Estudo traz novas informações acerca da importância do nutriente para a manutenção de funções como memória e aprendizado
Um estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Greifswald, na Alemanha, e publicado na edição de dezembro da revista Psychiatry Research: Neuroimaging, traz novas evidências de que a deficiência de vitamina D tem efeito significante na aceleração do envelhecimento do cérebro.
Os cientistas analisaram imagens de ressonância magnética cerebral de 1.865 pessoas entre 20 e 82 anos.
O grupo focou aspectos como tamanho da massa cinzenta, da massa branca, volume intracraniano, idade do cérebro, além dos volumes totais do cérebro e do hipocampo esquerdo e direito.
Eles estimaram a idade cerebral a partir da própria idade cronológica do participante do estudo e pelo volume do cérebro. Já os níveis de vitamina D foram medidos por coleta de amostras de sangue.
Ao compilar os dados, os autores constataram que indivíduos com deficiência de vitamina D sofriam efeito significativo no envelhecimento cerebral, sobretudo adultos mais velhos.
"Usando dados de uma grande amostra da população em geral, descobrimos que a deficiência de vitamina D estava associada a padrões de neuroimagem de envelhecimento cerebral avançado, o que apoia e amplia resultados anteriores sugerindo uma ligação entre déficits de vitamina D e alterações estruturais cerebrais em idosos", escrevem os autores.
Por outro lado, os "resultados revelaram que os níveis de vitamina D foram positivamente associados ao volume total do cérebro e da massa cinzenta, bem como ao volume do hipocampo".
Os pesquisadores ressaltam que estudos anteriores já apontavam uma relação entre deficiência de vitamina D e desempenho cognitivo prejudicado, como dificuldade de memória, aprendizado e processamento de emoções, por exemplo.
"Evidências convergentes sugerem que a vitamina D e sua forma ativa têm influência direta na estrutura cerebral, na integridade neuronal e na capacidade de memória em humanos e animais. [...] Em humanos, vários estudos investigaram a relação entre o metabolismo da vitamina D e as alterações estruturais do cérebro e particularmente a idade do cérebro, indicando um papel fundamental da vitamina D nos processos de envelhecimento do cérebro", acrescentam os cientistas.
A vitamina D, também conhecida como calciferol, está envolvida em vários processos metabólicos, particularmente na regulação do equilíbrio de cálcio e fosfato.
Existem duas formas naturais de obtê-la, incluindo alguns alimentos (em menor quantidade), e a exposição aos raios ultravioleta da luz solar. Neste último caso, ela é produzida no interior do organismo. O nutriente também pode ser obtido por meio de suplementos (vitamina D3).
"A vitamina D promove a absorção de cálcio no intestino e mantém as concentrações séricas adequadas de cálcio e fosfato para permitir a mineralização óssea normal e prevenir a tetania hipocalcêmica (contração involuntária dos músculos, levando a cãibras e espasmos). Também é necessária para o crescimento ósseo e remodelação óssea por osteoblastos e osteoclastos. Sem vitamina D suficiente, os ossos podem se tornar finos, quebradiços ou deformados", explica o Escritório de Suplementos Dietéticos (ODS, na sigla em inglês), ligado aos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
O órgão ainda acrescenta que "a vitamina D tem outras funções no corpo, incluindo a redução da inflamação, bem como a modulação de processos como crescimento celular, função neuromuscular e imunológica e metabolismo da glicose".
A forma de saber se um indivíduo tem deficiência de vitamina D é pelo exame de sangue, que vai buscar a concentração sérica de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], nome da primeira hidroxilação do nutriente, que ocorre no fígado.
No Brasil, a Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) entende como ideais em adultos níveis de vitamina D acima de 20 ng/ml (nanogramas por mililitro). Todavia, para idosos, o indicado é entre 30 ng/ml e 60 ng/ml.
O mesmo vale para indivíduos que foram submetidos a uma cirurgia bariátrica, que tenham doença inflamatória intestinal, estejam em terapia antirretroviral ou em tratamento oncológico, entre outras condições.
A suplementação deve ser feita sempre sob supervisão médica, com acompanhamento rotineiro dos níveis de vitamina D no sangue.
Segundo a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, a dose diária recomendada é de 600 UI (unidades internacionais) para pessoas até 70 anos; acima desta idade, são 800 UI.
Em excesso, a vitamina D pode provocar sintomas como anorexia, perda de peso, arritmia cardíaca, endurecimento dos vasos sanguíneos devido ao aumento do cálcio no sangue, possíveis danos no coração e a formação de pedras nos rins.
Fonte: R7 (11/01/2023)
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