quarta-feira, 25 de setembro de 2024

IA: Big techs correm atrás de energia nos EUA para o consumo e refrigeração de plataformas de IA e data centers



A Microsoft quer reativar uma usina nuclear nos Estados Unidos para garantir eletricidade aos seus data centers

Three Mile Island, na Pensilvânia, está desligada desde 2009 e receberá investimentos de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,09 bilhões) da Constellation Energy, com quem a big tech tem contrato de 20 anos.

O reator, com capacidade de 835 megawatts, deve voltar a funcionar em 2028.

Por que importa: os data centers sempre demandaram grandes volumes de energia, mas a popularização da inteligência artificial e dos serviços de nuvem fez o consumo disparar.

Data centers usam 4% da eletricidade nos Estados Unidos, mas o patamar pode alcançar 9% até 2030, segundo o Electric Power Research Institute.

A Agência Internacional de Energia diz que, até 2026, eles poderão consumir mais de 1.000 terawatt-hora de eletricidade no mundo.

↳ O patamar é mais do que o dobro dos níveis de 2022 e equivalente ao uso total de energia pelo Japão.

↳ Pesquisar algo no Google consome cerca de 0,3 watt-hora, enquanto uma consulta usando o ChatGPT, requer 2,9 watt-hora.

Aval dos chefões. Sam Altman, CEO da OpenAI e um dos criadores do ChatGPT, e Bill Gates, cofundador da Microsoft, são defensores da energia nuclear para garantir a ampliação da oferta de eletricidade.

Altman preside o conselho da startup de energia nuclear Oklo, enquanto a TerraPower, cofundada por Gates, iniciou a construção de uma instalação nuclear em junho.

↳ A reativação do reator 2 de Three Mile Island seria a primeira feita nos EUA após um desligamento.

↳ O reator 1 da usina sofreu um acidente no fim dos anos 70 e, desde então, está desativado. Ele não será religado.

Em busca do selo verde. O aumento da demanda de energia pelos data centers é um desafio para as big techs, que têm compromissos para alcançar emissões zero de carbono.

O Google divulgou recentemente que suas emissões aumentaram 50% desde 2019 devido à ampliação dos data centers.

Em maio, a Microsoft fez anúncio semelhante, afirmando que suas emissões aumentaram 33%.

↳da aposta em energia nuclear, a Microsoft anunciou investimento na compra de energia eólica e solar.

↳ A empresa também lançará um fundo em parceria com a gestora BlackRock de mais de US$ 30 bilhões para fortalecer a infraestrutura de inteligência artificial.

A proposta de Mark Zuckerberg. O Facebook, outra empresa com grandes investimentos em inteligência artificial, prevê que a solução será a energia geotérmica.

A energia usa o calor do subsolo, principalmente de áreas com atividade vulcânica.

No ChatGPT uma garrafa de água a cada 100 palavras

Cerca de um quarto dos americanos usou o ChatGPT desde o lançamento do chatbot em 2022, de acordo com o Pew Research Center - e cada consulta tem um custo climático.

Os chatbots usam uma quantidade imensa de energia para responder às perguntas dos usuários, e o simples fato de manter os servidores dos bots refriados o suficiente para funcionar nos data centers afeta o meio ambiente. Embora seja quase impossível quantificar o ônus exato, o The Washington Post trabalhou com pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Riverside, para entender quanta água e energia o ChatGPT da OpenAI, usando o modelo de linguagem GPT-4 lançado em março de 2023, consome para escrever uma mensagem de 100 palavras.

Vamos dar uma olhada primeiro na água. Um e-mail de 100 palavras gerado pelo ChatGPT, por meio do GPT-4, consome 519 milímetros de água, pouco mais do que uma garrafa de meio litro. Fazer isso uma vez por semana durante um ano, consome 27 litros de água, quase dois galões e meio água.

Se 1 em cada 10 trabalhadores americanos (cerca de 16 milhões de pessoas) fizerem isso uma vez por semana durante um ano, isso exigirá 435.235.476 litros. É o equivalente ao consumo de todas as casas de Rhode Island durante 1 dia e meio.

Cada prompt no ChatGPT passa por um servidor que executa milhares de cálculos para determinar as melhores palavras a serem usadas em uma resposta.

Ao realizar esses cálculos, esses servidores, normalmente alojados em centros de dados, geram calor. Muitas vezes, sistemas de água são usados para resfriar o equipamento e mantê-lo funcionando. A água transporta o calor gerado nos data centers para as torres de resfriamento para ajudá-lo a sair do prédio, de forma semelhante à maneira como o corpo humano usa o suor para se refrescar, de acordo com Shaolei Ren, professor associado da UC Riverside.

Onde a eletricidade é mais barata ou a água é comparativamente escassa, a eletricidade é frequentemente usada para resfriar esses armazéns com grandes unidades semelhantes a aparelhos de ar-condicionado, disse ele. Isso significa que a quantidade de água e eletricidade que uma consulta individual exige pode depender da localização do data center e variar muito.

Mesmo em condições ideais, os data centers geralmente estão entre os maiores usuários de água nas cidades onde estão localizados, dizem os defensores do meio ambiente. Mas os data centers com sistemas de resfriamento elétrico também estão causando preocupações, pois aumentam as contas de energia dos moradores e sobrecarregam a rede elétrica.

Consumo de energia elétrica para o ChatGPT

Veja a seguir quanto uma consulta consome de energia elétrica. Um e-mail de 100 palavras gerado pelo ChatGPT, por meio do GPT-4, consome 0,14 quilowatts hora (kWh), equivalente ao consumo de 14 lâmpadas de LED por uma hora. Fazer isso uma vez por semana durante um ano, consome 7,5 kWh, equivalente ao consumo de 9,3 lares da cidade de Washington por uma hora.

Se 1 em cada 10 trabalhadores americanos (cerca de 16 milhões de pessoas) fizerem isso uma vez por semana durante um ano, isso exigirá 121.517 megawatts hora (mWh), equivalente à eletricidade consumida por todas as residências da cidade de Washington por 20 dias.

Os data centers também exigem grandes quantidades de energia para dar suporte a outras atividades, como a computação em nuvem, e a IA só aumentou essa carga, diz Ren. Se um data center estiver localizado em uma região quente - e depender de ar condicionado para resfriamento - será necessária muita eletricidade para manter os servidores em uma temperatura baixa. Se os data centers que dependem de resfriamento a água estiverem localizados em áreas propensas a secas, eles correm o risco de esgotar a área de um recurso natural precioso.

Na Virgínia do Norte, que abriga a maior concentração de data centers do mundo, grupos de cidadãos protestaram contra a construção desses edifícios, afirmando que eles não apenas consomem muita energia e não geram empregos suficientes a longo prazo, mas também são uma paisagem que prejudica o valor das casas. Em West Des Moines, Iowa, um foco emergente de data centers, os registros do departamento de água mostraram que as instalações administradas por empresas como a Microsoft usavam cerca de 6% de toda a água do distrito.

Depois de uma longa batalha judicial, o jornal Oregonian forçou o Google a revelar quanto seus centros de dados estavam usando em The Dalles, a leste de Portland; o resultado foi quase um quarto de toda a água disponível na cidade, revelaram os documentos.

Fonte: Folha de SP e Estadão (23/09/2024)

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