quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Pré Aposentadoria: Tem 50 anos e nunca se planejou para a aposentadoria? Veja o que fazer


Momento é de rever todos os gastos, reorganizar a vida e otimizar o patrimônio acumulado

Além da experiência e da maturidade, uma das vantagens de se chegar aos 50 anos é que, normalmente, a pessoa conseguiu acumular algum patrimônio ao longo da vida. Esse é um fator importante para quem chegou a essa idade e nunca se planejou para a aposentadoria.

Começar a pensar na previdência nessa idade demanda alguns sacrifícios a mais e muita organização. A pessoa precisa rever todos os seus gastos para encontrar um espaço para poupar dinheiro.

É preciso ter em mente que não tem como recuperar o tempo que passou. Então, os aportes mensais para essa finalidade terão de ser maiores nessa fase da vida, se o indivíduo quiser manter o padrão de vida que tinha antes de parar de trabalhar.

Falando nisso, o analista de renda fixa André Alírio, da Nova Futura Investimentos, lembra que a realidade do Brasil não comporta mais que as pessoas parem de trabalhar tão cedo.

Hoje a expectativa de vida dos brasileiros é maior, de 77 anos, segundo o último levantamento do IBGE (
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse fator somado à saturação do sistema previdenciário brasileiro faz com que o Estado demande que os cidadãos se mantenham economicamente ativos por mais tempo.

A última reforma da previdência impôs um tempo maior de contribuição para quem quer se aposentar com o teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de R$ 7.507,49 por mês. Segundo especialistas, daqui a dez anos o Brasil deve passar por novas mudanças no sistema previdenciário.

"Talvez exijam que nós cheguemos próximos dos 70 anos ativos ainda, por isso é preciso se manter profissionalmente atualizado para continuar trabalhando e gerando aquilo que o país precisa", diz Alírio.

Continuar ativo aos 50 anos, portanto, faz parte do planejamento da aposentadoria. Mas é preciso ter em mente que, se a pessoa não fizer mais nada, ela pode se aposentar com um padrão de vida muito abaixo do que tem agora.

Além de rever os gastos e começar a poupar de verdade, a analista de Alocação e Fundos da XP Clara Sodré orienta as pessoas dessa idade a começarem a analisar os seus bens, tanto os imobilizados —casas e apartamentos, por exemplo—, como os mobilizados, seja carros, dinheiro acumulado em conta bancária ou aplicações financeiras.

Às vezes, será mais vantajoso para o futuro que o indivíduo se desfaça de um imóvel ou carro que estejam parados e aplique esse dinheiro, ou então coloque a casa ou apartamento para alugar.

Com relação ao dinheiro acumulado, a pessoa deve protegê-lo ao máximo, fugindo de investimentos mais arriscados, embora estes muitas vezes tragam um retorno maior. Isso porque o investidor tem menos tempo para recuperar o que perdeu com aplicações mais arriscadas do que um indivíduo mais jovem.

"Quem já tem uma carteira de investimentos (* veja glossário abaixo), precisa zerar as aplicações em ativos mais arriscados para focar totalmente na aposentadoria", diz Alírio. Segundo o especialista, as pessoas dessa faixa etária podem manter investimento em ações, desde que sejam de empresas já consolidadas, pagadoras de dividendos. Ainda assim, a porcentagem de dinheiro nesse tipo de ativo deve ser bem menor do que em títulos de renda fixa (*).

Além da renda fixa, os especialistas recomendam também aportar dinheiro em títulos de previdência privada. Mas como foi falado na quarta edição desta série, é preciso pesquisar entre os diversos produtos que existem hoje para tirar a melhor vantagem, ou seja, buscar títulos com os melhores rendimentos e taxas de manutenção e de resgate menores.

O especialista em previdência e seguros Danilo Carrillo, da Warren Investimentos, aconselha pesquisar também os produtos oferecidos por seguradoras independentes e por gestoras, que possuem opções com diferentes estratégias e voltados para diversos perfis de investidores (*).

CARTEIRAS RECOMENDADAS

A Folha fez um levantamento com três corretoras sobre investimentos recomendados para aposentadoria na faixa dos 50 anos de idade. O perfil de investidor adotado foi o moderado.

Vale ressaltar que estas carteiras são apenas balizas, então é sempre importante consultar um especialista, que irá montar um planejamento que se encaixe exatamente no seu perfil e objetivos pessoais para o futuro.

Títulos pós-fixados
40
Títulos pré-fixados
5
Títulos indexados à inflação
40
Ações de empresas que pagam bons dividendos
15
Títulos do Tesouro pós-fixados
40
Títulos do Tesouro indexados à inflação
10
Crédito privado (CRI, CRA, debêntures)
20
Ações de empresas brasileiras
5
Fundos imobiliários
15
Fundo multimercado
10
Fundos de investimento em renda fixa
30
Títulos de renda fixa indexados à inflação
30
Fundos imobiliários
20
Fundos de investimento em dividendos
10
Fundos multimercado
10
PRÓS E CONTRAS DA FAIXA ETÁRIA

  • Vantagens: Maior patrimônio acumulado
  • Desvantagens: Menos tempo para poupar; valor a ser poupado deve ser maior; menos liberdade para se expor ao risco

GLOSSÁRIO

  • Carteira de investimentos: Conjunto de todas as aplicações financeiras de uma pessoa.
  • Renda fixa: São aplicações que possuem critérios pré-definidos de rendimento, ou seja, quais são as formas de correção do título investido e o limite de tempo para o dinheiro ficar investido.
  • Renda variável: São investimentos com menor previsibilidade e que, por isso, são considerados mais arriscados. Estão mais sujeitos às oscilações do mercado, como juros, câmbio e preços de commodities. Em compensação, justamente por serem mais arriscadas, são aplicações com expectativas de maiores rendimentos.

Perfis de investidor

- Conservador: Com baixa tolerância ao risco, busca ativos mais seguros para investir, com garantias maiores de retorno, mesmo que a rentabilidade seja menor.

- Moderado: Tem uma tolerância maior ao risco, portanto, possui mais ativos arriscados em sua carteira de investimentos, embora esse tipo de investidor ainda preze por segurança e garantias de retorno.

- Arrojado: É o investidor com a maior disposição de enfrentar o risco de uma aplicação, desde que ela potencialmente traga retornos maiores. Está disposto a perder dinheiro com as oscilações de mercado se for preciso para alcançar uma maior rentabilidade em contrapartida.

Fonte: Folha de SP (20/09/2023)

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