sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Patrocinadoras: BNDES vai começar a fazer modelagem de privatizações, incluindo Telebras e Correios



As privatizações anunciadas nesta semana pelo governo, de companhias como Telebras, Correios, Dataprev e Serpro, ainda vão começar a ser estruturadas.
A modelagem será iniciada agora, uma vez que foi dada a aprovação no conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Não se sabe, portanto, se a venda será parcial ou integral, se as empresas podem ser cindidas em diferentes áreas e vendidas em fatias, afirma uma fonte ligada diretamente a esse processo. O trabalho será feito pela equipe do BNDES em coordenação com o Ministério da Economia.  

O governo federal está ciente de que não deve ter lucro (ou mesmo encontrar demanda) em todas as empresas, conforme uma fonte ligada à pasta da Economia. "Na lista tem coisa boa e coisa ruim, sabemos disso. Tem empresa que é cabide de emprego", diz. "O que vamos fazer é parar de gastar. As estatais deficitárias perdem R$ 18 bilhões por ano."

Parte delas deve atrair maior interesse de investidores estratégicos e financeiros. O Valor apurou que o governo inclui a Telebras na lista de ativos com maior potencial de despertar interesse, apesar do histórico de problemas da companhia. "A Telebras tem 31 mil quilômetros de fibra óptica. Isso interessa não só às empresas de telecomunicações mas a grandes investidores globais", diz a fonte do governo. "O fundo Blackstone, por exemplo, investe nisso no mundo todo e com certeza se interessaria."

Também entre as deficitárias está o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). A estatal de fabricação de chips já teve a liquidação cogitada e pode ter esse desfecho caso não haja interessado em quaisquer de seus ativos.  

A transação dos Correios também é considerada desafiadora. " Os Correios têm uma mega infraestrutura de logística, que um operador privado pode adicionar mais eficiência. Isso é atrativo", diz fonte do governo. "Mas haverá muita resistência nessa privatização e ainda há a questão do rombo do Postalis", afirma, em referência ao fundo de pensão dos funcionários. O secretário de Desestatização, Salim Mattar, considera que o modelo só ficará mais claro em 2020 e que a privatização deve levar "muito tempo". O monopólio da empresa é previsto na Constituição.

"Não tem a menor possibilidade de isso tudo acontecer até o fim do ano, como seria o desejo do governo", diz um banqueiro de investimento. "Ainda tem muita definição a ser feita, inclusive de empresas que já haviam sido anunciadas, como Casa da Moeda. A parte positiva é que a largada foi dada."

Fonte: Valor (23/08/2019)

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