As fundações fechadas de previdência complementar, os fundos de pensão, possuem mais de R$ 1 trilhão sob gestão para apoiar a aposentadoria de seus funcionários. Mas agora elas não estão restritas a esse público. Por meio de planos família, ampliaram seu escopo e essa nova realidade deu ao setor uma oportunidade para crescer, competindo com gigantes do mercado de previdência, como bancos e seguradoras.
Em 2017, a Previc, reguladora do setor, regulamentou os planos família, que podem ser oferecidos para parentes de até quarto grau, podendo incluir desde netos, sobrinhos, cunhados e primos. Segundo dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), os planos famílias já possuem mais de 60 mil participantes e mais de R$ 1,6 bilhão sob gestão.
Mas a expectativa é que esse número cresça rapidamente com mais fundações abrindo planos e as que já o têm agora implementando estratégias mais ambiciosos de crescimento. A Valia, fundo de pensão da Vale, com cerca de R$ 30 bilhões sob gestão, iniciou em 2018 o seu projeto de plano família como plano de sustentabilidade da fundação.
“Antigamente, as empresas cresciam e os empregados ficavam a vida inteira naquela companhia. Hoje em dia, a dinâmica é muito diferente e precisamos achar soluções para se manter sustentável nesse novo mundo", diz Elisabete Teixeira, diretora de seguridade da Valia, ao programa Wealth Point, do NeoFeed.
De acordo com ela, ter um plano mais flexível, que permite resgates parciais para pagar uma faculdade, é uma forma de se modernizar para se manter nesse mercado novo.
A Inovar Previdência (antiga AbrilPrev), com mais de R$ 1 bilhão sob gestão, por exemplo, lançou em 2021 seu plano família. E, no ano passado, de forma pioneira em parceria com a Abrapp, foi instituído um plano que permite a entrada de qualquer pessoa, sem necessidade de vínculo familiar com nenhuma patrocinadora, desde que vinculada ao INSS.
“A ideia é ampliar um benefício que antes era restrito a pessoas que participavam das empresas que patrocinavam, para um público muito maior. Com os planos família, as entidades fechadas de previdência de fechadas já não tem nada”, afirma Cleber Nicolav, diretor superintendente da Inovar Previdência.
Neste ano, a Vale estendeu o plano família também para os seus fornecedores e trabalhadores de outras empresas que estão na cadeia da mineradora, em uma proposta com o seu compromisso social, mas também visando a crescer o bolo da fundação, que possui custos fixos e que são reduzidos com maior patrimônio.
Esses novos planos possuem maior flexibilidade para os participantes, permitindo escolher a contribuição mensal e mesmo fazer resgates antecipados. Mas também para as empresas que querem oferecer esse benefício.
“Empresas no plano patrocinado acabam se amarrando naquele regulamento. E isso acaba afugentando as empresas, que pararam de se interessar por oferecer esse tipo de benefício porque criava um passivo muito grande. Quando você oferece um plano desse tipo, você tem total liberdade de fazer as contribuições que quer e pode fazer”, diz Teixeira.
As fundações têm um oceano azul de crescimento, visto que menos de 10% da população brasileira têm um fundo de previdência. Mas seu principal concorrente é o crescente mercado privado - grandes seguradoras e nomes menores, mas com grande apetite de crescimento.
As fundações têm como vantagem a proximidade com o colaborador por um vínculo familiar e um histórico de rentabilidade atrativo por meio de uma gestão independente de alocação multiproduto. Por outro lado, a desvantagem é a falta de habilidade comercial na disputa com grandes bancos e seguradoras.
Mas a regulação também tem avançado nesse sentido. No ano passado, uma mudança permitiu as fundações fechadas de previdência complementar remunerarem canais de distribuição.
"Isso possibilita que a gente tenha as mesmas condições de uma entidade aberta, que tem os seus corretores, que fazem a venda desses produtos. Agora, passamos a ter essa oportunidade de ter uma veia comercial. Antes, não precisava, já que pescávamos dentro do nosso aquário”, afirma Nicolav.
Fonte: Neofeed (25/04/2024)
Nota da Redação: Enquanto todas fundações preveem crescimento de seus fundos de pensão com a nova legislação em vigor nesse ano, a Fundação Sistel, influenciada por algumas de suas empresas patrocinadoras e por alguns conselheiros deliberativos eleitos retrógrados que só visam sua continuidade no cargo, vai na contra mão do crescimento futuro desejando fechar seu último plano aberto a adesões, o InovaPrev.
Caso o fechamento do plano InovaPrev venha realmente a se concretizar, nenhum novo colaborador do CPQD, Padtec ou Instituto Atlântico poderá usufruir da nova legislação de Inscrição Automática ao plano no momento de sua contratação por uma dessas empresas.
Será o fim programado da Fundação Sistel provocado por um intento eleitoral de manter os conselheiros deliberativos eleitos atuais vinculados ao plano PBS-A, o mais antigo da Fundação Sistel. Além da Sistel sairão perdendo o CPQD, a Padtec, o Instituto Atlântico e a ciência e tecnologia nacional, que deixará de ter um grande incentivo para contratação de novos recursos humanos.
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