venda, acrescenta a primeira fonte. Procuradas, TIM Brasil e Telefônica não quiseram comentar o tema.  


As divergências entre Teles e o conselho - na figura do presidente do colegiado Eleazar de Carvalho Filho - vêm crescendo ao longo dos últimos meses. Como outros acionistas, o GoldenTree entende que o conselho teria plena liberdade de substituir a atual gestão - especialmente o CEO e o diretor financeiro. Mas uma decisão judicial de fevereiro estabelece a necessidade de comunicação antecipada à Justiça e ao Ministério Público de qualquer venda de ativos relevantes ou alteração na composição da diretoria.  

O plano de recuperação judicial da Oi prevê a possibilidade de realização de novo aumento de capital no valor de R$ 2,5 bilhões. A operação é vista por parte dos acionistas da Oi como última alternativa, atrás da alienação de ativos e da emissão de dívida. O GoldenTree não descarta aportar mais recursos na Oi, mas faz uma ressalva: "Se as vendas de ativos não se concretizarem, consideraríamos fornecer liquidez adicional, mas isto não é uma opção para nós sob comando da equipe de gestão existente", ressalta a acionista na carta. A Oi optou por não comentar o texto.

Fonte: Valor (20/08/2019)

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