segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Fundos de pensão têm déficit de R$ 73 bi até julho, mas entidade do setor estima recuperação. Sistel é exceção

  


Abrapp, entidade que representa o setor, espera que com o resultado positivo de agosto e setembro seja possível reduzir o déficit entre R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões

Os fundos de pensão que tiveram resultados negativos em 2022 até julho acumulam déficit de quase R$ 73 bilhões e representam 63% do sistema, segundo a Abrapp, associação que representa o setor. Os números se equiparam aos níveis de 2016, mas a previsão é de recuperação, segundo o presidente da entidade, Luís Ricardo Martins. 

O executivo estima que com o resultado positivo de agosto e setembro seja possível reduzir o déficit entre R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Além disso, vislumbra o cumprimento das metas atuariais pela maioria do sistema se a bolsa retomar os 119 mil pontos até dezembro.   

O consolidado estatístico da Abrapp mostra que a carteira consolidada dos fundos de pensão teve rentabilidade de 0,54%, acima da TJP (Taxa de Juros Padrão), que ficou negativa de 0,24% em julho. De acordo com o levantamento da Abrapp, os ativos das entidades fechadas somavam R$ 1,15 trilhão em julho.

Segundo o levantamento, enquanto os planos patrocinados tendem a reduzir de tamanho, os instituídos associativos (constituídos por sindicatos, ou associações) e os planos família (voltados aos familiares dos participantes) são o motor de crescimento do setor. Juntos, alcançaram patrimônio de mais de R$ 16 bilhões em julho, ante R$ 14,9 bilhões no começo deste ano. "Temos 50 planos família entre aprovados e a aprovar. Em breve teremos mais de 100 planos", estima Martins. 

De acordo com o presidente da Abrapp, o resultado negativo ainda é reflexo da pandemia do coronavírus, e, mais recentemente, da guerra da Ucrânia, somados à alta dos juros em todo o mundo, inflação e discussão do processo eleitoral. "A razão disso é conjuntural. Temos visto uma recuperação e apostamos nas políticas [de investimento] de longo prazo", afirma.  

Mudanças à frente 

Depois de seis anos à frente da associação, Martins deixará o cargo em dezembro. Ele teve dois mandatos de três anos. O entendimento é que não haverá chapa concorrente com a da situação, que será formada por Jarbas de Biagi, ex-presidente do Banesprev e atual diretor financeiro da OABPrev-SP, e Cláudia Trindade, presidente da Fusan, fundo de pensão dos funcionários da Sanepar, empresa de saneamento Paraná. 

A próxima diretoria terá um mandato de transição, que terá duração de dois anos. A exemplo de outras entidades como a Associação dos Investidores no Mercado de Capitais (Amec) e Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), na sequência a presidência da Abrapp será assumida por uma gestão profissional. "A Abrapp precisa presidente profissional, remunerado, sua representatividade é muito grande e precisa de alguém 100% focado", afirma Martins. 

O executivo reconhece um distanciamento da atual da gestão da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), comandada há alguns meses por José Roberto Savoia. As mudanças realizadas na diretoria recentemente são alvos de crítica da Abrapp. "A três meses do encerramento do mandato de um órgão ligado ao governo, não podemos encarar como uma mudança normal. À Abrapp compete manter sua relação institucional, independentemente de quem esteja à frente do órgão de supervisão", diz. Na carta destinada aos candidatos presidenciáveis, a entidade defende que a Previc, que tem status de autarquia, seja promovida a uma agência reguladora.

Fonte: Valor (14/10/2022)

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