segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Idosos: Idade influencia na eficácia das vacinas contra covid-19



Estudo feito por pesquisadores brasileiros com 75,9 milhões de pessoas imunizadas com as vacinas da AstraZeneca e da CoronaVac revela que a idade influencia na efetividade das vacinas contra covid-19 e reforça a importância da aplicação de doses de reforço, a chamada terceira dose

Um estudo feito por pesquisadores brasileiros com 75,9 milhões de pessoas imunizadas contra a covid-19 com as vacinas da AstraZeneca e da CoronaVac revela que a idade influencia na efetividade das vacinas contra covid-19 e reforça a importância da aplicação de doses de reforço, a chamada terceira dose.

A pesquisa coordenada por Manoel Barral-Netto, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), avaliou a efetividade dos imunizantes em 75.919.840 pessoas vacinadas no Brasil entre 18 de janeiro e 24 de julho deste ano.

Os resultados mostram que ambas as vacinas são efetivas na proteção contra infecção, hospitalização e óbito, considerando o esquema vacinal completo (duas doses).

A vacina da AstraZeneca/Fiocruz, com 90% de proteção, e CoronaVac com 75%. A pesquisa também demonstrou que as duas vacinas oferecem proteção contra casos moderados e graves de covid-19 frente às variantes de preocupação em circulação no Brasil no período da análise.

No entanto, ao separar os grupos de vacinados por faixa etária, os dados demonstram que há uma redução na proteção com o aumento da idade e que as duas vacinas oferecem graus de proteção diferentes com o esquema vacinal completo.

Dos 80 aos 89 anos, a vacina AstraZeneca teve um índice de proteção contra morte de 89,9%, enquanto a CoronaVac apresentou 67,2%. Acima dos 90 anos, esses índices ficaram em 65,4% nos vacinados com AstraZeneca/Fiocruz e 33,6% com CoronaVac.

"Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas", contou Barral-Netto. "A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores."

A queda de efetividade com a idade ocorre também com outras vacinas, de acordo com os pesquisadores. Já havia, portanto, suspeita de que o mesmo ocorreria com as vacinas contra a covid-19.

Efetividade das vacinas após duas doses

Indivíduos que receberam as duas doses da vacina AstraZeneca tiveram uma proteção de 72,9% contra infecção, 88% contra de hospitalização, 89,1% contra internação em UTI e 90,2% contra óbito.

Pessoas com o esquema vacinal completo pela CoronaVac tiveram um risco de infecção 52,7% menor; 72,8% menor de hospitalização, 73,8% menor de ir para a UTI, e 73,7% menor de morrer.

Os resultados da pesquisa foram apresentados ao Ministério da Saúde e ao grupo de especialistas em vacina da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Participaram do estudo pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia); do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia); da Universidade Federal da Bahia (UFBA); da Fiocruz Brasília; da Universidade de Brasília (UnB); da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); da Universidade de São Paulo (USP); da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ); e da London School of Hygiene & Tropical Medicine.

Fonte: Valor Investe (27/08/2021)

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