sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Idosos no Mundo: Idosos vibrantes e jovens sem brilho; contraste geracional afeta economia da China

 


Análise de influente economista do país, Gao Shanwen, alerta para o menor padrão de consumo da população mais nova, sob efeito de um desemprego que é três vezes a média nacional

Os jovens da China têm drenado o vigor do consumo como um resultado de perdas amplas de emprego em um contraste marcante com os hábitos dos mais velhos, que permanecem estáveis desde a pandemia, de acordo com um proeminente economista chinês.

Embora o envelhecimento demográfico da China possa atrapalhar a economia no longo prazo, os idosos se destacam cada vez mais por suas finanças mais saudáveis e resiliência, de acordo com Gao Shanwen, economista-chefe da SDIC Securities, que já assessorou reguladores e principais autoridades do país.

“Quanto mais jovem é a população de uma província, mais lento tem sido o crescimento de seu consumo”, disse Gao em uma conferência para investidores em Shenzhen na terça-feira (3), citando sua análise de dados regionais.

Em declarações públicas transmitidas ao vivo em diferentes plataformas, ele descreveu a sociedade chinesa pós-pandemia como sendo “cheia de idosos vibrantes, jovens sem vida e pessoas de meia-idade desesperadas.”

Viral econômico

Os comentários implacáveis rapidamente chamaram a atenção nas redes sociais da China, incluindo o Weibo, em que vídeos e transcrições do discurso de Gao têm sido uma tendência.

A franqueza foi ainda mais incomum em um momento em que analistas locais tentam moderar sua linguagem ou até mesmo censurar certas palavras, como “deflação,” enquanto as autoridades pedem uma narrativa mais positiva sobre a economia.

Muitas das gravações e anotações do discurso de Gao postadas no Weibo e no WeChat foram removidas na manhã de quarta-feira (4), com algumas páginas mostrando que havia reclamações de que o conteúdo violava as regras para contas públicas online.

Motor do consumo?

Há menos de quatro anos, o jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, exaltava os jovens como uma força, dizendo que estavam “se tornando o principal grupo consumidor de muitos produtos populares.”

As vendas no varejo têm sido fracas desde a piora na disseminação da Covid-19 em 2022, com a confiança do consumidor sendo impactada pelas medidas da pandemia e pela pior crise imobiliária da história recente da China.

À medida que a economia desacelerava, cortes salariais generalizados e demissões também pressionaram os orçamentos domésticos e limitaram os gastos.

Embora uma recente campanha governamental para subsidiar a compra de carros e eletrodomésticos tenha levado a uma recuperação do consumo, o crescimento ainda está muito abaixo dos níveis pré-pandemia.

Efeito pandemia

Antes da pandemia, não havia uma forte correlação entre o crescimento do consumo em uma região e seus padrões demográficos, segundo Gao.

A mudança nos últimos anos reflete o fato de que os pagamentos de pensões para aposentados permaneceram estáveis, enquanto as perspectivas de emprego para os jovens diminuíram, afirmou.

“Pelo menos para os jovens, sua confiança na renda futura caiu significativamente, sua atividade de gastos foi limitada e sua disposição para comprar casas também foi restringida,” disse ele. “Mas todos esses problemas não existem para a população idosa.”

O desemprego entre os jovens permaneceu elevado em 17,1% em outubro, mais que o triplo da taxa de desemprego nacional em áreas urbanas.

Estima-se um total de 47 milhões de pessoas que não conseguiram encontrar trabalho formal nas cidades nos últimos três anos, embora a taxa oficial de desemprego tenha se mantido estável, disse Gao, citando sua análise de tendências pré-pandemia nos números de emprego urbano.

Isso é equivalente a 10% da força de trabalho urbana da China no ano passado, com base em cálculos da Bloomberg News com estatísticas oficiais.

Essas pessoas podem ter retornado às suas cidades natais no campo ou se voltado para trabalhos temporários, o que significa que não são contabilizadas nas estatísticas oficiais, afirmou o economista.

Outras análises independentes também apontaram para um mercado de trabalho mais fraco do que o mostrado nos dados oficiais.

Em outra declaração ousada, Gao estimou que o Produto Interno Bruto da China pode ter sido superestimado em dez pontos percentuais nos últimos três anos, com base em sua análise da discrepância entre os dados de crescimento econômico e a expansão em áreas como consumo, investimento e força de trabalho.

Vários outros economistas questionaram a precisão dos dados oficiais sobre o crescimento do PIB em 2022 e 2023.

Fonte: Bloomberg (05/12/2024)

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