sábado, 13 de janeiro de 2024

TIC: Empresas de tecnologia entram em nova fase de demissões

 


Após uma onda de demissões em massa entre o fim de 2022 e ao longo do ano passado, o mercado de tecnologia entra em 2024 em nova fase de ajustes, promovendo cortes onde encontra espaço para enxugar custos, e reorganizar áreas de negócios e perfis de profissionais.


A Alphabet, controladora do Google, e a Amazon entraram em 2024 anunciando cortes de centenas de funcionários. No caso do Google, as demissões foram anunciadas nas divisões de engenharia, assistente de voz e de dispositivos (como o celular Pixel). A revisão, que passa por todas as áreas, já foi aplicada no serviço de rotas Waze, que teve cortes em junho do ano passado, por exemplo. O foco, diz o Google, é redirecionar forças para a inteligência artificial, incluindo a IA generativa - área onde a Microsoft avança a passos largos.

Já a Amazon enxugou equipes nas áreas de negócios Prime Video, MGM Studios e na plataforma de streaming de jogos Twitch, em um movimento de consolidação. A MGM foi adquirida em março de 2022 por US$ 8,5 bilhões, e o Twitch, em 2014, por US$ 970 milhões.

Nesta quinta-feira, a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, também promoveu um corte envolvendo 60 gerentes de programas técnicos do Instagram. Segundo informou o site especializado Business Insider, os cargos serão extintos.

O número de demitidos do Google e da Amazon não foi informado pelas empresas, mas são ajustes finos após uma onda de demissões em massa promovida pelas “big techs” no ano passado.

Há um ano, o Google anunciou um corte de cerca de 12 mil funcionários, ou 6% de sua força de trabalho, equivalente a 200 mil pessoas à época. Em 30 de setembro, a empresa contava com 182 mil colaboradores. Na mesma semana, a Microsoft anunciava o corte de 10 mil pessoas, o equivalente a 5% dos 220 mil funcionários à época, mas houve cortes posteriores como a redução de 668 funcionários em sua rede social LinkedIn, em outubro.

A Amazon demitiu 27 mil funcionários em 2023, o equivalente a 1,8% de sua força de trabalho, enquanto a Meta fechou o terceiro trimestre do ano passado com 66.185 funcionários, uma redução de 24%, ou quase 21 mil pessoas, ante o terceiro trimestre de 2022.

Em 2023, 1.186 empresas de tecnologia eliminaram 262.682 empregos, segundo o site Layoffs.fyi, que monitora demissões no setor. Neste ano, desde 1º de janeiro, 4.541 trabalhadores foram dispensados por 27 empresas do setor. A mais recente foi a plataforma de comunicação Discord, que cortou 17% da equipe, ou 170 funcionários, ontem.

“A tendência atual é muito mais de uma rotação de profissionais, muitas em torno do foco em IA, do que de enxugamentos em massa, que já foram feitos nos últimos anos”, avalia Thiago Lobão, sócio da Catarina Capital, gestora especialista em investimentos em tecnologia.

Na quarta-feira, após o anúncios de novos cortes, as ações da Alphabet e na Amazon tiveram alta de 0,91% e 1,10% no pós-fechamento da Nasdaq. Já nesta quinta-feira (11), as ações fecharam em queda de 0,14% (Alphabet) e de 0,94% (Amazon).

Assim como no Google, a revisão de áreas de negócios, com o olhar em IA, também se aplica à Microsoft e à Meta, tanto em estratégias de negócios como na aplicação da IA generativa dentro de casa.

“Principalmente em áreas de negócios mais recentes de IA generativa, as empresas começam a recrutar menos talentos operacionais, a buscar os mais especializados e vão abrindo mão de profissionais cujas funções podem ser automatizadas”, observa Lobão. “E por que não aplicar as ferramentas de IA na própria gestão?”, ele completa.

Procuradas pela reportagem do Valor, as subsidiárias brasileiras da Microsoft e da Meta disseram que não vão comentar o assunto. O Google não informou se as demissões recentes afetam a operação no Brasil.

Em comunicado, a empresa disse que “diversos times fizeram mudanças na segunda metade de 2023 para se tornarem mais eficientes” e que “alguns times continuam a fazer essas mudanças organizacionais, que incluem a eliminação de alguns cargos globalmente”.

A Amazon não informou se os cortes na divisão Prime Video impactam a estrutura brasileira. Em comunicado, Mike Hopkins, vice-presidente sênior do Prime Video e da Amazon MGM Studios, afirmou que a empresa analisou todos os aspectos da divisão, ao longo de 2023. “Como resultado dessas decisões, eliminaremos centenas de funções no Prime Video e no Amazon MGM Studios nos países onde atuamos”, disse Hopkins.

Fonte: Valor (12/01/2024)


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