Segundo levantamento do segundo trimestre, dos 10 maiores fundos previdenciários do tipo multimercado, três ficaram também abaixo do CDI e metade dos de renda fixa se saiu também pior
Um levantamento feito pela Onze, fintech de previdência privada e saúde financeira, mostra que nem todos os maiores fundos previdenciários de renda fixa e multimercado tiveram retorno positivo no segundo trimestre de 2021 e o pior: todos os 20 produtos analisados perderam de seus respectivos índices de referência ("benchmarks") no acumulado do semestre.
Considerando os 10 maiores de renda fixa, apenas metade superou o CDI (0,79% no trimestre). Entre os 10 maiores multimercados, três não conseguiram superar o CDI (ou seja, sete se saíram melhor que esta referência).
Porém, quando comparados os desempenhos dos multimercados com outro índice de referência do mercado, o IHFA, apenas dois entre os 10 ficaram acima do indicador, que rendeu 3,23% no trimestre. Já no acumulado do semestre, todos os 20 fundos perderam de seus respectivos benchmarks.
Resgates
Juntos, os dez fundos previdenciários de renda fixa reunidos pela Onze têm cerca de R$ 197 bilhões em patrimônio, mas sofreram um resgate líquido de R$ 35 bilhões nos últimos seis meses, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Já os multimercados têm cerca de R$ 67 bilhões em patrimônio, e acumularam captação líquida de R$ 8 bilhões no mesmo período.
Segundo a Onze, a tendência de resgate dos produtos de renda fixa de um lado e aplicação em multimercados de outro não se limita aos fundos – é um comportamento visto em outros tipos de produto com as mesmas estratégias. Porém, no caso dos previdenciários de renda fixa, o buraco é mais embaixo.
Dados da Anbima mostram que, considerando as 14 classes de fundos de previdência de renda fixa, houve um resgate líquido de R$ 64 bilhões nos seis meses terminados em junho de 2021. No mesmo período, as duas de fundos previdenciários especificamente de ações (que constam no relatório da associação) somam R$ 7 bilhões de captação e as outras duas de multimercados tiveram captação líquida de R$ 42 bilhões. Não foram contabilizadas as carteiras balanceadas.
“A migração parece estimulada não só pelo patamar de juros historicamente baixo no período, mas também pela maior difusão de conhecimento em finanças e investimentos, o que permitiu a muitas pessoas entender a importância de diversificar melhor seus investimentos, o que inclui a previdência privada, para conseguirem atingir suas metas e objetivos”, comenta a Onze em relatório.
Perspectivas
A fintech traz ainda que, com a perspectiva de continuidade do crescimento da economia global, que pode acelerar se o pacote de infraestrutura americano for aprovado, a renda variável pode ser ainda mais beneficiada.
Mas atenta para a possibilidade de a inflação americana se mostrar persistente e levar o banco central americano (Fed) a reduzir os estímulos monetários. Isso poderia, então, impactar negativamente os ativos de risco (renda variável) em âmbito global.
“No cenário interno, seguiremos com incertezas quanto aos preços das commodities, pois não se sabe se o aumento da demanda se sustentará com o retorno do ritmo normal de crescimento global”, aponta.
Além disso, lembra que a grave crise hídrica pode acelerar o aumento da inflação, levando o Banco Central a aumentar a Selic, taxa básica de juros, para além do nível neutro, o que pesaria no crescimento da economia.
Por fim, é preciso levar em conta os impactos da CPI da covid, que pode influenciar negativamente o preço dos ativos, assim como o desdobramento da corrida presidencial para 2022 - que deve ser incorporado ao preço dos ativos.
“Para enfrentar esse ambiente de incertezas, continuam sendo mais indicados os fundos de previdência diversificados, que investem em diferentes classes de ativo (renda fixa pós-fixada, pré-fixada, indexada à inflação e ações) e moedas, além de diversificarem geograficamente”, pontua a equipe da fintech.
Fonte: Valor Investe (05/08/2021)
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