Centro de pesquisa lança relatório de ações ESG de 2021 que já apresentam resultados
O CPQD, centro de pesquisa sediado em Campinas, desenvolve ações de sustentabilidade integradas ao desenvolvimento de soluções de alta tecnologia. Os trabalhos contemplam as áreas de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) e envolve projetos de redução de consumo de água, maior eficiência energética, reciclagem de materiais, tratamento de efluentes e outros. Eles integram seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, que acaba de ser lançado, destacando as ações realizadas durante o ano de 2021 e que já apresentam resultados.
Uma das ações, por exemplo, é o reaproveitamento da água usada para resfriar um de seus laboratórios de teste, que permitiu uma economia de 1.300 metros cúbicos de água por mês. O investimento de R$ 50 mil no equipamento usado no processo de reutilização se pagou em 2 meses e meio, aponta Rubens Maeda, gerente do Polis de Tecnologia, uma espécie de “prefeito” do parque tecnológico do CPQD, que reúne 15 empresas e onde trabalham cerca de 6 mil funcionários.
O retorno financeiro foi obtido com a redução dos efluentes que o parque despeja na rede coletora da Sociedade de Abastecimento e Água e Saneamento S.A. (Sanasa).
O centro de pesquisa, um dos maiores da América Latina, é abastecido com água de três poços artesianos outorgados para uso. Além disso, mantém uma cisterna para armazenar a água da chuva, que depois é usada para regar os jardins e áreas verdes do Polis.
“As ações que desenvolvemos acabam influenciando nos processos e atividades de todas as empresas que integram esse ecossistema de inovação”, afirma. Há também projetos em andamento que atendem todos os integrantes do parque. Um deles é a coleta seletiva de resíduos eletrônicos, que recolheu 1 tonelada de equipamentos eletrônicos, pilhas e baterias no ano passado. Desse total, 48,4% seguiram o caminho da logística reversa, que envolve o descarte, transporte, desmonte e reciclagem da matéria-prima.
“Esse trabalho gera ganhos em duas frentes. Primeiro, evita o descarte desse material no meio ambiente, evitando a contaminação do solo. Também permite o aproveitamento de peças e partes, o que reduz a extração da matéria-prima da natureza, diminuindo os impactos que isso gera”, afirma Maeda.
O CPQD também implantou o sistema de telemedição e telecomando da rede de água, o que permite a detecção em tempo real de vazamento e o imediato reparo. As ações integradas resultaram em redução de 31% no consumo de água.
Outros trabalhos
O CPQD mantém ainda o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), que inclui uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) que trata 33.447 m³ de esgoto com o uso de bactérias aeróbicas. Com isso, o material despejado na rede pública é mais limpo. Outra área de atuação é a busca de redução de consumo de energia elétrica, com o uso de equipamentos mais eficientes e substituição das lâmpadas pelas de LED, que resultaram numa economia de 12%.
“A atuação do CPQD sempre se pautou pela preocupação com os impactos sociais, ambientais e com questões relacionadas à governança corporativa”, observa o gerente de Estratégia, Rodrigo Hodgson. De acordo com ele, a pandemia da covid-19 fez as empresas do parque tecnológico adotarem o home office. Apesar do arrefecimento da doença este ano, muitas companhias adotaram o trabalho híbrido, que associa a atividade presencial e a distância.
Passada essa fase, a expectativa é a volta completa ao ambiente corporativo em 2023, o que deverá aumentar os resultados já obtidos e apontar outros caminhos a serem seguidos. O Relatório de Sustentabilidade recém-lançado “mostra o comprometimento da organização com as práticas de sustentabilidade em todos os seus processos de negócio. Além de trazer um diagnóstico importante de onde estamos em nossa jornada ESG, o documento permite identificar pontos de melhoria, visando aumentar nosso impacto positivo no planeta”, diz Hodgson.
O documento traz, por exemplo, o primeiro inventário de gases de efeito estufa realizado pelo CPQD. Ele mostra que, em 2021, foram emitidos 636,611 CO2e, que é uma medida métrica utilizada para comparar as emissões de vários gases de efeito estufa com base no potencial de aquecimento global de cada um. O levantamento mostra que 77,4% das emissões são indiretas e 22,6%, diretas.
Com os dados em mãos, o centro de pesquisa pode definir ações e intervenções para mitigar os efeitos desses gases. “O inventário permitiu conhecer a quantidade de emissões geradas pela operação do CPQD em 2021, o que facilita o planejamento e implantação de programas e práticas visando a redução das emissões de GEE”, afirma Hodgson.
“Nosso objetivo é adaptar nossa operação e o impacto de nossas soluções para uma economia de baixo carbono e, também, para a preservação do meio ambiente”, completa o gerente de Estratégia. O Relatório de Sustentabilidade do CPQD utiliza como referência os indicadores da Global Reporting Initiative (GRI), os Princípios do Pacto Global e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Além dos muros
O gerente de Estratégia observa que os projetos do CPQD também permitem o desenvolvimento de soluções e equipamentos que buscam a preservação do meio ambiente fora de seus limites. Um deles é um sistema que permite rastrear a carne animal desde a produção no pasto até a venda no varejo. É um recurso importante tanto para o pecuarista quanto para os países importadores, que ampliam cada vez mais as barreiras para produtos vindos de áreas de desmatamento.
As ações de ESG do centro de pesquisas também são voltadas para áreas sociais. Em uma delas, os recursos obtidos com a venda de material reciclável são doados em dobro para entidades sociais, como a Casa da Criança Paralítica. No ano passado, também foram doados 1,82 tonelada de alimentos, produtos de higiene e 50 tablets destinados à educação remota de estudantes carentes durante a pandemia.
Internamente, o CPQD também mantém ações que visam a qualidade de vida, segurança e saúde dos colaboradores, como as campanhas do Outubro Rosa (que envolvem a prevenção ao câncer) e Novembro Azul (doenças masculinas).
Além de divulgar o Relatório de Sustentabilidade, o CPQD também criou o Comitê ESG, com o objetivo de intensificar as ações estratégicas nessa área.
Rubens Maeda observa que o conjunto das ações também beneficia as demais empresas do parque tecnológico, que acompanham os trabalhos desenvolvidos, além de ter seus próprios projetos, o que cria um impacto positivo junto aos clientes. O gerente do Polis de Tecnologia explica que, além da convivência humana em um ambiente agradável, o parque incentiva a integração com o meio ambiente, como os animais que circulam pelo local, desde uma família de seriema a tucanos.
As pesquisas realizadas pelo CPQD são principalmente nos campos da inteligência artificial, conectividade inteligente, mobilidade elétrica, internet das coisas (IoT) e blockchain (cadeia de blocos, em tradução livre), tecnologia que agrupa um conjunto de informações que se conectam por meio de criptografia. Isso permite a realização de transações e outras operações de forma segura.
Fonte: Correio Popular (29/10/2022)
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