Sete em cada dez conexões fixas na região Nordeste são de empresas de médio porte
Donas de quase metade do mercado nacional de banda larga fixa, segundo a Agência Brasileira de Telecomunicações (Anatel), as operadoras de médio porte já são líderes nas regiões Nordeste e Sul. Os provedores regionais detêm uma fatia de quase 71% do mercado nordestino, num total de 4,87 milhões de acessos. Já na região Sul a participação das autodenominadas “operadoras competitivas” alcança 57,2%.
Os cálculos são da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), a partir de dados de agosto compilados pela consultoria Teleco.
Em Santa Catarina, a vice-líder Unifique estava em agosto menos de um ponto percentual atrás da Claro em termos de participação de mercado, segundo levantamento da Teleco. “Provavelmente vamos ultrapassá-los quando a Anatel divulgar os números de setembro”, projeta Jair Francisco, diretor de mercado da Unifique. Fundada em Timbó (SC), cidade com menos de 50 mil habitantes, a Unifique tem cerca de 590 mil clientes distribuídos por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
A dimensão continental do país e as limitações das operadoras de grande porte em termos de investimento explicam, em parte, a proliferação de pequenos e médios provedores. “O mercado brasileiro é muito grande e as quatro maiores operadoras não tinham recursos para atendê-lo [integralmente]”, afirma Luís Mazzarella Martins, sócio da JK Capital, assessoria financeira focada em fusões e aquisições, referindo-se à Claro, Oi, TIM e Telefônica. “Elas focaram nas capitais e, principalmente, nas capitais do Sudeste, enquanto milhares de ISPs [provedores de acesso à internet] fizeram um trabalho de ‘formiguinha’ para levar a fibra [óptica] ao interior”. Foi o que aconteceu no Nordeste, acrescentou.
Nesse contexto, a injeção de capital realizada por fundos de private equity foi essencial para dar musculatura financeira a muitos desses provedores. Sócio da consultoria Oliver Wyman para os segmentos de comunicações, mídia e tecnologia, Felipe Hildebrand cita como exemplo desse tipo de investimento a holding Alloha Fibra, criada a partir da aquisição de provedores locais pela gestora EB Capital. Primeira colocada em Sergipe, a Alloha tem mais de 1,3 milhão de clientes.
No Nordeste, as competitivas são líderes no mercado de banda larga fixa em seis dos nove estados. A Brisanet, por exemplo, estava na dianteira em quatro mercados em agosto: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas. Somava, à época 1,01 milhão de clientes. No Piauí, a liderança é da Você Telecom, de acordo com a Teleco.
“As operadoras competitivas surgiram na lacuna das grandes, das incumbentes [companhias privadas que receberam concessões]”, resume Hildebrand, da Oliver Wyman.
Na avaliação de Luiz Henrique Barbosa, presidente-executivo da TelComp, o avanço dos provedores médios no interior do país e em áreas periféricas economicamente é impulsionado pela oferta de pacotes simples, sem serviços de telefonia móvel ou TV paga. Com base em números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua de 2021, que estima em mais de 50 milhões o número de lares conectados à internet via banda larga no país, Barbosa sustenta que as operadoras regionais já ultrapassaram as grandes em número de clientes no país.
De acordo com os números mais recentes disponibilizados pela Agência Nacional de Telecomunicações, havia 43,7 milhões de acessos de banda larga fixa no país no fim de agosto. Desse total, 49,4% estavam conectadas às redes de prestadoras de serviço competitivas. “Na verdade, as competitivas têm market share [participação de mercado] superior a 50%”, afirma o presidente-executivo da TelComp.
Barbosa atribui a diferença entre os números da Anatel e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) à subnotificação no número de conexões. Provedores com menos de 5 mil acessos muitas vezes não informam dados à agência reguladora ou reportam menos acessos do que possuem, afirma ele.
A TelComp estima que existam no Brasil cerca de 20 mil provedores. O total inclui empresas de grande, médio e pequeno porte. Pelo menos 40 grupos têm uma carteira com 50 mil clientes ou mais, informa a TelComp.
Fonte: Valor (31/10/2022)
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