quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Patrocinadoras: Oi planeja reforço de caixa de R$ 4,5 bilhões



Um dos principais desafios da tele é ter caixa suficiente para manter seu plano de investimentos

A Oi iniciou nova fase em seu processo de recuperação judicial . A chegada de Rodrigo Abreu,  como diretor de Operações, já deu nova rotina à tele carioca. Ele, ao lado de Eurico Teles, que permanece como presidente da empresa, estão estruturando um novo reforço de caixa, que tem potencial para chegar a R$ 4,5 bilhões.  Em conversa com o GLOBO, eles revelaram que a companhia está estruturando uma emissão de títulos de R$ 2,5 bilhões - chamado de emissão com garantia. Além disso, outros R$ 2 bilhões podem vir de financiamento de fornecedores.

Um dos principais desafios da O, que está em recuperação judicial desde 2016, é ter caixa suficiente para manter seu plano de investimentos, conforme acordado com a Justiça. Para este ano, a meta é destinar R$ 7,5 bilhões. Em 2020, a expectativa é investir outros R$ 7 bilhões. Grande parte desses recursos será destinada à ampliação de rede de fibra ótica no país, cuja meta é 16 milhões de casas conectadas com a rede em cinco anos.

- Estamos estruturando a captação, que não será via aumento de capital, com se falou. Será uma emissão de dívida de R$ 2,5 bilhões. Mas ainda não temos uma data para  isso. Estamos no meio desse processo, mas deve ser rápido.  Há um potencial para se chegar a R$ 4,5 bilhões, o que inclui R$ 2 bilhões de financiamento de equipamento via fornecedores – explicou Abreu.

Entrada em 5G com parceiros
Para fazer frente aos investimentos, Abreu destacou ainda que a companhia vai buscar parcerias. A estratégia, diz Abreu, é se aliar a outras empresas do setor. Ele cita a possibilidade de uniões com empresas locais de telecomunicações.  O mesmo modelo pode ser feito nas futuras licitações de espectro, como as sobras de 4G em 700 MGz e a futura 5G, cujo leilão deve ocorrer entre 2020 e 2021.

- No caso do leilão de 5G, vai depender de como vier o modelo proposto pelo governo. Mas o modelo de parceria é cada vez mais utilizado. Já fizemos o compartilhamento de infraestrutura  com a TIM e a Vivo e agora temos até projeto para construir coisas juntas. A Oi vai entrar no leilão de 5G e no de sobras de 4G. Não vemos a Oi sem isso – disse Abreu.

Venda de prédio em Botafogo
Segundo Teles, a oi tem trabalhado para se tornar uma empresa sustentável:

- A companhia está em todo o país e acreditamos que por conta de sua imensa infraestrutura nacional de fibra e última milha, poderá se tornar o provedor nacional de rede de transporte e viabilizador de 5G  – disse Teles .

Um pilar importante dentro do projeto de geração de caixa é a venda de ativos. O mais importante deles deve ocorrer até dezembro, com a venda da Unitel, operadora de Angola, por US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, a Oi já começou a vender parte de seus terrenos espalhados no Brasil. Eurico Teles citou que os imóveis têm potencial parta atingir entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Ele cita a venda de um edifício em Botafogo, na Rua General Polidoro, por R$ 120 milhões como um exemplo do potencial.

- A venda de imóveis é um processo longo, de dois anos. Há outras unidades ainda para saírem em outros lugares. Ao todo, se você juntar ainda torres, data center e venda de fibra onde há duplicidade em áreas não estratégicas, o total de venda de ativos pode chegar entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões – disse Teles.

Abreu rebate as críticas do mercado de que a companhia estaria demorando para vender seus ativos:

-São projetos complexos. Os ativos têm tamanhos diferentes e velocidades próprias. Mas estamos confiantes de que a venda da Unitel será concluída até o fim do ano. Não são ativos que você vende de um dia para o outro. Não existe demora.

Oferta por operação  móvel
Apesar de sustentar a tese de que não faz sentido vender a operação móvel, avaliada pelo mercado entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, Abreu disse que, caso receba alguma proposta, ela será analisada pelo Conselho de Administração da Oi:  

- Se tiver manifestação firme, o conselho vai analisar para saber se a operação gera resultado para a companhia.  Mas hoje não há proposta formal.       

Neste primeiro momento, Abreu vai trabalhar em conjunto com Eurico Teles , atual presidente da Oi e que recentemente foi alvo de críticas de acionistas. Abreu deixou o Conselho de Administração da Oi para assumir a diretoria de Operações. Ex-presidente da TIM, ele era membro do colegiado da Oi desde setembro de 2018, onde atuava como coordenador do Comitê de Transformação, Estratégia e Investimentos. O comitê foi criado em julho deste ano para assessoramento do Conselho no acompanhamento da implementação de um plano de transformação na empresa. A nomeação dele para essa diretoria foi vista pelo mercado como uma transição planejada pelos acionistas para que ele assuma a empresa.

Teles, que vai continuar na operadora nesse período de transição, destacou que seu foco continua sendo o processo de recuperação judicial da empresa.

- Eu vou cumprir o plano de recuperação judicial e o Rodrigo será responsável pela operação da empresa e implementar o plano estratégico, que tem como foco garantir a sustentabilidade da empresa. Ele terá meu total apoio para implementá-lo. Não tenho preocupação sobre data para minha permanência – disse Teles.

Fonte: O Globo (02/10/2019)

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