sexta-feira, 20 de agosto de 2021

TIC: EUA atraem corrida e facilitam visto para profissionais qualificados (TI, engenheiros e médicos)



Estados Unidos têm há algum tempo demanda por trabalhadores com formação superior em áreas como tecnologia da informação, engenharia e medicina 

A busca dos brasileiros com alta qualificação profissional por um visto de permanência nos Estados Unidos ganhou força durante a pandemia. Para especialistas, a frustração com o mercado de trabalho por aqui - somada à política imigratória mais flexível do presidente americano Joe Biden - pode provocar um recorde no êxodo de mão de obra especializada.  

Considerando apenas os pedidos feitos nos consulados do Brasil, a demanda pelo green card de profissionais de “interesse nacional” ou com oferta de emprego nos EUA subiu 36%, de 1.389 para 1.899, no ano-fiscal 2020, encerrado em setembro. “A pandemia pode ter exposto algumas fragilidades do Brasil e isso se refletiu no desejo de imigrar”, diz Wagner Pontes, presidente do D4U USA Group, que presta assessoria a brasileiros que buscam visto de permanência nos Estados Unidos.  

Cerca de 60% dos vistos solicitados por brasileiros são feitos por meio dos consulados - o restante vem pessoas que já estão em território americano. Como desde março as entrevistas finais com os candidatos estão suspensas por conta da pandemia, a fila pelo green card está acumulada.  

Para compensar a paralisação dos processos nos últimos meses, o governo americano aumentou de 140 mil para 260 mil o número de vistos de trabalho para profissionais de alta qualificação que poderão ser concedidos no ano fiscal 2021, que começa em outubro.   

A política mais favorável aos imigrantes a partir da eleição de Biden após um período de fortes restrições no governo de Donald Trump vai além do discurso democrata. Na prática, os EUA buscam fechar lacunas na sua oferta doméstica de mão-de-obra e impulsionar a recuperação pós-pandemia.  

“Vai ser um período do mais justo com imigrantes, com menos burocracia”, avalia o advogado e fundador da AG Imimigration, Felipe Alexandre.  

Para ele, a forma como a pandemia foi tratada no Brasil, com o atraso da vacinação no início do ano, além de dificuldades vividas por pequenas empresários agravou frustrações em muitos brasileiros com a qualidade de vida no país. “Ainda estamos sob esse efeito. As buscas pelo green card continuaram avançando nos últimos meses”, disse.  

Os EUA têm há algum tempo demanda por trabalhadores com formação superior em áreas como tecnologia da informação, engenharia e medicina e profissionais dessas áreas têm, em tese, mais facilidade de obter o green card. “O governo americano tem escutado o pleito de gigantes como Google e Microsoft por mão de obra. Há um reconhecimento de que há escassez em algumas áreas, não é porque essas empresas querem pagar menos”, diz o advogado.  

Os EUA emitem em média 300 mil novos green cards por ano. Considerando apenas os três primeiros meses de 2021, já foram computados mais de 110 mil novos pedidos para o documento de residência, um número nunca antes registrado no período que aponta para um recorde histórico no ano-fiscal 2021.  

Por enquanto, o ano de 2011 registrou o maior número de green cards emitidos na história, com aprovação de 390 mil novas permissões de moradia.  

Apesar do maior interesse americano por determinadas categorias, qualquer profissional com bacharelado e pelo menos cinco anos de experiência em sua área - ou com bacharelado e mestrado -, pode ser considerados acima da média, logo, elegíveis para pleitear o green card.   

Graduado em contabilidade, com MBA em finanças corporativas e experiência de 30 anos trabalhando na área interna de bancos, Wilson Luis Teixeira Silva, 51 anos, foi desligado do último emprego em 2019. Sem conseguir se recolocar no mercado, procurou assessoria jurídica para dar entrada no visto.  

Silva conseguiu aprovação do seu green card de trabalho em meados do ano passado, mas ainda aguarda a data da entrevista no consulado, última etapa do processo, para poder viajar. Casado e pai de duas crianças, ele diz que está em busca de mais segurança, educação e oportunidade de trabalho para a família. “Na minha idade, o mercado de trabalho Brasil fica muito difícil”, diz. “Ainda nem embarquei e já fui chamado para entrevistas por empresas americanas, logo depois de enviar o currículo”, conta. Silva pretende morar na Flórida, possivelmente na cidade de Tampa, onde estão instalados diversos bancos. “Por conta do clima mais ameno, a adaptação será mais fácil”. 

Fonte: Valor (18/08/2021)

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