sexta-feira, 21 de julho de 2023

Planos de Saúde: Alta sinistralidade das operadoras, base para reajuste de planos coletivos, segue impactando toda a cadeia



Fitch Ratings acredita em recuperação mais consistente entre dois a três anos

As operadoras de saúde mostram menor resiliência para suportar um ambiente de negócios desfavorável. A observação é da Fitch Ratings que publicou nesta segunda-feira o relatório especial “O Que os Investidores Querem Saber: Setor de Saúde (Elevada Sinistralidade das Operadoras de Saúde Segue Impactando Toda a Cadeia)”. O relatório da agência de classificação de risco de crédito foi publicado algumas semanas depois dos resultados reportados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),

O relatório cita os principais questionamentos que investidores fazem aos analistas do setor de saúde da Fitch. O foco está nos impactos da elevada sinistralidade de operadoras e seguradoras de saúde, que têm afetado toda a cadeia da indústria, nos perfis operacionais e financeiros das 12 companhias avaliadas pela agência.

“De forma geral, o setor mostrou menor resiliência para suportar um ambiente de negócios desfavorável, o que levou a significativa perda de geração de caixa operacional das empresas e forte aumento da alavancagem financeira, ocasionando diversos rebaixamentos de ratings no primeiro semestre de 2023”, afirma Tatiana Thomaz, diretora da área de Finanças Corporativas da Fitch.

A Fitch acredita que as empresas de saúde devem ter uma recuperação mais consistente de suas margens operacionais apenas dentro de dois a três anos. Até lá, precisarão preservar caixa e desalavancar seus balanços, de forma a trazer os índices de alavancagem financeira para patamares mais compatíveis com os ratings.

Resultados do setor

A ANS divulgou há poucos dias os dados econômico-financeiros relativos ao 1º trimestre de 2023 das operadoras. O principal aspecto que explica o desempenho nas operadoras médico-hospitalares do setor continua sendo a sinistralidade, que fechou o trimestre em 87,2% (cerca de 1,2% p.p. acima daquela apurada no 1º trimestre de 2022). Tal resultado foi fortemente impulsionado por algumas das maiores operadoras do país e ilustra que mais de 87% das receitas advindas das mensalidades são “consumidas” com as despesas assistenciais.

De acordo com a ANS, a sinistralidade observada nos primeiros trimestres de 2018 e 2019 não superava 82%. Os altos patamares pós-Covid podem ser explicados mais em razão da lenta recomposição das receitas dos planos – principalmente das grandes operadoras –, do que pela variação das despesas assistenciais pelo aumento da utilização dos serviços de saúde.

As informações financeiras enviadas pelas operadoras de planos de saúde à ANS demonstram lucro líquido de R$ 968 milhões. Em termos relativos, esse resultado equivale a aproximadamente 1,45% da receita efetiva de operações de saúde – principal negócio do setor –, que foi de R$ 66,8 bilhões no 1º trimestre de 2023. Ou seja, para cada R$ 100,00 de receita efetiva de saúde no período, o setor teve no período cerca de R$ 1,45 de lucro ou sobra.

O resultado operacional (diferença entre as receitas e despesas da operação de saúde), seguindo a dinâmica já observada em 2022, as operadoras médico-hospitalares (principal segmento do setor) fecharam o primeiro trimestre de 2023 com déficit de R$ 1,7 bilhão. Esse prejuízo operacional foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$ 2,5 bilhões advindo da remuneração das suas aplicações financeiras, que acumulam ao final do período pouco mais de R$ 102,6 bilhões.

Fonte: Monitor Mercantil (17/07/2023)

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