A Americanas, que na semana passada reconheceu ter uma dívida de cerca R$ 40 bilhões não explicitados em seus balanços, está nas carteiras de investimentos de 85 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) e de 736 Regimes Próprios de Previdência (RPPS).
Levantamento feito pela empresa de análises ComDinheiro mostra que a soma investida por esse conjunto de entidades em fundos de ações e multimercados que carregam Americanas em seus portfólios alcançava R$ 420 milhões em valores de outubro do ano passado.
Os valores atuais, naturalmente, são outros, até porque muitos fundos de investimento estão reportando prejuízos relevantes nos últimos dias com a queda das ações da companhia. A ação da Americana (AMER3) fechou nesta segunda-feira com queda de 38,41% em relação à sexta-feira passada, ao preço de R$ 1,94. Em relação ao pregão imediatamente anterior ao anúncio da “inconsistência contábil” de R$ 20 bilhões, que dois dias depois saltou para R$ 40 bilhões, a queda já atinge 83,9%.
Segundo a Luz Soluções Financeiras, os institucionais possuiriam uma exposição relativamente baixa à companhia. Dos 40 planos que contratam os serviços da Luz, somente 16 tinham exposição à dívida ou ações da companhia, em percentuais que variam entre 0,01% a 0,82% dos respectivos patrimônios. “É uma exposição muito baixa à dívida e às ações da Americanas, em virtude da orientação de diversificação dos portfólios”, explica o diretor de assuntos institucionais da consultoria, Leonardo Ozório.
Segundo o sócio da Aditus Consultoria, Guilherme Benitez, ainda não é clara a exposição dos fundos de pensão aos papéis da Americanas. De acordo com Benitez, como os gestores de renda fixa têm muitos papéis à disposição, não devem ultrapassar mais de 1% de exposição em dívida da companhia. Já em fundos passivos de bolsa, como o papel entra na composição do Ibovespa, os fundos estão mais expostos. “Mas os papéis estão super espalhados pelas entidades”, reconhece Benitez. “É mais fácil achar quem tem do que quem não tem”.
Além da surpresa com o anúncio dessa “inconsistência cotábil” na Americanas, o mercado passou a prestar mais atenção no futuro da empresa. Como sua dívida atual é de cerca de R$ 40 bilhões, isso representa várias vezes o seu valor de mercado. O mercado teme que a Americanas esteja no caminho de um pedido de recuperação judicial, quando devem se tornar mais claras as cifras negativas que não figuravam nos últimos balanços, assim como as explicações de como foram constituídas e se porventura houve irregularidades ou beneficiários indevidos na sua constituição.
O Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRCRJ) está convocando a auditoria PwC Brasil, que presta serviços de auditoria externa à Americanas, para explicar porque tais “inconsistências” não foram apontadas nos balanços da Americanas dos últimos anos. Além disso, também os contadores internos da empresa vão ser ouvidos pelo CRCRJ.
Fonte: Invest. Institucional (16/01/2023)
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