quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

TIC: Por que a Microsoft ultrapassou a Apple e se tornou a empresa mais valiosa do mundo?

 


Na sexta-feira, a Microsoft terminou o dia valendo US$ 2,88 trilhões, enquanto o valor de mercado da Apple encerrou em US$ 2,87 trilhões. O pódio vai se sustentar?

Após ter ultrapassado por um momento a Apple (APPL; Nasdaq) em valor de mercado ao longo do pregão de quinta-feira, 11, no fechamento do mercado de sexta a Microsoft (MSFT; Nasdaq) conquistou, finalmente, o pódio, um feito que tinha atingido pela última vez durante um breve período em 2019.

Na sexta-feira, a Microsoft terminou o dia valendo US$ 2,.88 trilhões, enquanto o valor de mercado da Apple encerrou em US$ 2,87 trilhões. Veja abaixo a lista das 20 empresas mais valiosas do mundo, compiladas por Enzo Pacheco, analista da casa de análises Empiricus:

As 20 empresas mais valiosas do mundo

PosiçãoEmpresaValor de mercado (US$ bilhões)PaísSetor
1Microsoft2887,2EUATecnologia
2Apple2874,7EUATecnologia
3Saudi Aramco2090,7Arábia SauditaEnergia
4Alphabet1795,2EUATecnologia
5Amazon1597,8EUATecnologia
6Nvidia1351,3EUATecnologia
7Meta962,4EUATecnologia
8Berkshire Hathaway791,2EUAFinanceiro
9Tesla695,8EUATecnologia
10Eli Lilly610,3EUASaúde
11Visa544,7EUAFinanceiro
12TSMC525,1TaiwanTecnologia
13Broadcom518,5EUATecnologia
14JP Morgan Chase488,7EUAFinanceiro
15Novo Nordisk483,3DinamarcaSaúde
16UnitedHealth482,4EUASaúde
17Walmart434,3EUAVarejo
18Mastercard402,4EUAFinanceiro
19Exxon Mobil400,4EUAEnergia
20Johnson & Johnson390,9EUASaúde

Fonte: Bloomberg/ Compilada por Enzo Pacheco, da Empiricus

Até o começo de 2019 a posição de maior empresa em valor de mercado do mundo era uma disputa entre algumas das principais big techs. Naquela época, Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet, holding controladora do Google, disputavam o posto pregão a pregão, relembra Pacheco.

Mas em meados daquele ano a Microsoft passou a ser a maior empresa por algum tempo, graças à mudança que fez em sua estratégia desde a metade da década passada, quando passou a oferecer cada vez mais produtos e serviços relacionados à computação em nuvem.

Entretanto, a visão dos investidores de que o ecossistema da Apple permitiria a companhia entregar resultados cada vez melhores, principalmente por meio do crescimento de sua linha de serviços, como o Apple Store e Pay, fez com que a criadora do iPhone voltasse à disputa.

Desde então a fabricante do iPhone só foi retirada do posto por um curto espaço de tempo pela Saudi Aramco pouco depois do IPO da petroleira até o momento em que a pandemia depreciou os preços da commodity. No último mês, após uma queda de mais de 6% no preço de seus papéis, impulsionada por recomendações de vendas de suas ações por analistas de grandes bancos estrangeiros, a Apple perdeu o posto mais uma vez pela Microsoft.

Direções opostas

Mas por que a Microsoft conseguiu ocupar o topo do pódio agora? A resposta envolve uma conjunção de fatores, que do lado da Apple se traduz em resultados mais fracos e falta de inovação, enquanto do lado da Microsoft se resume em balanços mais fortes e a dianteira na corrida do uso da inteligência artificial generativa.

Como resultado, a visão do diretor de análise de tecnologia do Itaú BBA, Thiago Kapulskis, é praticamente oposta para ambas as ações. Enquanto o analista espera que a Microsoft encerre o ano cotada a US$ 436, o que significa uma alta de 12% com relação ao preço de hoje, o preço-alvo que coloca para os papéis da Apple é US$ 159, o que representa uma desvalorização de 14,5% em relação à cotação atual. "Acredito que a liderança da Microsoft seja sustentável ao longo do ano".

A Apple já registra quatro trimestres seguidos de queda na receita. Na visão de Pacheco, da Empiricus, isso fez com que os investidores passassem a questionar a capacidade da companhia de retomar o caminho de receitas crescentes. "O tempo médio que um usuário fica com um smartphone vem aumentando ao longo dos últimos anos. Há também uma falta de novidades na sua linha de produtos".

Se a temporada de balanços que começou na sexta pode mudar o panorama? Kapulskis está pessimista. "É provável que seja registrado um balanço pior do que o esperado, dado que as últimas notícias sobre venda de iPhones com desconto na China não são animadoras. Já a Microsoft registra resultados fortes nos últimos 10 anos. Enquanto o tema de computação em nuvem ainda é pequeno na Apple, é relevante na Microsoft. É um segmento com muito potencial para crescer: apenas 30% da população utiliza o serviço".

Mesmo que o óculos de realidade aumentada da empresa liderada por Tim Cook, o Vision Pro, seja um sucesso, os analistas questionam a capacidade das vendas serem suficientes para mudar os rumos do negócio. "Considerando que o produto seja um sucesso e venda US$ 4 bilhões em seu primeiro ano, estamos falando de um aumento de apenas 1% na receita anual da companhia", calcula Pacheco. O produto será lançado no mês que vem nos Estados Unidos por cerca de US$ 3,5 mil.

Somado a isso, a Apple tem “ficado para trás” quando o assunto é inteligência artificial. Nesse cenário, os investidores vêm preferindo apostar em empresas que já têm demonstrado suas intenções nesse campo. A Microsoft investiu US$ 13 bilhões na empresa na criadora do Chatgpt, a OpenAI, e integrou o Copilot, seu assistente de IA, aos seus produtos.

"Algumas estimativas apontam que se 10% dos clientes corporativos da Microsoft utilizarem o Copilot, cuja licença tem preço inicial de US$ 30, isso pode representar um aumento de US$ 9 bilhões a US$ 14 bilhões na receita anual da companhia. A receita anual da empresa no último ano fiscal foi de US$ 212 bilhões", diz Pacheco.

Kapulskis acredita que novos celulares com ferramentas de inteligência artificial integradas poderiam mudar o jogo para a Apple. Mas a empresa tradicionalmente lança produtos apenas no final do ano, o que dificilmente mudará as perspectivas para as ações da empresa em 2024. "Enquanto isso, já é possível ver o impacto da inteligência artificial generativa nos balanços da Microsoft. Não é apenas uma história".

Fonte: Valor Investe (15/01/2024)

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