quinta-feira, 27 de abril de 2023

Planos de Saúde: Prejuízo operacional dos planos de saúde salta para R$ 11,5 bi

 


Resultado negativo das operadoras aumentou 12,5 vezes, segundo dados da ANS

O mercado de planos de saúde encerrou o ano passado com um prejuízo operacional (que não considera os ganhos financeiros) de R$ 11,5 bilhões. O resultado é 12,5 vezes pior do que o registrado em 2021. Além disso, é a maior perda registrada desde 2001, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) começou a acompanhar o setor.  

“Desde 2021, o setor observa queda no desempenho com as operações de assistência à saúde. Especialmente nas operadoras médico-hospitalares, nota-se uma ressaca pós-covid, com déficit de R$ 11,5 bilhões no resultado operacional”, informa a agência reguladora.   

O valor das despesas médicas e administrativas das operadoras atingiu R$ 265,1 bilhões, uma quantia superior à receita total que somou R$ 264,2 bilhões no ano passado. “Esse descompasso entre receita e despesa impacta diretamente no índice de reajustes de planos de saúde”, disse Vera Valente, diretora executiva da presidente da Fenasaúde, entidade que representa o setor. A taxa de sinistralidade em 2022 ficou em 89,2%, alta de 2,12 pontos percentuais. Segundo Vera, a expectativa é que o reajuste dos planos individuais fique em 8,8%. A ANS divulga o indicador, que serve de referência para as demais modalidades de convênio médico, no próximo mês.   

Além desse descasamento, o crescimento da receita das operadoras em relação a 2021 foi de apenas 0,33% mesmo com um incremento de 1,5 milhão de usuário de convênio médico durante o ano passado — o que demonstra que os planos de saúde tiveram um “downgrade”. Houve ainda a contratação de planos de saúde com tíquete menor o que afeta o faturamento e rentabilidade do setor, uma vez que os custos médicos continuam subindo em altos patamares. O setor detinha em dezembro um total de 50,4 milhões de pessoas com planos de saúde.  

“No caso concreto do mercado de saúde suplementar, em uma avaliação preliminar, as despesas assistenciais não apresentaram crescimento que possa justificar o aumento da sinistralidade. No entanto, as receitas advindas das mensalidades parecem estar estagnadas, especialmente nas grandes operadoras. Essa análise é compatível com o recente histórico do mercado de saúde suplementar: apesar do expressivo aumento de beneficiários desde o início da pandemia, a sinistralidade não foi tão bem controlada,” informa a ANS.  

Considerando os ganhos financeiros das operadoras — que possuem quantias relevantes em reservas para cobrir possíveis casos de falência — o setor de planos de saúde apurou um prejuízo líquido de R$ 505,7 milhões no ano passado, revertendo o lucro líquido de R$ 2,6 bilhões registrado em 2021.  

A Fenasaúde alerta ainda que há um crescimento expressivo de operadoras de planos de saúde no vermelho. Em 2019, havia 171 operadoras, que juntas detinham 3,8 milhões de usuários, com despesas operacionais maiores do que as receitas. No ano passado, já eram 263 operadoras nessa situação. Essas empresas possuem 18,5 milhões de clientes, o que representa 36% da base total de usuários de planos de saúde. “Esse aumento se dá tanto em operadoras de pequeno e médio portes quanto entre as grandes”, disse Vera. 

Fonte: Valor (24/04/2023)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".