Para quem está pensando em começar a planejar a aposentadoria, importante é começar… agora
A chegada de um novo ano traz aquela vontade de colocar em prática os planos para o futuro. E para quem está pensando em começar a planejar a aposentadoria em um cenário mais longevo, o importante é começar… agora.
“Eu diria para o leitor que janeiro de 2025 é um excelente momento para pensar na sua aposentadoria, se ainda não pensou ainda”, diz Flávio Pretti, planejador financeiro e coordenador da Comissão de Comunicação e Marketing da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro).
Mas se você não faz ideia de como começar a pensar nisso, a gente vai ajudar você.
Antes de mais nada, o ideal é começar a montar primeiro uma reserva de emergência. Trata-se da quantia que se deve guardar para cobrir gastos imprevistos. O objetivo é ter o dinheiro disponível de forma imediata, sem precisar mexer nos seus investimentos principais, em caso de... emergência.
Se você não possui e começa a poupar diretamente para a aposentadoria, corre o risco de precisar acessar esse dinheiro em caso de necessidade. No entanto, os recursos destinados à aposentadoria são investimentos de longo prazo e, por isso, não devem ser utilizados para despesas imediatas, pois você pode acabar perdendo a rentabilidade - explica Mila Gaudencio, educadora financeira.
Quanto à idade ideal, Pretti explica que não há uma data limite para começar a pensar nisso, mas a dificuldade que a média da população enfrenta é se tornar capaz de gerar caixa e guardar dinheiro depois de uma certa idade. “Sempre é possível pensar e planejar, o que muda é a forma e os mecanismos que você vai usar para isso.”
É preciso desmistificar a aposentadoria como ela era há alguns anos, quando a expectativa de vida era muito menor. Hoje em dia, as pessoas vivem mais e por isso uma pergunta é fundamental: por quanto tempo quero usufruir do valor da aposentadoria? E assim, pensar qual é o capital necessário para poder, digamos, estar aposentado neste período.
“Se você aumentar o tempo que precisa estar aposentado, você precisará aumentar o capital a ser investido para isso”, explica Pretti.
O planejador financeiro também chama a atenção para os jovens na faixa dos 20 anos, que já estão começando a pensar na aposentadoria. Sempre uma adversidade pode ocorrer no meio do caminho, como algum acidente ou infortúnio que leve o poupador alguma incapacidade, temporária ou permanente.
“Nesses casos, o mecanismo que o mercado financeiro e seguradoras oferecem é um seguro de vida. Alguém na faixa dos 60 anos não precisa necessariamente de um seguro para repor capital e gerar capital imediato, mas um jovem, com filhos pequenos, pode decidir por um seguro, que entra como um santo remédio para situações como esta”, explica o planejador.
Tendo tudo isso na cabeça, é hora de colocar a mão na massa (e no bolso)
O primeiro passo (depois de conseguir montar uma reserva de emergência) é equacionar as receitas e despesas que se tem, entendendo onde o seu dinheiro é gasto e qual é a sua estratégia para ampliar os ganhos. Com base nisso, separar um pedaço do seu ganho mensal para constituir reservas.
Mesmo ganhando pouco, é possível começar a planejar esse futuro próximo. Gaudencio diz que não existe uma única receita ou mesmo quanto deve ser poupado. Cada pessoa, afinal, tem uma realidade e pode poupar uma certa quantia. Mas a educadora financeira afirma que 10% do que se ganha é um ótimo começo para esse objetivo. Partindo daí, é possível ter uma visão do futuro, sobre quais coisas você gostaria de fazer quando estiver aposentado, e, então, ir aumentando a quantia da aposentadoria de acordo com a mudança dos planos.
“Se eu falar para guardar R$ 500 por mês nos próximos seis meses para comprar uma coisa nova, você provavelmente vai conseguir, é um período muito curto. Mas quanto mais você desloca o tempo para cumprir este objetivo, mais difícil ele fica. Estamos falando sobre trocar alguma coisa que você compraria hoje para conseguir comprar outras coisas no futuro”, explica.
Gaudencio ressalta a importância de entender o prazo para a aposentadoria desejada e o valor da renda futura planejada para realizar os cálculos adequados.
Algumas perguntas que o investidor deve fazer são: “Com que idade estou começando a poupar? Qual será a renda necessária no futuro? E qual é a taxa de juros que estará a meu favor?”. A educadora destaca ainda que, no cenário atual, com a taxa Selic em 12,25% ao ano, investir se tornou uma opção bastante vantajosa para quem busca acumular recursos.
Agora é hora de escolher qual produto financeiro melhor se adequa ao seu objetivo
Os especialistas sempre recomendam diversificar os investimentos para mitigar possíveis perdas. “É importante pensar no longo prazo, e existem recomendações diferentes para cada perfil de investidor, com uma carteira montada de acordo com as necessidades de cada pessoa”, recomenda Pretti.
“No longo prazo, é interessante considerar ações que pagam dividendos. É fundamental estudar e entender quais ações distribuem esses dividendos, pois você pode reinvesti-los, e esses ganhos podem, inclusive, ser considerados como uma opção de renda mensal”, aconselha Gaudencio.
Quando o assunto é diversificação de ações, não se trata apenas de diversificar entre empresas de ações, mas também entre setores.
“Muitas pessoas escolhem ações que pagam dividendos, mas focam em setores que apresentam muitas oscilações, por isso, é essencial buscar uma diversificação entre diferentes setores para equilibrar os riscos”, recomenda a planejadora financeira.
Além das ações, os fundos imobiliários também oferecem opções de rendimentos, pois pagam dividendos, mas neste caso, é importante que o investidor conheça os detalhes desses fundos e saiba escolher bem. É nessa hora que a ajuda de um planejador financeiro pode fazer a diferença na vida do investidor, pois ele pode alocar os recursos de forma estratégica e pensando no objetivo de cada perfil.
Ativos de renda fixa também são muito seguros. A planejadora financeira aponta o Tesouro Renda+ como um ótimo produto, sendo possível começar com pouco a ser investido e fazendo uma simulação do valor da renda que se deseja receber no futuro.
“O Tesouro Renda+ é uma opção segura, pois tem respaldo do Tesouro Nacional e é corrigido pelo IPCA (Índice de preços ao consumidor, indicador considerado pelo Banco Central para calibrar a Selic). Isso é importante pensar porque preserva o seu poder de compra, então serve como uma ótima opção, simples e destinada para qualquer pessoa”, explica.
Já quando o assunto são as previdências privadas, Gaudencio lembra que é preciso ir devagar com o andor. Existem vários fundos de previdência que, atualmente, não estão conseguindo nem acompanhar a taxa Selic. “Por isso, é importante ter uma análise inicial que considere Selic, inflação e outros indicadores para fazer escolhas mais assertivas”, diz.
Os planos de previdência privada podem ser grandes aliados no planejamento financeiro e previdenciário. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) são ótimas opções quando bem escolhidos, priorizando baixo custo e um nível de risco adequado ao seu perfil de investidor. Além disso, oferecem vantagens tributárias significativas e podem ter uma menor incidência de imposto, dependendo da escolha e do objetivo.
Pretti explica que ambos são produtos bastante utilizados no Brasil, mas atendem a perfis e objetivos financeiros distintos. Podem ser usados como ferramentas eficientes para o planejamento da aposentadoria, desde que alinhados ao seu perfil de risco e horizonte de tempo.
Por fim, quando falamos de investimentos de longo prazo voltados para a aposentadoria, é preciso ter em mente que, embora seja possível resgatar o dinheiro em menos tempo, isso pode acarretar perdas financeiras. Isso não significa que o investimento não é seguro, mas, ao resgatar antes do prazo, você pode perder parte dos rendimentos esperados.
O mais importante é saber que você comprou um produto financeiro que só vai mexer depois de muito tempo, de 15 ou 30 anos e a diversificação é o caminho: ao seguir essa estratégia, você entende que, se perder de um lado, pode ganhar do outro.
É importante ressaltar que o teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social, o órgão responsável por pagar os benefícios e a aposentadoria dos trabalhadores brasileiros) atualmente é de R$ 7.786,02. Isso significa que, mesmo que uma pessoa empregada sob o regime CLT tenha um salário superior a este valor, ela não conseguirá se aposentar com uma renda equivalente ao seu salário atual, ficando limitada ao teto previdenciário. Por isso, é essencial considerar investimentos complementares para garantir uma aposentadoria mais próxima do padrão de vida desejado.
Pretti ressalta a importância de dizer que hoje há muita informação disponível sobre planos de aposentadoria, no entanto, nem sempre elas são boas. “É necessário tomar cuidado sobre onde se está tomando esses conselhos”, aconselha.
Além de começar este extenso planejamento, os especialistas recomendam discutir este assunto com os amigos e familiares, mostrando a eles sobre a importância desse planejamento prévio.
Fonte: Valor Investe (17/01/2025)
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